O BRASIL DE NOSSOS DIAS: o que se deve saber antes de tomar decisões importantes

Por Gazeta News

Continuamente manifestamos em nossas colunas a importância do planejamento e do comprometimento dos empresários a seus planos de ação e desenvolvimento, sem o que objetivos não são devidamente alcançados. Na realidade, tal se aplica não apenas aos empresários, mas também a todos indivíduos. Sem planejamento expomo-nos, desprotegidamente, e ficamos ao léu, expostos às intempéries do mundo, tornando-nos presas fáceis de manipuladores e exploradores, verdadeiros profissionais da boa conversa e das promessa futuras, jamais colhidas .

Em razão do bom momento pelo qual passa a economia brasileira, resultante não de um esforço nacional brasileiro bem desenhado e implementado, mas em razão de condições especiais nascidas dos desmandos na área externa e de um momento histórico em que a globalização francamente espalhou-se pelo mundo, ajudando o atingimento de índices de gastos e produção global jamais vistos pelo homem. Por circunstâncias não planejadas, abateu-se grande falta de alimentos e matéria-prima pelo mundo, em especial na China, locomotiva do desenvolvimento nos anos que vivemos.

Sem dúvida nenhuma, o agro-business vinha, galhardamente, se estruturando e se equipando no Brasil, tecnicamente, via uma maior utilização de modernos equipamentos e desenvolvimento de pesquisas adequadas. Adicionou-se, também, a inserção de novas técnicas gerenciais nas grandes empresas do setor, tudo, pois, desaguando em uma abundante produção, batendo sucessivos recordes , vivenciando dias maravilhosos para o setor, trazendo atenção para regiões brasileiras praticamente desconhecidas, cujas populações, hoje, contribuem ativamente ao desenvolvimento nacional.

Ademais, por razões semelhantes, cresceu sobremaneira a demanda por minérios e minerais brasileiros, matéria-prima para diversas indústrias e essenciais à operacionalidade de diversos equipamentos e à produção de riquezas através do mundo.

Porque abordamos este tema: ainda há brasileiros vivendo no exterior, muitos há bastante tempo, ouvindo os cantos de sereias que do Brasil até aqui chegam, através do atingimento de números generosos da economia e do poder relativo alcançado pelo real, permitindo aos visitantes, que por aqui aparecem, de tempos em tempos, uma demonstração de riquezas sem alicerçamento.

Recentemente foi publicado no jornal “O Estado de São Paulo” matéria intitulada “Commodities e Autopunição” ( www.estadao.com.br/estadaodehoje/20110720/not_imp747210.0.php ), escrita por André Meloni Nassar,diretor geral do Icone Brasil, da qual abaixo iremos transcrever alguns trechos, onde com clareza o momento brasileiro é descrito. Inspiramo-nos neste texto para mostrar –lhes o que no Brasil acontece, assim não apenas informando, mas também alertando os leitores sobre a tomada de medidas repentinas, emocionais, pouco pensadas, e de que se possam arrepender, ao deixarem por aqui o que arduamente criaram e/ou ao Brasil endereçarem economias na busca de resultados imediatos em um ambiente econômico-financeiro sem sustentação, pautado pela especulação e a busca de resultados de curto prazo.

O Brasil vive um momento de autopunição na economia. Mas ao setor de commodities, o mais competitivo e em franca expansão internacional, foi atribuida a culpa pelas crescentes importações de bens de consumo. O Brasil estaria dando um passo para trás porque importa produtos de alta tecnologia, gerando empregos “de qualidade” nos outros países, e exporta matérias – primas, supostamente desprovidas dessas características.Nessa visão, quanto mais o Brasil expande sua produção de commodities agropecuárias, florestais e minerais, aproveitando o bom momento de preços mundiais, mais os setores e industriais produtores de bens de consumo deixam de crescer.

Crescentes superávits comerciais, nas exportações de matérias- primas causam distorções na economia, as quais vêm em prejuízo dos setores de bens de consumo. A Austrália está passando por problemas semelhantes e está tomando medidas para corrigir distorções, mas no Brasil nada se ouve, vindo do plano das autoridades constituídas, no sentido de se equilibrar o modelo. Assim, 71% das exportações brasileiras em 2010 originaram-se dos setores de commodities. Ao lado das importações, os bens de consumo e, mais timidadmente, os bens de capital, são os que estão crescendo.

Como os preços das commodities estão em alta – lembrando que eles são mais elevados do lado exportador que do importador – o que não ocorre com os preços dos bens de consumo e de capital, os termos de troca sobem, favorecendo a atração de investimentos para os setores de commodities, estimulando ainda mais o crescimento da produção e da exportação dentro do modelo enunciado. O fluxo de capitais de curto prazo, atraído por um retorno rápido e de elevado índice, comanda o espetáculo, dando a muitos uma sensação de riqueza substancial, mas que depende diretamente dos ciclos das commodities. Não é segredo para nenhum economista a flutuação dos ciclos de preços das commodities, resultante natural das condições de escarsa produção vis-à-vis à demanda, além dos freios determinados pelos preços alcançados, quando certos níveis forem atingidos. Experimentamos, também, momento singular na História, com os ciclos sendo aumentados, porém sem bases precedentes que nos assegurem continuidade no processo, em razão do surgimento da China como grande e ávida compradora .

Este fenômeno já foi vivido e mal absorvido por diversos países. No passado, nossos vizinhos portenhos, Argentina e Uruguai, sofreram nas mãos de especuladores quando viram seus preços de carne e trigo desabarem em razão de mudanças de mercado e competição internacional. No caso brasileiro atual acresça-se que a especulação no mercado de capitais produzida pelos elevados volumes de ingresso de investimentos, podem deteriorar-se rapidamente e seguir-se um período dramático, com sérios impactos na atividade econômica, com evidente impactos no nível de desemprego.

Informem-se, pois, procurando melhor saber sobre as bases em que se desenvolve o atual “Milagre Brasileiro” , antes de tomar decisões importantes que afetem suas famílias.