Crime organizado e terrorismo durante a pandemia

Terroristas estão explorando as consequências da crise e as dificuldades econômicas para espalhar medo, ódio, divisão, radicalizar e recrutar novos seguidores.

Por POR | ARLAINE CASTRO

Um relatório apresentado ao Conselho de Segurança da ONU alerta para o aumento de atividades terroristas e do crime organizado nesse momento de pandemia.

Na reunião, de 6 de agosto, o secretário-geral assistente do Escritório da ONU de Contraterrorismo, Vladimir Voronkov, falou sobre a tendência de alta em casos de crimes cibernéticos.

Voronkov destacou que no primeiro trimestre deste ano, sites dedicados à tentativa fraudulenta de obter informações confidenciais, um esquema conhecido como phishing, teve um aumento de 350%.

O documento informa que terroristas estão explorando as consequências da crise e as dificuldades econômicas para espalhar medo, ódio, divisão, radicalizar e recrutar novos seguidores.

O relatório, de autoria do secretário-geral da ONU, descreve a ligação entre terrorismo e crime organizado.

Voronkov afirma que ainda é preciso "entender completamente o impacto e as consequências da pandemia na paz e segurança globais e, mais especificamente, no crime organizado e no terrorismo."

Ele lembrou que "muitos desses ataques digitais foram contra hospitais e sistemas de saúde, dificultando seu trabalho vital na resposta à pandemia."

O chefe do Escritório da ONU de Contraterrorismo disse que os Estados-membros estão focados no combate à crise da Covid-19, mas não devem "esquecer ou ser complacentes com a ameaça contínua do terrorismo."

Já a diretora-executiva do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime, Unodc, disse que "os vínculos entre terrorismo e crime organizado são complexos e com muitas facetas, e representam uma séria ameaça à paz e segurança internacionais."

Para Ghada Waly, "a crise da Covid-19 apresenta uma série de novos desafios às autoridades nacionais."

Além disso, as restrições de viagem e medidas de bloqueio criam desafios à segurança nas fronteiras. Para a chefe do Unodc, "respostas abrangentes e cooperativas são necessárias mais do que nunca." Segundo ela, grupos criminosos e terroristas organizados podem explorar novas vulnerabilidades.

O relatório levado ao Conselho de Segurança inclui contribuições de 50 Estados-membros da ONU, 15 entidades do Pacto Global e vários órgãos das Nações Unidas.

Os países destacaram uma série de vínculos entre terrorismo e crime organizado com desafios que variam entre as regiões.

Muitas nações relataram que terroristas se beneficiam de crimes como tráfico humano, contrabando de migrantes, tráfico de drogas, armas de fogo, bens culturais, sequestro, roubo e outros.

A pesquisa também detalha as ações de combate dos Estados-membros, como medidas legislativas, políticas e operacionais.

Controle

Entre elas: combate à lavagem de dinheiro, fortalecimento da segurança nas fronteiras, aumento da coordenação internacional, reforço do combate ao tráfico de drogas e melhor gestão penitenciária, para evitar a radicalização.

O documento ressalta que, em muitas partes do mundo, terroristas estão explorando queixas locais e má governança para reagrupar e afirmar seu controle. As consequências da pandemia podem ainda ajudar a disseminar o extremismo violento, aumentando as desigualdades, enfraquecendo a coesão social e alimentando conflitos locais.

Vladimir Voronkov disse aos países-membros que eles devem continuar com sua luta contra o terrorismo e combatendo qualquer oportunidade que os criminosos se utilizem da pandemia para aumentar suas atividades.

O secretário-geral da ONU ressaltou que o novo coronavírus expôs fragilidades que estão sendo aproveitadas por grupos para promover ataques cibernéticos, bioterrorismo e abusar da tecnologia digital na execução de crimes.

Ele lembrou que a pandemia está causando uma série de transtornos à economia, aos sistemas de saúde e outros serviços.

Texto: ONU.