Fim do Setembro Amarelo - a ajuda deve continuar

Adolescentes e jovens negros entre 10 e 29 anos são as maiores vítimas de suicídio no Brasil. Nessa faixa etária, de cada dez mortes confirmadas por suicídio, seis são de pessoas negras.

Por POR | ARLAINE CASTRO

Chegamos ao fim do mês de setembro, mas, a campanha Setembro Amarelo não deve acabar. Muito pelo contrário, a ajuda deve permanecer em todos os 365 (ou 366) dias do ano.

A cor amarela foi escolhida mundialmente como um alerta sobre o suicídio. O assunto ainda é tabu na sociedade, mas com registros grandiosos, no mundo estima-se que por ano quase um milhão de pessoas tiram a própria vida no mundo. Destas, 96,8% chegam ao suicídio em decorrência de transtornos mentais.

O assunto que já foi um tabu muito maior, ainda enfrenta grandes dificuldades na identificação de sinais, oferta e busca por ajuda, justamente pelos preconceitos e falta de informação.

O ano de 2017 foi um marco nacional nesse quesito com a ocorrência de alguns fatores que colaboraram a população como um todo a dar mais atenção ao tema e procurar informações. Em 2018, o CVV (www.cvv.org.br), uma das entidades mobilizadoras do Setembro Amarelo no Brasil, programou diversas atividades em todas as cidades nas quais possui um de seus mais de 90 postos de atendimento.

Alguns exemplos são caminhadas, palestras, balões amarelos, pontos turísticos e edifícios públicos iluminados, distribuição de folhetos e atendimentos em locais públicos.

Carlos Correia, voluntário e porta-voz do CVV comenta que é o período mais intenso para todos os voluntários da instituição. "Nos preparamos desde o início do ano para aproveitar esse importante momento de falar sobre prevenção do suicídio e, aos poucos, quebrar alguns tabus", comenta.

Correia comenta que os 32 suicídios que ocorrem diariamente no país, média de 1 morte a cada 45 minutos, é algo que pode ser reduzido. "Perceber que a pressão interna está muito elevada, que o copo está para transbordar e, nesse momento ou antes disso, pedir e aceitar ajuda é muito eficiente. Conversar com alguém, seja conhecido ou desconhecido, de forma acolhedora e sem críticas já ajudaria essa pessoa a superar aquele momento." O voluntário do CVV complementa que muitas vezes as pessoas precisam de acompanhamento médico e/ou psicológico, mas que o serviço do CVV atua em situações de crises como complemento a esse tratamento.

Um estudo feito pelo Ministério da Saúde e pela Universidade de Brasília aponta que adolescentes e jovens negros entre 10 e 29 anos são as maiores vítimas de suicídio no país. Nessa faixa etária, de cada dez mortes confirmadas por suicídio, seis são de pessoas negras.

De acordo com a pesquisa, em 2012 a taxa de suicídio de adolescentes e jovens negros era de 4,88 mortes para cada 100 mil brasileiros, cinco anos depois, o percentual aumentou 11,88% e chegou a 5,46 por 100 mil em 2016. Entre os brancos, na mesma faixa de idade, a taxa era de 3,65 por 100 mil, em 2012, e subiu para 3,76 por 100 mil, em 2016, um crescimento de 3%.

Não é preciso estar ligado ao CVV ou a outra instituição para se mobilizar. Empresas podem fazer ações internas, distribuir materiais informativos disponíveis no site www.setembroamarelo.org.br e promover palestras. Órgãos públicos podem iluminar de amarelo fachadas de prédios, promover atividades, falar sobre prevenção nas unidades de saúde e escolas. E cada pessoa pode se mobilizar usando uma fita amarela ou vestindo amarelo, levantando o tema em seus grupos e buscando informações confiáveis sobre o assunto.

O movimento iniciado em 2015 visa sensibilizar e conscientizar a população sobre a questão. Visite www.setembroamarelo.org.br. O mês de setembro acabou, nossa consciência em ajudar e a necessidade de quem precisa, não!

Texto: CVV.org. e Yahoo.