Novo presidente promete eleições na Bolívia

Por Gazeta Admininstrator

O novo presidente da Bolívia, Eduardo Rodriguez
O presidente da Suprema Corte de Justiça da Bolívia, Eduardo Rodríguez, assumiu a Presidência do país na madrugada desta sexta-feira e prometeu convocar eleições.
“Estou convencido que uma das minhas tarefas é começar um processo eleitoral para renovar e continuar construindo um sistema democrático mais justo”, disse Rodriguez durante a cerimônia de posse.

Ele pediu ainda compreensão da população e disse que a democracia e a paz são o melhor caminho para os bolivianos.

"A Bolívia é uma só. Indígenas, não indígenas (…) temos que estar unidos neste momento."

Debate

O novo presidente também prometeu discutir com os grupos que vêm protestando no país as demandas sobre a nacionalização da produção de petróleo e gás natural.

"A Constituição diz que é do Estado a responsabilidade sobre os hidrocarbonetos. Nada mudou. Só a forma de administrá-lo. Mas sobre isso, vamos discutir com a sociedade e o Congresso Nacional."

Ele disse ainda que não tem pretensões políticas e que pretende passar o cargo para o próximo presidente eleito e voltar para a Suprema Corte de Justiça.

Depois da posse, de onde saiu com um colar indígena no pescoço, Rodríguez deu uma entrevista coletiva e disse que o Congresso Nacional é que deve convocar as eleições.

A Constituição determina que o Congresso tem 150 dias para convocar a nova votação.

A posse de Rodríguez tenta encerrar três semanas de protestos que pararam parte das cidades e dos negócios do país.

Ele assumiu o cargo depois que o Congresso, reunido na cidade de Sucre, aceitou a renúncia do presidente Carlos Mesa e de seus dois sucessores imediatos – o presidente do Senado, Hormando Vaca Diez, e da Câmara, Mário Cossío.

A sessão do congresso foi feita na cidade de Sucre para tentar evitar os protestos que vinham isolando os parlamentares. No entanto, parte dos grupos de oposição foram até a cidade para fazer pressão pelas mudanças, o que acabou provocando confrontos.

Pelo menos um manifestante morreu quando foi atingido por um tiro ao tentar passar por uma barreira militar no caminho para Sucre.

Antes da sessão no Congresso, a Bolívia viveu um dia de muita tensão e boatos, com as Forças Armadas em alerta.

"Acho que nós chegamos a essa situação com a ajuda de muitos demônios", disse Vaca Díez no Congresso.

Em seu discurso de posse, o novo presidente da Bolívia complementou: "Talvez a gente esteja aqui não com a ajuda dos demônios, mas dos anjos".

A polícia continua ocupando as ruas do país. A expectativa agora é saber se as mudanças políticas vão acabar com os protestos.

Para o economista Carlos Villegas, especialista em hidrocarbonetos e professor da Universidade de San Andrés, além da convocação de eleições, o novo governo precisa tentar resolver as disputas em torno do controle das reservas naturais do país.

"Enquanto não for resolvida a situação do gás e do petróleo, a Bolívia estará mergulhada numa situação de instabilidade e de crise."