Novo filme de Woody Allen é aclamado em Cannes

Por Gazeta Admininstrator

Dos três filmes exibidos nesta quinta-feira na sessão oficial do Festival de Cannes, o mais aplaudido foi o que não entrou na competição: "Mach Point", de Woody Allen. De acordo com os críticos que estiveram presentes, o filme surpreendeu até aos que torcem o nariz para o diretor de Nova York. As outras produções exibidas, que concorrem à Palma de Ouro, são "Bashing", de Masahiro Kobayashi e "Kilometre Zero", de Hiner Saleem.

O filme de Woody Allen trata de um tema clássico e defende o papel do acaso nas relações humanas. O protagonista do filme, um jovem tenista, resume perfeitamente o pensamento do diretor: "Em uma partida de futebol, a bola bate no alto da rede. Durante 15 segundos, pode cair tanto de um lado, quanto do outro. Com um pouco de sorte ela bate onde você quer e você ganha o jogo. Mas ela também pode cair do outro lado e, por isso, você perde".

Dessa forma, o diretor, que também escreveu o filme, parece estar de acordo com o ditado "É melhor ter sorte do que estar preparado". "Match Point" conta a história de um homem de origem modesta que se vê seduzido pelo luxo e o poder. A transição de comédia para drama, para depois voltar à comédia, novamente funciona como nos filmes anteriores de Allen e a aparente salvação do protagonista - o professor de tênis conhece a irmã de um de seus alunos da alta sociedade inglesa e se apaixona por ela - se mostra algo passageiro.

Se trata de um filme sutil, mas profundo do que aparenta, além disso, as interpretações de Jonathan Rhys Meyers, Scarlett Johansson, Matthew Goode e Emily Mortimer estão fantásticas, de acordo com a crítica.

Filme em Londres para fugir da pressão de Hollywood

Por incrível que possa parecer, o diretor americano que deu a sua amada Manhattan um papel importante em muitos de seus filmes atravessou o Atlântico para fazer "Match Point". Allen disse que foi o desejo de afastar-se das pressões dos estúdios de Hollywood e dos controladores executivos americanos, mais do que qualquer razão política!tica maior, que motivaram sua decisão de transferir seu filme mais recente para a Europa, onde sua popularidade é muito grande.

- Fiz o filme na Inglaterra porque está cada vez mais dificil conseguir financiamento nos Estados Unidos. Está se tornando cada vez mais comum que os estúdios e financistas americanos queiram participar dos projetos. Eles não querem ser vistos exclusivamente como bancos. Querem ler o roteiro e ter voz na escolha do elenco. De vez em quando, querem até comparecer ao set. Eu não consigo trabalhar assim. Eu não deixo as pessoas lerem os roteiros. - disse Allen em coletiva de imprensa concedida no Festival de Cinema de Cannes.

Woody Allen, que não aparece no filme que ele próprio escreveu e dirigiu, brincou: "Quero que me dêem o dinheiro num saquinho de papel, e alguns meses mais tarde eu lhes entrego o filme pronto."

- Em Londres, aconteceu assim - continuou o diretor, que está com 69 anos e, depois da experiênciência positiva, pensa em fazer outro filme em Londres no verão deste ano.

Como faz com seus filmes ambientados em Nova York, Woody Allen deu a Londres um papel fundamental em "Match Point", com tomadas da gigantesca galeria de arte Tate Moderna, da ponte Millennium Bridge, da catedral St Paul, do parque St. James e do elegante bairro de Belgravia. Allen teve seu próprio "golpe de sorte" quando conseguiu chamar Scarlett Johansson .

Originalmente, ele escolhera Kate Winslet para o papel. Ela acabou por desistir, mas então Woody Allen descobriu que não era obrigado a ter um elenco exclusivamente britânico por razões tributárias e de financiamento.

- Descobrimos que já tínhamos a 'porcentagem britânica' necessária e que podíamos usar uma atriz americana. Scarlett estava disponível, e isso foi a minha sorte.

O diretor reconhece que, desta vez, ficou satisfeito com sua criação.

- Costumo ser crítico intransigente de meus próprios filmes, mas vi 'Match Point' com olhar positivo. Minha opinião que este filme saiu bastante bom - declarou Allen.