O Amor e Os Amores: Porque "não se perder é o verdadeiro conto de fadas"

Por Adriana Tanese Nogueira

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Sonhamos com o Amor e temos amores. Choramos pelo Amor enquanto vivemos amores – e perdemos amores. O Amor foi uma criação romântica da cultura humana que surgiu uns séculos atrás, bem lentamente. Algumas faíscas aqui e ali dessa “coisa” que chamamos Amor foram singelamente aparecendo na sociedade, mas foi no século passado que eclodiu em cheio o romantismo que todos conhecemos via filmes e romances. Duvido que não haja uma moça que não sonhe com o amor. Há garotas hoje, adolescentes, que preferem a “amizade”. Na verdade, elas estão se defendendo dessa ideia, tentam se proteger. A geração nova está mais antenada e alerta, geralmente teve mães batalhadoras, mães que as criaram sozinhas, mães que elas viram brigando, chorando, lutando pelo amor em relacionamentos difíceis, com homens distantes ou egoístas. Essas jovens temem amar. Mas não há como evitar. Uma hora o Amor vai bater na tua porta e vai te fisgar. Quando isso acontecer, após o inicial choque, que pode ser de deliciosa surpresa, uma pessoa irá se deparar perplexa com um desconforto interno que corresponde à contradição entre o Amor e o amor que se vive. Entre a expectativa que nasce nem se sabe de onde e a realidade. Cegos de Amor podemos não saber o que fazer com aquele amor. Mas com sabedoria é possível usar o Amor para curar os amores e faze-los crescer. E sem se prejudicar. Depende da maturidade de cada um. É importante compreender que quando entramos na realidade do amor não devemos jogar fora o ideal do Amor, assim como não podemos fantasiar com o ideal e não enxergar o que está debaixo de nosso nariz. O Amor é como a estrela norte, ele serve de guia na jornada difícil do relacionamento, dá orientação e direção. Aquele Amor não se encontra por aqui. Aqui há amores e até um grande amor, mas amores sem letras maiúsculas. O problema não é o Amor, mas quem ama. Há muitos tipos de amores. Há muitas camadas do Amor. Há muitos lados em nós que amam cada um de forma diferente. Qual deles está “no comando”? Qual deles lidera nossa existência? Amamos quem nos provê segurança. Amamos quem nos dá carinho. Amamos que não faz sentir importantes. Amamos quem nos permite crescer e desenvolver alguma coisa em nós. Amamos que nos compra coisas. O ego infantil ama quem lhe dá conforto, segurança e carinho. O ego adulto ama quem lhe é companheiro e amigo, parceiro e professor. O ego maduro ama a caminhada junto ao outro. Quando maior for nossa profundidade assim será nosso amor. Quanto maior nossa maturidade assim será nosso amor. Cada camada tem sua verdade. Tudo é amor, mas a cada etapa do desenvolvimento humano precisamos de amores diferentes, nos tornamos mais “sofisticados”. É como dizer que o amor de meu cachorro por mim é lindo e puro, tenho certeza disso, mas não me satisfaz como ser humano, não me completa. Sugiro ao leitor uma reflexão: ao observar as relações de amor que tem em sua vida, reflita sobre o que cada uma lhe dá. De que forma cada uma contribui para o seu bem-estar? E para o seu desenvolvimento? Qual delas dá mais “trabalho”? Qual delas dá mais satisfação? O que você fez para conseguir esses relacionamentos?

Porque encontrar-se é mágico, não se perder é o verdadeiro conto de fadas. Massimo Gramellini