ChatGPT: a busca dos EUA pela regulação da IA

O sistema alerta que só consegue gerar respostas com base em informações disponíveis na internet até setembro de 2021. Por isso, ele ainda fornece dados errados em consultas.

Por POR | ARLAINE CASTRO

O criador do ChatGPT pediu aos legisladores dos Estados Unidos que regulamentem a inteligência artificial (IA). Sam Altman, CEO da OpenAI, a empresa por trás do ChatGPT, falou no Senado dos EUA na terça-feira, 16, sobre as possibilidades - e armadilhas - da nova tecnologia. Em poucos meses, vários modelos de IA entraram no mercado. Altman disse que uma nova agência governamental deveria ser criada para licenciar empresas de IA.

O ChatGPT e outros programas similares podem criar respostas incrivelmente humanas para perguntas - mas também podem ser extremamente imprecisos.

Altman, de 38 anos, se tornou uma espécie de porta-voz dessa indústria em expansão. Ele não se esquivou de abordar as questões éticas levantadas pela IA e pressionou por mais regulamentação.

Ele disse que o advento da IA pode ser "tão grande quanto o da imprensa", mas reconheceu seus potenciais danos.

Ele também admitiu o impacto que a IA pode ter na economia, incluindo a possibilidade de que essa tecnologia substitua alguns empregos, levando a demissões em determinados campos. "Haverá um impacto nos empregos. Tentamos ser muito claros sobre isso", disse ele.

Alguns senadores argumentaram que novas leis são necessárias para tornar mais fácil para as pessoas processarem a OpenAI.

Altman disse aos legisladores que estava preocupado com o impacto potencial na democracia e como a IA poderia ser usada para enviar desinformação direcionada durante as eleições.

Ele deu várias sugestões de como uma nova agência nos EUA poderia regular o setor - incluindo a concessão ou retirada de licenças para empresas de IA. O empresário também disse que empresas como a OpenAI devem ser auditadas de forma independente.

O senador republicano Josh Hawley disse que a tecnologia pode ser revolucionária, mas também a comparou à invenção da "bomba atômica".

O senador democrata Richard Blumenthal observou que um futuro dominado pela IA "não é necessariamente o futuro que queremos".

"Precisamos maximizar o bem sobre o mal. O Congresso tem uma escolha agora. Tivemos a mesma escolha quando enfrentamos as redes sociais. Não conseguimos aproveitar esse momento", alertou.

O que ficou claro no Senado é que há apoio bipartidário para um novo órgão para regular o setor. No entanto, a tecnologia está se movendo tão rápido que os legisladores também se perguntam se tal agência seria capaz de acompanhar.

Dias antes da coroação do rei Charles 3º, que ocorreu em 6 de maio, uma pergunta feita ao ChatGPT gerou um resultado surpreendente.

O chatbot de inteligência artificial (IA) da empresa OpenAI afirmou: "A cerimônia de coroação ocorreu na Abadia de Westminster, em Londres, em 19 de maio de 2023. A abadia é local de coroações de monarcas britânicos desde o século 11, e é considerada um dos lugares mais sagrados e emblemáticos do país".

Este parágrafo é o que especialistas chamam de "alucinação", nome dado às informações fornecidas pelo sistema que, embora escritas de forma coerente, apresentam dados incorretos, tendenciosos ou completamente errôneos.

A coroação de Charles aconteceria no dia 6 de maio, mas por algum motivo o ChatGPT chegou à conclusão de que o evento seria no dia 19 de maio. O sistema alerta que só consegue gerar respostas com base em informações disponíveis na internet até setembro de 2021. Por isso, ele ainda fornece dados errados em consultas sobre dados mais recentes.

Texto: BBC.