EUA (re)iniciam uma nova era

É necessário destacar o fato da vice, Kamala Harris, ser filha de imigrantes — com pai jamaicano e mãe indiana - ela sabe muito bem sobre o que é ser imigrante nos EUA.

Por POR | ARLAINE CASTRO

Muito se fala que em mudança, em esperança. Em um mundo assolado por uma pandemia e em profunda crise econômica, acreditar que dá pra sair do buraco é ser bem otimista. Mas acreditar é preciso. É necessário crer em dias melhores.

Ter Biden como presidente dos EUA em meio a crises sanitária e de segurança não é assim tão certo. Muito se espera e muito se receia do que há por vir. Há quem acredite que ele não é forte o suficiente para estar no comando de uma potência. Há quem acredite que é tudo o que os EUA precisam no momento.

Mesmo assim, a população dos EUA espera agora que o novo presidente faça o que promete: retirar o país do caos instalado em diversos lugares pela pandemia, gerar emprego e renda, melhorar o acesso à saúde, ampliar a vacinação em massa contra a covid-19 - isso pra começar.

Já na questão imigratória, a esperança é ainda maior. Bem diferente do governo anterior são suas ideias, pelo menos. Para os milhões de imigrantes indocumentados é uma luz no fim do túnel para a tão sonhada legalização nos EUA.

Há um consenso mundial sobre questões sociais. Democratas tendem a ser mais sensíveis do que republicanos nesse campo. Porém, não há nada definido, muito menos pensamentos que podem mudar conforme a situação dentro do Congresso.

Mas, há sempre um mas, a coisa pode não sair bem assim e nem de forma tão rápida como muitos pensam. Não há varinha de condão nem bola de cristal que dê jeito no sistema imigratório da maior potência do mundo da noite para o dia.

Mas mudanças de pensamento são sempre bem-vindas. Pelo discurso e medidas não hostis a imigrantes, espera-se que, ao menos em teoria, o democrata possa modificar alguns sistemas.

Duas ações foram anunciada ainda antes da posse. Biden suspendeu a expansão das barreiras em construção na fronteira com o México — um dos motes da campanha e do governo Trump. E também decretou o fim da proibição de entrada nos Estados Unidos de cidadãos de países considerados muçulmanos.

Outras medidas ainda devem ser anunciadas nos primeiros cem dias da gestão do democrata, como uma proposta para regularização de cerca de 11 milhões de imigrantes que vivem indocumentados nos Estados Unidos.

É necessário destacar o fato da vice, Kamala Harris, ser filha de imigrantes — com pai jamaicano e mãe indiana - ela sabe muito bem sobre o que é ser imigrante nos EUA. E este detalhe é de extrema relevância no cenário atual.

"Temos que nos unir para enfrentar nossos inimigos: raiva, ódio, extremismo, violência, doença, desemprego e desesperança. Com união, podemos fazer grandes coisas, coisas importantes.", disse Biden, ao tomar posse do cargo para o qual foi eleito em novembro. A vice-presidente Kamala Harris é a primeira mulher a ocupar o cargo na história dos EUA.

Mas uma vez empossados, quais as prioridades e desafios para a gestão Biden-Harris? Vislumbramos um alívio após quatro anos de políticas restritivas de Donald Trump, mas não esquecemos as duras medidas adotadas quando ele era vice-presidente no governo de Barack Obama.

A ideia é reconstruir um país, não apenas em suas estruturas físicas e econômicas, mas principalmente em suas relações políticas, sociais, humanas e institucionais.

A vitória de Joe Biden e Kamala Harris incomoda, mas por outro lado, traz um apelo de que os dias desses discursos de ódio e preconceito, que geram violência, estão contados no país que tem orgulho de ser o mais democrático do mundo. É seguir em frente para ver.