OPAS alerta para retrocesso em imunização infantil

Com vacinação atrasada, os países também estão colocando em risco as últimas duas décadas de progresso de imunização infantil contra as demais doenças.

Por POR | ARLAINE CASTRO

Além dos desafios impostos pelo terceiro ano de pandemia de COVID-19 nas Américas, os países também estão colocando em risco as últimas duas décadas de progresso de imunização infantil contra as demais doenças, uma vez que milhões de crianças estão com seus programas de vacinação atrasados. O alerta foi feito na quarta-feira (26) pela diretora da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS/OMS), Carissa Etienne.

"Os países estão vendo surtos de doenças que há anos estavam sob controle", disse Etienne, citando o avanço do sarampo no Brasil e da difteria no Haiti e na República Dominicana.

Nesta semana, os países notificaram o maior número de casos semanais de COVID-19 desde o início da pandemia - mais de oito milhões. As mortes também aumentaram 37% em relação à semana anterior, chegando a 18 mil.

Segundo a diretora da OPAS, pessoas de todas as idades estão sendo infectadas, embora as hospitalizações e os casos graves sejam mais frequentes entre crianças com doenças pré-existentes, como diabetes e asma.

Ainda que muitas das crianças se recuperem da doença, essa população continua sendo afetada, perdendo suas consultas médicas regulares, muitas permanecendo fora da sala de aula e tendo o seu bem-estar social, mental e físico comprometidos.

"Para algumas crianças, as escolas são refúgios seguros para aprender, socializar, receber apoio de saúde mental e obter uma refeição nutritiva", afirmou Etienne.

Apelo - A diretora da OPAS pediu aos pais e responsáveis que levem seus filhos às consultas médicas de rotina e solicitou aos países que garantam que esses serviços estejam abertos e disponíveis. "Os países devem ver as imunizações de rotina como essenciais. Esses serviços eram críticos antes da pandemia e continuam sendo centrais para nossas respostas à COVID-19, para que nossos filhos não corram ainda mais risco."

Etienne também pediu aos ministérios de Saúde, Educação e Proteção Social que trabalhem juntos "para trazer o maior número possível de crianças de volta à escola com segurança".

A OPAS publicou diretrizes detalhadas para facilitar o retorno ao aprendizado presencial. A diretora da Organização disse que, "ao promover o uso de máscaras e o distanciamento social e garantir a ventilação adequada, os países podem reabrir as escolas com segurança".

Vacinação - Quando se trata de vacinar crianças saudáveis contra a COVID-19, a diretora da OPAS destacou que os países devem primeiro "garantir que a cobertura entre os grupos com maior risco de doença e morte por COVID-19 seja alta".

Doze países e territórios nas Américas já atingiram a meta de vacinação da OMS, de 70%. Muitos, principalmente no Caribe, ainda têm baixa cobertura entre grupos de risco, como pessoas idosas e profissionais de saúde.

No entanto, em países onde grupos vulneráveis já foram protegidos e onde suprimentos de vacinas adicionais podem estar disponíveis, devem ser considerados os benefícios de vacinar crianças para reduzir ainda mais a transmissão do SARS-CoV-2", complementou Etienne.

"Agora, mais do que nunca, precisamos de dados sobre como esse vírus está afetando diferentes idades, gêneros, grupos e geografias", declarou Etienne. Isso permitirá que os países identifiquem lacunas e direcionem recursos para aqueles que mais precisam deles.

Panorama - Analisando a situação da COVID-19 na região, a diretora da OPAS informou que, na América do Norte, os casos nos Estados Unidos diminuíram cerca de um milhão na última semana, mas muitos dos estados do sul do México viram novas infecções triplicarem.

Texto: ONU Brasil.