Cirurgia do 'bumbum brasileiro' é discutida pelo Legislativo da Flórida

Mais de 61.000 procedimentos de aumento de nádegas, tanto levantamentos de bumbum quanto implantes, foram realizados em todo o país em 2021.

Por Arlaine Castro

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Legisladores da Flórida discutem mudanças nas regras para realização da famosa cirurgia do 'bumbum brasileiro' (Brazilian butt lifts, em inglês). O procedimento estético é um dos mais buscados nas clínicas do estado, mas mortes de pacientes requerem análise das estruturas e dos profissionais envolvidos, além de mais rigor na liberação para funcionamento dos locais que a oferecem.

Em janeiro, a senadora estadual republicana, Ileana Garcia, apresentou um projeto de lei ao Legislativo estadual que propõe não limitar o número de cirurgias que um cirurgião pode realizar em um dia (em maio de 2022, entrou em vigor uma medida de emergência após aumento de óbitos limitando o número de levantamentos de bumbum que um cirurgião poderia realizar a cada dia. Alguns médicos realizaram até sete cirurgias, de acordo com processos disciplinares contra cirurgiões processados pelo Departamento de Saúde da Flórida. A regra de emergência limitava-os a não mais de três e exigia o uso de um ultrassom para ajudar os cirurgiões a diminuir o risco de um coágulo de gordura pulmonar), mas, em vez disso, exige centros de cirurgia onde os procedimentos são realizados com uma equipe formada por um médico por paciente. A proposta também proíbe os cirurgiões de trabalhar em mais de uma pessoa ao mesmo tempo.

Além disso, o projeto também permitiria que os cirurgiões delegassem algumas partes do procedimento a outros médicos sob sua supervisão direta, e o cirurgião deveria usar um ultrassom.

O Legislativo da Flórida se reúne na terça-feira, 7 de março, para discutir o projeto de lei.

Clínicas e consultórios

Ao contrário dos centros cirúrgicos ambulatoriais e hospitais, onde um paciente pode pernoitar para observação após o tratamento, os centros cirúrgicos em consultórios oferecem procedimentos que normalmente não requerem internação e são regulamentados como uma extensão da prática particular de um médico. Mas esses consultórios cirúrgicos geralmente pertencem a empresas que podem oferecer preços com desconto contratando cirurgiões que são incentivados a trabalhar no maior número possível de pacientes por dia, no menor tempo possível, de acordo com reguladores estaduais e médicos que criticam as instalações.

Após uma onda de mortes e na ausência de padrões nacionais, os reguladores da Flórida foram os primeiros no país a promulgar regras em 2019 destinadas a tornar os procedimentos mais seguros.

Mortes

Como em todas as cirurgias, podem ocorrer complicações. O médico legista do Condado de Miami-Dade documentou quase três dúzias de mortes de pacientes de cirurgia plástica desde 2009, das quais 26 resultaram de um lifting de bumbum brasileiro. Em cada caso, a pessoa morreu de embolia gordurosa pulmonar, quando a gordura entrou na corrente sanguínea através das veias dos músculos glúteos e impediu o fluxo de sangue para os pulmões.

Durante a cirurgia, a gordura é retirada por meio de lipoaspiração de outras áreas do corpo - como o tronco, costas ou coxas - e injetada nas nádegas. Mais de 61.000 procedimentos de aumento de nádegas, tanto levantamentos de bumbum quanto implantes, foram realizados em todo o país em 2021, um aumento de 37% em relação ao ano anterior, de acordo com dados da Aesthetic Society, um grupo comercial de cirurgiões plásticos.

As autoridades pedem que as pessoas que consideram procedimentos cosméticos devem ser cautelosas e não basear suas expectativas somente em fotos de antes e depois e vídeos de marketing postados em plataformas de mídia social como Facebook, Snapchat e Instagram, mas na infraestrutura do local e na equipe de profissionais envolvidos.

Fonte: Miami Herald.

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