Crianças e adolescentes - vítimas ocultas da pandemia

Neste momento, todos sofrem as consequências da pandemia. Mas elas são ainda mais graves quando se fala em crianças e adolescentes, em especial os mais vulneráveis.

Por POR | ARLAINE CASTRO

Desde março de 2020, o UNICEF vem trabalhando intensamente para mitigar os impactos da pandemia de Covid-19 na vida de crianças e adolescentes no Brasil. Eles são as vítimas ocultas da pandemia, sofrendo gravemente as consequências dela.

O Ministério da Saúde do Brasil registrou o primeiro caso de coronavírus no País em 26 de fevereiro de 2020. Em setembro de 2020, o Brasil se vê diante de um cenário preocupante: ainda há uma média de quase 800 mortes pela Covid-19 por dia, com a interiorização da pandemia no País, junto com o agravamento da crise econômica, das desigualdades sociais e da pobreza.

Neste momento, todos sofrem as consequências da pandemia. Mas elas são ainda mais graves quando se fala em crianças e adolescentes, em especial os mais vulneráveis. São eles que sofrem, de forma mais profunda, os impactos da crise provocada pelo coronavírus.

A pesquisa Impactos Primários e Secundários da Covid-19 em Crianças e Adolescentes, realizada pelo Ibope para o UNICEF em julho 2020 em todo o País, mostra que os brasileiros que vivem com pessoas menores de 18 anos em casa foram a maioria entre aqueles que tiveram redução de rendimentos, ficaram sujeitos à insegurança alimentar e, inclusive, à fome, entre outros desafios.

De acordo com a pesquisa do Ibope, 63% das famílias com crianças experimentaram uma redução dos seus rendimentos, e 52% pediram o auxílio emergencial oferecido pelo Governo. Uma em cada três famílias com crianças e adolescentes (31%) passou a consumir mais alimentos industrializados comparado com 18% das famílias que não residem com crianças e adolescentes. E mais de um em cada quatro brasileiros que reside com crianças e adolescentes (27%) passou por algum momento em que os alimentos acabaram e não havia dinheiro para comprar mais.

O fechamento das escolas e o baixo acesso de muitos à internet impactam a educação e agravam as desigualdades de aprendizagem no País. Segundo a pesquisa, 9% das crianças e dos adolescentes que estavam na escola antes da pandemia não conseguiram continuar as atividades em casa - ficando excluídos da escola.

O acesso a serviços básicos de saúde durante a pandemia se torna mais difícil, trazendo riscos à saúde de gestantes, crianças e adolescentes vulneráveis.

O longo tempo de isolamento social impacta a saúde mental de meninas e meninos e traz consequências. Durante a pandemia, maus-tratos, violência doméstica ou sexual, abuso, exploração e trabalho infantil se agravam.

Junto com tudo isso, a pobreza se agravou no País, afetando crianças e adolescentes, que são maioria nas camadas mais pobres da população. Todos esses fatores fazem com que crianças e adolescentes sejam as vítimas ocultas dessa pandemia. É fundamental priorizar a infância e a adolescência nas respostas à pandemia e agir agora para salvar vidas e garantir os direitos de cada menina e menino, sem exceção.

Logo no início da pandemia, foi mobilizada uma grande rede, unindo parceiros do setor privado, organizações locais da sociedade civil e do governo para fazer chegar doações às famílias que mais precisam. Itens essenciais de higiene e limpeza, além de máscaras, cestas básicas e outros produtos, começaram a ser distribuídos imediatamente nas periferias de 11 capitais: Belém, Boa Vista, Fortaleza, Maceió, Manaus, Recife, Rio de Janeiro, Salvador, São Luís, São Paulo e Vitória. Até o final de agosto, 1.883.409 pessoas já haviam recebido doações de produtos de higiene, limpeza e cestas básicas.

Em paralelo, o UNICEF passou a utilizar a força de suas redes sociais, a mobilização de imprensa e a comunicação comunitária. Texto: UNICEF Brasil.