O Brasil e a imigração de agora

Por Carlos Borges

brazileditorial

Um dos reflexos mais interessantes e menos divulgados da recente ascenção do Brasil, a “potência emergente” do planeta, é o fenômeno da imigração em larga escala de nacionais de diversos países.

O Brasil nunca parou de receber imigrantes. São famosos os ciclos de imigração europeia no começo do século XX, que deu a “face” que hoje em dia identifica o sul/sudeste do Basil.

Igualmente famoso é o ciclo de imigração japonesa no pós-guerra, que gerou uma poderosa comunidade de origem nipônica em São Paulo, Paraná e Pará. Isso não esquecendo as importantes e constantes levas de imigrantes libaneses e sírios, espanhóis, portugueses e turcos.

Em décadas mais recentes, a entrada de imigrantes no Brasil se concentrou mais no Rio e Janeiro e São Paulo. Predominantemente sul-coreanos e bolivianos. Essa nova safra de imigantes em busca de melhores condições de vida e oportunidades de crescimento, incluiu também milhares de angolanos e caboverdanos (na Bahia e no Rio de Janeiro). O Brasil, que se apresenta como a “bola da vez” na economia mundial, não passará incólume pelo fenômeno mundial dos movimentos de populações migratórias. A mais recente dessas “ondas” tem origem em um país onde o Brasil e os brasileiros são idolatrados: o Haiti.

Vizinhos da Flórida, onde vivem mais de 300.000 brasileiros, o Haiti tem laços afetivos muito fortes com o Brasil. Mas pouca gente se dá conta disso. Laços oriundos da ideia que os haitianos cultivam a cerca da propalada “democracia racial brasileira”.

Para acentuar este quase deslumbramento, desde que as tropas brasileiras se tornaram guardiã das Nações Unidas no Haiti, esse “romance” se aprofundou ainda mais.

Quem não se lembra de quando a seleção brasileira foi jogar contra a seleção do Haiti, em Porto Príncipe? A cena vista no estádio nacional haitiano foi bizarra, patética: a cada um dos cinco gols da seleção brasileira (goleada de 5 a 0 com o Brasil jogando em ritmo de treino bem leve), o estádio inteiro repleto de haitianos vibravam enlouquecidamente.

Desde então para se iniciar um processo de entrada de haitianos no Brasil foi um pulo.

Segundo dados da polícia federal, nos últimos cinco anos, cerca de 15.000 haitianos entraram legalmente e permaneceram ilegalmente usando passaportes europeus que isentam o visitante a ter visto.

Não demorou muito e a presidente Dilma Rousseff se viu na obrigação de estabelecer regras e cotas para este novo fenômeno de entrada de imigrantes no nosso país.

As medidas anunciadas na semana passada, regulando de forma específica a entrada de haitianos no Brasil, mostra que o governo está atento ao problema.

Está claro que Dilma quer manter a imagem de vizinho fraterno e humanitário.

Mas em nenhuma hipótese quer lidar com uma situação caótica como a dos angolanos na época do presidente Fernando Henrique Cardoso.

Dilma sabe que neste momento a imagem internacional do Brasil é tudo.