Flórida tem quatro das cinco áreas metropolitanas dos EUA com menor desemprego, aponta censo

Miami teve a menor taxa de desemprego das áreas metropolitanas com mais de 1 milhão de pessoas em fevereiro.

Por Arlaine Castro

Luciane Farias, 38, jornalista, não precisou esperar muito para conseguir dois empregos na região de Orlando no início deste ano.

Quatro das cinco áreas metropolitanas dos EUA com as taxas de desemprego mais baixas estão na Flórida, de acordo com dados do último censo. O feito se deve ao crescimento da população do estado, à forte atividade turística e ao aumento do investimento empresarial, segundo análise de especialistas ouvidos pela CBS News.

Miami teve a menor taxa de desemprego das áreas metropolitanas com mais de 1 milhão de pessoas em fevereiro, com 2,2%, empatada com Birmingham, Alabama, de acordo com as últimas classificações do Bureau of Labor Statistics. Jacksonville, Tampa e Orlando tiveram taxas de desemprego abaixo de 2,7% naquele mês. Nacionalmente, a taxa de desemprego ficou em 3,5% em março.

Realmente, Luciane Farias, 38, jornalista, não precisou esperar muito para conseguir um emprego na região de Orlando. Com dois meses, conseguiu dois. "Sou de Manaus, mas morava no Rio de Janeiro e cheguei no final de dezembro. Comecei a procurar e consegui o primeiro em uma empresa que presta serviço para hotéis. Logo depois consegui também um trabalho numa escola de inglês como vendedora", relatou ao GN.

Sobre o mercado de trabalho na Flórida, a jornalista diz que tem oportunidade, mas as melhores são para quem fala inglês. "Não posso comparar com outros estados porque não conheço, mas aqui tem vaga sim", ressalta.

Migração doméstica

"A imigração ainda é uma parte muito importante da história da Flórida e do fato de que as pessoas estão se mudando de áreas mais frias e de alto custo no Nordeste para lugares como Miami, até certo ponto, mas mais ainda Jacksonville, Orlando e Tampa", disse Adam Kamins, diretor de economia regional da Moody's Analytics à CBS News.

A Flórida teve os maiores ganhos populacionais devido à migração doméstica de qualquer estado de julho de 2021 a julho de 2022, de acordo com as últimas estimativas do Census Bureau, crescendo em mais de 300.000 residentes. A Flórida também foi o estado que mais cresceu em porcentagem durante esse período, a primeira vez que alcançou o primeiro lugar desde 1957.

"O estado é mais acessível em comparação com cidades costeiras caras, como Nova York e São Francisco, e o clima é mais ameno, ambos atrativos típicos para os residentes que se mudam para lá", disse Kamins. "Esse afluxo de pessoas aumentou a demanda do consumidor em geral, o que significava que mais trabalhadores eram necessários para atender a essa nova demanda", acrescentou.

Turismo

O turismo no Sunshine State também tem crescido e impulsionado o mercado de trabalho. 

Nessa área, o carioca Ronaldo Tavares, 51 anos, advogado, precisou de um mês para conseguir uma vaga no Hotel Hard Rock, no Universal Orlando. Apesar da facilidade para encontrar, ele analisa que a concorrência com imigrantes de outros países é alta.

"Procurava fazia um mês somente. Mas a concorrência no mercado de trabalho na Flórida é enorme, muitos novos imigrantes não param de chegar no Estado, principalmente venezuelanos e haitianos", conta. E faz uma análise sobre, apontando que a maioria tem qualificação fraca. "Muitos não falam inglês, geralmente, e há haitianos que nem espanhol falam. Os venezuelanos levam grande vantagem aqui nos EUA, pois todos chegam com direito a legalização por asilo político, e que não chega nem a mil dólares para fazerem a aplicação. Na Flórida, a hora paga é bem mais baixa do que Massachusetts, onde se paga muito mais", declara.

Mais de 137 milhões de pessoas visitaram o estado no ano passado, superando o total de 2019, segundo dados do braço de marketing de turismo do estado. O período de outubro a dezembro do ano passado foi o sexto trimestre consecutivo em que o número de visitantes excedeu os níveis pré-pandêmicos.

"Outra razão pela qual as taxas de desemprego na Flórida caíram tão significativamente nos últimos seis meses é devido a essas multidões de turismo que o estado continua a desfrutar, especialmente à luz do fato de que este inverno foi tão ameno", disse Barbara Byrne Denham, economista sênior da Oxford Economics também ouvida pela CBS.

Vinda de grandes empresas

O estado também se beneficiou com a mudança de empresas. Titãs das finanças, como Blackstone, Goldman Sachs e Citadel, anunciaram planos de transferir algumas ou todas as suas operações para o sul da Flórida.

A economia da Flórida também está intimamente ligada aos fluxos e refluxos da economia nacional, o que significa que quando o mercado de trabalho dos EUA está apertado, geralmente é mais apertado na Flórida, disse Mihaela Pintea, economista da Florida International University.