COP26: desconfiança entre países ameaça acordo

Países ricos devem cumprir seus compromissos de fornecer US$ 100 bilhões por ano em financiamento para mitigação e adaptação às mudanças climáticas em países em desenvolvimento.

Por POR | ARLAINE CASTRO

Os Estados Unidos e a União Europeia (UE) anunciaram na terça-feira, 2, uma parceria global para reduzir, até 2030, as emissões do gás metano, um dos causadores do efeito estufa.

A chefe da Comissão da UE, Ursula von der Leyen, e o presidente Joe Biden fizeram o anúncio na cúpula do clima COP26, em Glasgow, na Escócia.

O Global Methane Pledge (Compromisso Global sobre Metano, em tradução livre) visa diminuir as emissões de metano em 30% em comparação com os níveis de 2020.

Por outro lado, o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, disse que compromissos como esse são muito "muito difíceis" de serem cumpridos e fiscalizados pela COP26.

Guterres disse à BBC que é possível manter o objetivo vivo, mas afirmou estar "muito preocupado que as divisões políticas possam impedir o progresso" nessa área. Ele afirmou que há um "sério problema de confiança" entre os países desenvolvidos e em desenvolvimento.

O secretário-geral instou os países ricos a cumprirem seus compromissos de fornecer US$ 100 bilhões por ano em financiamento para mitigação e adaptação às mudanças climáticas em países em desenvolvimento.

principal objetivo das negociações de Glasgow é firmar novos compromissos que garantam que a meta estabelecida no Acordo de Paris em 2015, de limitar o aumento da temperatura global a 1,5ºC em comparação com os tempos pré-industriais, seja atingida.

Cerca de 200 países estão sendo questionados sobre seus planos de corte de emissões até 2030. Mas Guterres afirmou que a falta de confiança entre as nações é o "problema mais sério" que as negociações enfrentam no momento.

A promessa de redução das emissões de metano feita pelos Estados Unidos e União Europeia geraram esperança na comunidade científica.

O metano é um dos gases de efeito estufa mais potentes, sendo responsável por um terço do aquecimento global causado pelas atividades humanas.

Mais de cem países assinaram a iniciativa, proposta pela primeira vez pelos Estados Unidos e pela União Europeia em setembro. O Brasil também assinou o compromisso, embora o presidente Jair Bolsonaro não esteja participando da cúpula.

O principal foco para contenção do aquecimento global é o dióxido de carbono (CO2), que é emitido por atividades humanas, como geração de energia e desmatamento.

Mas o metano também virou alvo de medidas de contenção como uma maneira de ganhar tempo extra para lidar com as mudanças climáticas.

Embora haja mais CO2 na atmosfera e ele permaneça por mais tempo no ar, as moléculas individuais de metano têm um efeito de aquecimento mais poderoso na atmosfera do que as moléculas individuais de CO2.

Os dois líderes enfatizaram que o "mundo precisa agir agora", embora um dos principais objetivos da COP26 seja fazer com que os países se comprometam a zerar as emissões até 2050, o que significa não aumentar a quantidade de gases de efeito estufa na atmosfera.

A promessa cobre países que emitem quase metade de todo o metano do mundo, e que representam 70% do PIB global, disse o presidente dos Estados Unidos.

Cerca de 40% das emissões de metano vem de fontes naturais, como pântanos. Porém, a maior parte agora é produzida por uma série de atividades humanas: da agricultura, como criação de gado e produção de arroz, até os lixões.

Uma das maiores fontes é a produção, transporte e uso de gás natural. Desde 2008, houve um grande aumento nas emissões de metano.

Texto: BBC News.