Setembro Amarelo- Mês de Prevenção ao Suicídio

Com a pandemia do novo coronavírus, a necessidade do alerta à sociedade em relação aos impactos negativos à saúde mental se torna maior e deve-se ter mais cautela.

Por POR | ARLAINE CASTRO

Era setembro de 1994 quando Mike Emme, de apenas 17 anos, cometeu suicídio em Westminster, cidade no Colorado.

Infelizmente, a família do rapaz não conseguiu salvá-lo devido a não percepção dos problemas psicológicos que ele vinha enfrentando.

Habilidoso em mecânica, Mike restaurou um Mustang 1968 e o pintou de amarelo. No velório do jovem, pessoas próximas montaram uma cesta com cartões e fitas amarelas. Essa triste história foi o estopim para a criação do movimento de prevenção ao suicídio Setembro Amarelo.

Em consequência de todos os problemas trazidos pela pandemia, cuidados especiais para a manutenção da saúde mental, especialmente quanto à depressão, devem receber atenção extra na Campanha do Setembro Amarelo de 2021.

Com a pandemia do novo coronavírus, a necessidade do alerta à sociedade em relação aos impactos negativos à saúde mental se torna maior e deve-se ter mais cautela. Consequências como o desemprego, medo, perda de familiares e/ou amigos causam estresse, ansiedade e depressão, fatores que aumentam consideravelmente o número de casos de atentados à própria vida. Além disso, com o isolamento social, o fato de as pessoas terem menos atividades presenciais dificulta ainda mais para que alguém próximo perceba os sinais de alerta.

"A maioria das pessoas que tentam suicídio percebem os sinais de que isso possa acontecer e, normalmente, pedem ajuda médica. Contudo, com a quarentena, a pessoa tende a ter um comportamento mais introvertido, mantendo-se triste, e até mesmo apresentar condutas suicidas, como a falta de valorização própria e dos autocuidados. Um exemplo é a pessoa diabética que come açúcar e não toma insulina ou o doente do coração que para de tomar o remédio", explica o Dr. Marcel Fulvio Padula Lamas, Coordenador da Psiquiatria do Hospital Albert Sabin de SP (HAS).

Em tempos de pandemia, o ideal é manter-se sempre um contato, de preferência online, para que a pessoa que está com depressão ou ansiedade não fique muito tempo isolada. "Normalmente, a pessoa não quer se matar, praticamente nenhum suicida realmente quer. O que eles querem, na verdade, é aliviar uma enorme angústia emocional que estão sentindo, embora estejam lutando por dentro para não cometerem nada contra si mesmas", diz o Dr. Lamas.

É importante salientar sempre que depressão não é "frescura" e sim uma doença que deve ser tratada e combatida como todas as outras. A melhor postura em relação às pessoas que estejam sofrendo de depressão é não menosprezar o que estão sentindo, pois, essas alterações estão machucando-as muito e de modo intenso. "Diante de uma pessoa depressiva, devemos acolhê-la e nos mostrar próximos. Mostrar que ela não está sozinha, que não é um peso e, mais do que qualquer outra coisa, auxiliá-la a procurar ajuda psiquiátrica e psicoterápica. Os dois caminhos associados são ideais para que dúvidas sejam esclarecidas e para que os pacientes possam se recuperar de seus quadros", observa o médico do HAS.

De acordo com um estudo feito pela consultoria Eureka The Truth, 70% dos jovens brasileiros, que nunca haviam apresentados sintomas psiquiátricos, tiveram piora na saúde mental por causa do isolamento social.

Outros dados relevantes são:

-No mundo todo, a cada 40 segundos uma pessoa morre por suicídio. No Brasil, a cada 45 minutos alguém tira a própria vida;

-90% dos casos de suicídio podem ser prevenidos ao conversar com a pessoa em risco. Fonte: Centro de Valorização à Vida. Em casos de extrema urgência, ligue 188.

Texto: Adriano Vizotto|Hospital Albert Sabin.