Inteligência artificial pode superar a humana?

Praticamente todas as experiências que você pode imaginar são digitais: suas viagens, seus registros médicos, suas preferências…

Por POR | ARLAINE CASTRO

Em 2022, ouvimos pela primeira vez que um sistema de inteligência artificial se tornou senciente, ou seja, dotado de sensações ou impressões próprias, de acordo com um engenheiro do Google.

Mais recentemente, imagens do software DALL-E se tornaram virais, assim como o ChatGPT. Depois vieram os alertas, os medos, os pedidos de regulamentação. E as dúvidas.

Por isso, a BBC News Mundo, serviço em espanhol da BBC, compilou as principais perguntas sobre inteligência artificial (IA) feitas por seus leitores e consultou uma especialista que trabalha na área há mais de 30 anos para tentar respondê-las.

A especialista é Amparo Alonso Betanzos, professora de Ciência da Computação e Inteligência Artificial na Universidade de Coruña, na Espanha, e assistente do reitor para questões de IA. Ela também foi presidente da Associação Espanhola de Inteligência Artificial (AEPIA).

Como funciona a inteligência artificial?

É difícil dizer porque existem muitas subáreas, mas há basicamente duas maneiras de abordar a inteligência artificial. Uma é a simbólica, a velha IA, sobre a qual adquirimos conhecimento de especialistas da área e que é muito mais transparente, mas menos quantificável.

A outra, a IA que temos hoje, é baseada em dados. Para derivar o conhecimento, o que se faz é alimentar o sistema com dados de um determinado campo, o sistema aprende com esses dados e extrai os padrões. É capaz de generalizar, prever e etc. em muitas áreas, desde linguagem natural, visão computacional ou aprendizado de máquina.

Existem modelos em que o processo é feito por raciocínio baseado em aprendizagem profunda com redes neurais com muitas camadas que acabam aprendendo aquele dado. Mas existem outros modelos, como raciocínio de reforço ou outros tipos, que podem ser usados para aprender e derivar conhecimento para a IA.

A IA "se alimenta" de dados. De onde vêm essas informações?

Depende muito do sistema. Se for um sistema especialista para padrões médicos, ele é extraído dos grandes bancos de dados clínicos que são referenciados por certos tipos de doenças ou certos tipos de pacientes. Se forem dados de trânsito, serão utilizadas as câmeras ou sensores de trânsito disponíveis.

Hoje, o processo de digitalização em que estamos inseridos é tão imenso que existem sensores que podem extrair dados de praticamente qualquer processo natural ou industrial que possamos imaginar. Praticamente todas as experiências que você pode imaginar são digitais: suas viagens, seus registros médicos, suas preferências…

Por exemplo, quando você se senta em frente à televisão e ela recomenda o que assistir, é baseado no que você já fez antes naquela plataforma. Às vezes, tudo isso é o alimento dos algoritmos de IA.

Como é a IA? Muitos imaginam algo como um computador enorme ou uma máquina estilo T100 do Terminator.

Não. Não é assim... A menos que você tenha seus programas de IA embutidos em algum robô de aparência antropomórfica. Pode ser como um aspirador automático que anda pela casa ou tem forma humanoide, mas também é simplesmente ligar o computador e ter um software que te escuta, ou um programa no celular que detecta sua impressão digital.

É impossível dizer um número, quantos são. Os sistemas são muitos e servem para coisas muito diferentes, desde a televisão que recomenda o que ver a uma app para prever se vinhedos vão desenvolver alguma praga. É algo muito transversal. Pode ser aplicado a praticamente qualquer área que se possa imaginar.

Texto: BBC Brasil.