Novo embaixador fala sobre os projetos do consulado

Por Gazeta News

img_3383-site
[caption id="attachment_129079" align="alignleft" width="197"] Adalnio Senna Ganem diz que seu primeiro objetivo é aperfeiçoar o serviço consular.[/caption]

O embaixador Adalnio Senna Ganem é o novo cônsul-geral do Brasil em Miami. Ele assumiu o cargo no dia 9 de setembro e ocupa a vaga deixada por Hélio Vitor Ramos Filho, que esteve no cargo por cinco anos.

Anteriormente, Ganem chefiava a missão diplomática do Brasil no Panamá. Ele concedeu uma entrevista ao GAZETA, na qual falou sobre os objetivos à frente do consulado brasileiro em Miami, que atende a Flórida, Porto Rico e Ilhas Virgens Americanas.

Ganem ainda adiantou projetos em vista para a comunidade brasileira e respondeu sobre a realização dos consulados itinerantes, a assistência que compete à repartição em casos judiciais e de deportação envolvendo brasileiros, além dos casos frequentes de detenção de menores que chegam desacompanhados nos Estados Unidos.

Gazeta News - Como foi sua experiência como embaixador no Panamá? Embaixador Adalnio Senna Ganem - Foi uma experiência muito rica. Foi muito bom atuar no Panamá, porque fomos muito bem recebidos e é um país muito dinâmico. Diria que é o país mais dinâmico do Ocidente. Existe um otimismo da população, que é contagiante. É uma população diversificada, como o Brasil, multicultural, um país em trânsito.

O Panamá tem uma elite de altíssimo nível e, infelizmente, ainda existe uma diferença social que eles estão trabalhando para mudá-la. Eu acredito que, com desenvolvimento do país eles irão corrigir isto. Nós temos uma presença forte em termos de negócio no Panamá, a comunidade brasileira não é tão forte, porém, é atuante.

Gazeta - Quais os seus objetivos à frente do Consulado em Miami? Ganem – O primeiro objetivo, não quer dizer o prioritário, é aperfeiçoar sempre o serviço consular. Apesar de estar tudo bem instalado e estruturado, temos sempre dificuldade.

No momento é a questão pessoal, com os cortes e a questão orçamentária do Brasil, fica difícil aumentar o número de funcionários. Mas, queremos de todas maneiras aperfeiçoar o atendimento e tentar fazer o mais rápido possível a entrega dos documentos no mesmo dia.

Gazeta - Há algum novo projeto em vista voltado à comunidade brasileira? Ganem - Nós queremos desenvolver com a comunidade alguns projetos. Estamos trabalhando com o conselho em relação a isso. Recebemos a visita da ministra Luiza Lopes da Silva, diretora do Departamento Consular e de Brasileiros no Exterior, que tem uma grande experiência e vai nos ajudar a formatar ideias e planejamento. Dentre os temas que gostaríamos de abordar estão o empoderamento feminino; o empreendedorismo; o Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos (ENCCEJA), pelo qual quem não fez segundo grau poderá fazer o exame online com reconhecimento para, posteriormente, estudar em uma faculdade; a violência doméstica.

Em suma, pretendemos fazer parcerias com instituições que possam nos ajudar a trabalhar a favor dos brasileiros. Com a imprensa, a ideia é trabalharmos juntos para divulgar os benefícios que os cidadãos precisam ter. Na área cultural, estamos com propostas interessantes de intercâmbios para artistas brasileiros e várias ideias que possam beneficiar a arte brasileira.

Gazeta - Há muito tempo foi suspendido o consulado itinerante, o que gerou descontentamento dos brasileiros que vivem longe de Miami. Há planos para retomá-lo? Ganem - Nós estamos lutando para voltarmos com o consulado itinerante. Em Orlando, por exemplo, já temos o segundo marcado e estamos trabalhando na estruturação para continuarmos atendendo. Mas, para outras regiões, não posso prometer agora, devido aos cortes orçamentários. A comunidade é muito atuante, o voluntariado é excelente, mas contudo é necessário que alguns funcionários efetivos do Consulado estejam presentes no itinerante para emitir o documento. Se deslocarmos um funcionário do atendimento em Miami, ficamos desfalcados e, mais do que isso, nós necessitamos de recursos para essas pessoas.

Mas posso adiantar que estamos com alguns projetos que irão facilitar ainda mais a emissão de documentos para os brasileiros, criando uma estrutura para que o cidadão não precise ir sempre a Miami. Hoje, temos um serviço excelente online. A lista de serviços oferecidos podem ser vistas no site Miami.itamaraty.gov.br.

Gazeta - Qual o papel do consulado-geral nos casos de brasileiros em processo de deportação ou presos por autoridades americanas? Ganem - Nosso papel é apenas de acompanhamento consular. Nós podemos prestar um conforto apenas, em acompanhamento judicial, garantir que os direitos humanos sejam respeitados, verificar se o brasileiro precisa de algum tipo de remédio especial, fazer contato com familiares, mas sem poder interferir no ponto de vista judicial.

Gazeta - Recentemente, têm se tornado mais frequente os casos de adolescentes brasileiros desacompanhados detidos pela Imigração americana ao desembarcarem nos EUA. Há alguma recomendação do Itamaraty para evitar este tipo acontecimento? Ganem - Sim, é um problema seríssimo. Recentemente, tivemos reuniões com o Departamento de Estado sobre isso. Uma situação complicada porque, em muitas das vezes, o caso não é claro, e nem pode, porque é a vida de um menor. Os americanos, muitas vezes, entendem que o menor possa estar em alguma situação de risco, devido a forma que chega ou como se apresenta.

O governo brasileiro solicitou ao sistema americano que nos informe o mais rápido possível sobre situações que envolvem menores, para que possamos acompanhar o menor sempre o mais rápido possível, com uma comunicação e intermediação com a família e, assim, acelerar a documentação com familiares e o que for necessário. Recomendamos que menores viajem com os pais ou com grupos organizados, sempre com situações claras, sem mencionar um objetivo e depois fazer outro, munidos de documentações e sempre falar a verdade.

Gazeta - Já houve protestos e há muitas reclamações de funcionários do consulado contra abuso moral e más condições de trabalho em diversas repartições pelo mundo, inclusive em Miami. Como você vê essa relação entre embaixador e funcionários? Como está sendo a adaptação no consulado de Miami? Ganem - Desconheço qualquer tipo de reclamação em relação ao consulado em Miami, o que tenho visto é uma ambiente de trabalho de muito respeito e consideração. Temos um corpo de funcionários excelente e bem treinado. Já aconteceu alguns erros, mas naturalmente isso acontece, mas sempre trabalhando para que isso não aconteça.

Hoje, a atitude do Itamaraty mudou e estamos sempre preocupados nas relações cordiais e respeitosas. Eu digo que há exageros de ambas as partes.

Enfim, é necessário respeito mútuo. Vamos zelar para que as relações sejam as mais cordiais e o ambiente de trabalho agradável e de respeito, o que é fundamental. Acredito que os grandes erros acontecem em ambientes tensos.