Nova onda de condomínios foca no capital latino

Por Gazeta News

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Com o recente sucesso nas vendas de imóveis para estrangeiros no sul da Flórida, em especial em Miami, construtoras estão planejando uma nova onda de construções de condomínios, com o foco quase exclusivo no capital de estrangeiros. Pelo menos seis novos projetos devem ficar prontos em Miami nos próximos anos, ao lado da promessa de muitos outros, de acordo com matéria do “Miami Herald”. Isso inclui projetos antigos que interromperam a construção por causa da crise.

Enquanto críticos alegam que a nova onda é desnecessária, tendo em vista as altas taxas de desemprego e a última crise do mercado, construtoras dizem que agora é diferente, uma vez que estão adotando modelos financeiros com menos riscos do que o antigo depósito de 20%, popular durante o último “boom” do mercado.

Além disso, as construtoras pretendem suprir uma demanda, uma vez que apenas 2 mil das 23 mil unidades construídas no centro de Miami durante o último “boom” imobiliário ainda não foram vendidos, de acordo com o “Miami Herald”.

A demanda está vindo quase que exclusivamente de fora de Miami, e principalmente do exterior.

Os compradores têm base na América Latina, Canadá, Europa e no nordeste dos EUA.

Estrangeiros gastaram mais de $3.8 bilhões de dólares no mercado imobiliário da Flórida, totalizando cerca de 90% das vendas de novos apartamentos, de acordo com o Miami Association of Realtors.

As construtoras acreditam que tal demanda justifica a nova série de construções. Mas dessa vez requerem que compradores paguem cerca de 80% do total antes do término da construção.

Nesse novo acordo, compradores pagam 20% na pré-construção, 20% no início da construção, e entre 30 e 40% no momento que o prédio é liberado para ocupação.

O Related Group tem planos para começar a construir pelo menos seis novos projetos no ano que vem, sendo que dois deles já foram oficialmente anunciados.

Um deles é o My Brickell, no 30 SE Sixth St., que terá construção iniciada no início do próximo ano, trazendo 192 unidades para o mercado.

Um pouco mais ao sul, o Sky Palace at Mary Brickell Village parece estar com planos de iniciar a luxuosa torre de 35 andares no endereço 911 SW First Ave. O anúncio da data de início da construção deve acontecer nos próximos meses. A proposta da construção do Resorts World Miami, do Ganting Group, um cassino de 3 bilhões de dólares que será construído no local onde fica o The Miami Herald, incluiria dois prédios residenciais, com um total de mil unidades.

Fora de downtown Miami, prédios como o Bellini Williams, em Aventura (4100 Williams Island Blvd.) e Apogee Beach, em Hollywood (4053 S.Surf Rd.), já começaram as vendas.

O Newgard Development Group recentemente anunciou seus planos de construir um novo condomínio chamado Brickell House, no 1300 Brickell Bay Dr.

Concorrência

As novas unidades, ao lado das já construídas, estão sendo fortemente anunciadas na América Latina. Enquanto novos projetos são anunciados, a competição por compradores internacionais promete ser forte.

Isso é parcialmente porque o mercado interno de novos condomínios é basicamente inexistente. Com menos de 10% dos compradores de condomínio baseados em Miami, o mercado imobiliário nunca esteve tão dependente de compradores estrangeiros. Principalmente agora, com o modelo de vendas de 70% de depósito, isso praticamente fecha as portas para que locais entrem no mercado.

Mas confiar tanto na América Latina e mercados internacionais não é certamente livre de risco.

Um esfriamento da demanda internacional ou uma recessão nas economias da América Latina nos próximos três anos poderia prejudicar gravemente o andamento dos projetos propostos. A queda do Real em relação ao Dólar nas últimas semanas oferece um exemplo da potencial volatilidade nas economias latinoamericanas.

Ainda assim, o interesse internacional no mercado imobiliário continua forte, disse Edgardo Defortuna, presidente da Fortune International Realty.

Com os preços de apartamentos em São Paulo 30% mais caros que no ano passado, os preços relativamente baixos em Miami ainda parecem mais atraentes para compradores brasileiros à procura de segundas residências.

Brasileiros gastaram 1 bilhão de dólares na compra de imóveis na FL em um ano

Entre julho do ano passado e junho deste ano, brasileiros gastaram 1 bilhão de dólares na compra de imóveis, de acordo com a Associação Nacional dos Corretores de Imóveis dos EUA. O volume de transações cresceu 30% no período, passando de 5,7 mil contratos de compra para 7,4 mil. A fatia dos brasileiros nas vendas também aumentou e chegou a 8% do total de vendas de imóveis para estrangeiros no estado, ante 3% nos 12 meses anteriores.

A investida dos brasileiros no mercado imobiliário do estado da Flórida só ficou atrás das feitas pelos vizinhos do Canadá, responsáveis por 39% das compras realizadas por estrangeiros até julho.

“Antes de 2010, os brasileiros nem constavam nas nossas pesquisas, de tão pequena que era a sua participação no mercado local”, afirma John Sebree, vice-presidente de Políticas Públicas da Florida Realtors.

A maior parte dos compradores brasileiros (47%) pretende usar os imóveis para veraneio, segundo dados pesquisados pela entidade. Mais da metade dos compradores opta por destinos tradicionais: 53% das compras são em Miami e 30% em Orlando. Esse é um dos motivos pelos quais o preço de imóveis adquiridos pelos brasileiros é mais alto que os da média internacional.

Os corretores americanos acreditam que o volume pode crescer ainda mais, uma vez que há ainda pouco conhecimento dos brasileiros sobre o mercado internacional de imóveis.

Na última semana, o governador da Flórida, Rick Scott, desembarcou no país com uma comitiva do estado para atrair ainda mais investidores.

“Esperamos que, com o maior conhecimento do mercado local, mais compradores brasileiros desembarquem na Flórida”, disse Patrícia Fitzgerald, presidente da Florida Realtors.