O Censo oficial não tem nada a ver com a realidade

Por Gazeta Admininstrator

Tem muita gente por aí, inclusive na mídia comunitária brasileira, com um estranho “apego” às tais “informações oficiais”, alardeando os tímidos números de brasileiros residentes nos Estados Unidos, aferidos pelo Censo.

Acham que essa cifra registrada pelo recenseamento norte-americano é a que corresponde à “realidade” de quantos somos, brasileiros nos Estados Unidos.

Eu não sei exatamente qual é o interesse por trás dessa “desinformação, travestida de informação”.

Isso porque, até mesmo o Departamento de Estado dos Estados Unidos e o Ministério das Relações Exteriores, assumem a cifra de 1.3 a 1.5 milhão de brasileiros residindo nos Estados Unidos.

Evidentemente que ninguém está querendo descredibilizar o Censo, trabalho feito com enorme profissiona-lismo e seriedade. Só que, qualquer pessoa que vive na nossa comunidade e em todas as comunidades imigrantes, sabe que a grande maioria dos brasileiros não respondem ao questionário do censo.

Há razões objetivas e outras meramente tolas para isso.

As razões sérias quase todas giram em torno do pânico que os milhões de imigrantes indocumentados têm de que qualquer informação prestada a qualquer organismo oficial possa vir a ser usada para fins de deportação ou perseguição imigratória.

Aliás, a questão do “responder ou não” ao Censo foi o centro de uma acalorada polêmica que dividiu a comunidade brasileira de norte a sul, leste a oeste do país no ano passado e, pelo menos no Estado de Massachusetts, dividiu a comunidade ao meio, gerando sequelas que reverberam até hoje.

Longe de mim defender a recusa ao Censo. Até porque, confio plenamente na garantia que o governo norte-americano deu de que as informações ali prestadas não seriam jamais fornecidas a nenhuma agência ligada a controle imigratório. Mas o medo era e é real. A perseguição sempre existiu e com o agravamento da situação da economia e o desemprego nos Estados Unidos, o imigrante indocumentado se sente acuado.

Que razões teriam as centenas de milhares de imigrantes brasileiros indocumentados, para fornecer a qualquer agência governamental, suas informações pessoais e cruciais?

Tanto o Censo sabia disso e esperava encontrar essa barreira, que contratou desde 2009 um exército suplementar de funcionários das mais diversas origens étnicas, para tentar minimizar a fatia considerável da população que, efetivamente, não seria “contada”, como de fato, não foi.

Não entendo a quem beneficia ficar alardeando que os únicos “números” que contam são os do Censo. Todo mundo sabe que isso não é verdade.

O American Community Survey, do US Census Bureau, diz que somos 300.000 brasileiros residentes nos Estados Unidos. Esse total, de fato, é a população estimada apenas no Estado da Flórida. Outros 300 mil vivem em Massachussetts. Há uma avalanche de dados comprobatórios de que a população brasileira em território norte-americano realmente está, neste momento em “baixa”, quando muita gente retornou ao Brasil, em torno de 1.3 a 1.5 milhão de residentes, legais e ilegais.

Tanto é verdade, que esse é o número com o qual trabalham os governos dos Estados Unidos e Brasil.

As grandes corporações que atuam no mercado brasileiro, as agências oficias, a mídia e outros setores.