Por que inflação está subindo tanto no mundo?

A inflação dos EUA bateu em novembro o recorde de ser a mais alta dos últimos 39 anos, provocando um debate entre os que acham transitório e os que não acham.

Por POR | ARLAINE CASTRO

No Brasil, a inflação fechou o ano de 2021 em 10,06%, a maior alta em seis anos, segundo o IBGE.

O Brasil está longe de ser o único que enfrenta um problema de aumento generalizado de preços - mas fatores domésticos se somaram aos motores externos e contribuíram para que o país registrasse uma das maiores inflações da região - a inflação no Brasil é 5ª maior da América Latina.

O aumento da inflação é um fenômeno global após os efeitos econômicos causados pela pandemia de covid-19, inclusive com a maior economia do mundo passando por sérias dificuldades.

"Os Estados Unidos são o país desenvolvido com a inflação mais intensa", disse Keneth Rogoff, professor de Políticas Públicas e Economia da Universidade de Harvard, à BBC News Mundo.

A inflação dos EUA bateu em novembro o recorde de ser a mais alta dos últimos 39 anos, provocando um debate acalorado entre os que afirmam que é um problema transitório e os que acreditam que ela não desaparecerá tão rapidamente.

Outra das grandes economias do mundo, a Alemanha, também sofre com a alta dos preços. O índice de preços está disparando para seu nível mais alto em quase três décadas.

O que está acontecendo no mundo de hoje, segundo o economista, lembra fenômenos ocorridos nas décadas de 1970 e 1980, quando as pressões inflacionárias atingiram duramente países que, por diversos motivos, tiveram que enfrentar desafios de grandes proporções.

Nos mercados emergentes e economias em desenvolvimento, acostumados a enfrentar grandes crises econômicas, "a inflação baixa tem sido um fenômeno mais recente", argumenta Rogoff.

Em 1992, diz o economista, havia mais de 40 economias com inflação acima de 40%.

Este ano, um dos países que roubou as manchetes foi a Turquia, onde a inflação de 2021 subiu 36%, atingindo seu nível mais alto em quase 20 anos.

1. O que está acontecendo na América Latina?

Do ponto de vista histórico, as coisas estão muito mais calmas do que no passado.

Ainda assim, economistas tentam decifrar o quebra-cabeça de como conter a inflação em um cenário diferente dos anteriores e, ao mesmo tempo, chegar a uma recuperação econômica mais sustentada, considerando que nos últimos meses a ajuda fiscal para enfrentar os efeitos da pandemia diminuiu e a maioria dos países está com poucos recursos e muita dívida.

A América Latina sabe bem disso - atualmente é considerada a região com a maior inflação do planeta.

Embora os dados mais recentes ainda não estejam disponíveis para saber ao certo quanto a inflação subiu na América Latina em 2021, as projeções apontam para um patamar próximo de 12%.

E para este ano, embora os especialistas vislumbrem um cenário mais positivo, as expectativas ainda são permeadas por aquele sentimento de incerteza que mantém governos, bancos centrais, investidores e analistas em suspense, quando tentam prever como administrar o rumo econômico após a crise da pandemia.

Ao contrário de outras ondas inflacionárias, a atual tem um fator comum para todos os países: congestionamentos nas cadeias de suprimentos que transportam produtos pelos mares do planeta, com uma "crise de contêineres" que causou gigantescas interrupções globais, com navios esperando semanas nos portos para descarregar seus produto, e um aumento histórico nas tarifas.

Em suma, se é mais caro levar os produtos às lojas, eles também sobem de preço para o consumidor. Além disso, há escassez de mão de obra nos países desenvolvidos.

Texto: BBC Brasil.