O câncer de mama na pandemia

2,8 milhões de mulheres com idade elegível e indicação clínica para a realização de mamografia deixaram de fazer exames de rastreio ou para o diagnóstico.

Por POR | ARLAINE CASTRO

Um levantamento feito pelo time de Data Analytics da Dasa, rede de saúde integrada, aponta que 2,8 milhões de mulheres com idade elegível e indicação clínica para a realização de mamografia deixaram de fazer exames de rastreio ou para o diagnóstico de câncer de mama, no último ano, nas unidades da rede. A análise revela que 91,1% das brasileiras podem não estar com o acompanhamento em dia nesse período, e em algumas regiões do País, a lacuna de diagnóstico chega a 99,4%. Nesse contexto, a Dasa estima que mais de 49 mil casos suspeitos de câncer de mama deixaram de ser rastreados dentro da rede, o que representa 1,7% do universo de mulheres que não realizaram os exames entre agosto de 2020 e de 2021.

Na capital paulista, o gap de mamografias nos últimos 12 meses foi de 84,3%. Na Região Metropolitana de São Paulo, o número cresce para 89,3%, enquanto em outros locais do Estado o total chega a preocupantes 99,4% de abandono da prevenção.

No Estado do Rio de Janeiro a abstenção foi de 89,3%. O Distrito Federal apresentou 95,5%; a Região Sul, 96,8% e, no Nordeste, 96,4% das pacientes não retornaram para o rastreio do câncer de mama na pandemia.

"Com medo do contágio pelo coronavírus, as mulheres deixaram de lado a rotina de cuidados: consultar o ginecologista e realizar os exames de rastreio, entre eles, a mamografia. Muitas biópsias, cirurgias e sessões de radioterapia e quimioterapia também foram adiadas, resultando em diagnósticos tardios e a necessidade de tratamentos mais invasivos", explica Emerson Gasparetto, diretor geral de negócios hospitalares e oncologia da Dasa.

A avaliação do gap de rastreio segue as diretrizes da Sociedade Brasileira de Mastologia, que recomenda que o exame seja feito anualmente para mulheres a partir dos 40 anos, de acordo com critérios médicos individuais. O diagnóstico precoce nessa faixa etária melhora o prognóstico da doença, a efetividade do tratamento e diminui a morbidade associada. Realizada de forma preventiva, a "mamografia de rastreio" é indicada para mulheres que não possuem sinais ou sintomas sugestivos de câncer. Seu objetivo é identificar alterações indicativas à doença e, assim, encaminhar as pacientes com resultados anormais para uma investigação aprofundada.

Para a Dasa, divulgar esse levantamento tem como objetivo conscientizar as mulheres sobre o quão segura e necessária é a retomada dos exames preventivos e periódicos. "Nossos hospitais e laboratórios têm um fluxo específico para tratar casos ou suspeitas de Covid-19 e esses pacientes não se misturam ou interagem com os que vão fazer exames eletivos", garante Gasparetto.

"Quanto mais cedo o câncer de mama for descoberto, melhores são as chances de sucesso no tratamento e prognóstico positivo para as pacientes. A mamografia pode salvar vidas, pois o exame é capaz de identificar com precisão lesões não palpáveis e milimétricas que, quando detectadas e tratadas precocemente, aumentam as chances de cura em 90% dos casos", explica Flora Finguerman, mastologista da Dasa.

Com o objetivo de diminuir o impacto na saúde global por causa do atraso na busca pelos exames de mama, a Dasa utiliza data intelligence, por meio do Nav, plataforma que consolida a jornada integrada de saúde dos usuários, para identificar mulheres que adiaram o acompanhamento anual e as convida para retomarem a rotina preventiva.

Segundo o Instituto Nacional de Câncer, no Brasil, o câncer de mama é o mais prevalente entre as mulheres - excluindo os tumores de pele não melanoma -, com a estimativa de cerca de 2 milhões de casos novos em 2020, ou seja, 24,5% dos diagnósticos de câncer. Texto: Portal Medicina S/A.