O futebol do século XXI

Por Gazeta Admininstrator

Quando lemos um livro, ou assistimos uma reportagem sobre a história de um ex-jogador, ou de um time, nos vem a mente uma constatação; como o futebol de hoje está diferente!

O mundo mudou, a vida mudou e logicamente, o futebol também mudou.

Algumas coisas mudaram para melhor, outras lamentavelmente para pior.

A começar pelas regras que foram mudando. Principalmente nos últimos quarenta anos. Quem ainda se lembra daquelas ceras intermináveis, de ficar trocando bola com os goleiros? Quem se lembra daquelas partidas contra os uruguaios e os argentinos, catimbadas e violentas? Só era falta, se fosse acima da correntinha.

As partidas terminavam aos quarenta e cinco do segundo tempo, não havia tempo de reposição. Até 1970 não havia cartão amarelo e nem o vermelho.

Havia apenas a expulsão gestual, que foi substituída pelo cartão vermelho.

As mudanças mais radicais e positivas aconteceram na década de 1990. Com essas mudanças, o jogo ficou mais rápido e mais leal. Inclusive ficou mais rápido ainda do que já havia ficado com a evolução do preparo físico dos jogadores que foi se aprimorando nos anos de 1970 e 1980.

Pouco ou nada se fala que o futebol brasileiro foi o que mais se beneficiou com essas mudanças.

De 1994 para cá, tanto a Seleção Brasileira como os clubes brasileiros, ganharam proporcionalmente, mais títulos do que antes desta fase. O Brasil ganhou duas Copas do Mundo, quatro Copas América, três Copas das Confedereções e a Argentina não ganhou nada e o Uruguai apenas uma Copa América em casa. Os clubes brasileiros ganharam sete Libertadores em dezesseis anos, contra outras sete anteriores, que foram em trinta e cinco anos (1960-1994).

Mas mesmo com tantas conquistas, nas arquibancadas a involução foi evidente. Os torcedores comuns foram substituídos pelas briguentas “organizadas”. Os grandes públicos deram lugar a públicos médios e pequenos. Há quantos anos não ouvimos mais falar em cento e tantos mil pagantes?

Os estádios envelheceram e “encolheram”. Maracanã cheio, dá uns oitenta mil. Morumbi lotado, uns sessenta mil. Pacaembu que dava setenta e cinco mil, agora não chega a quarenta. A exigência de melhor acomodar aos torcedores e a modernização destes estádios, aliada à violência entre as torcidas, afastou o público nestes últimos trinta anos.

Já falamos de regras, de torcidas, e os jogadores?

Antes, bem lá atrás, o comum era o clube ter um time base por anos. Era comum que os jogadores iniciassem e terminassem suas carreiras em um ou dois times. Hoje, raros são os jogadores que completam cem partidas com a mesma camisa. Com a entrada em vigor da Lei Pelé em 1998, os clubes perderam o comando da compra e venda dos jogadores. Várias brechas na legislação, mudaram completamente a relação clube/jogador. Como os clubes em sua grande maioria, atrasava ou não recolhia algum direito financeiro do jogador, o mesmo ficava livre para negociar com outro clube. E vários casos aconteceram e ainda acontecem e os clubes ficam sem o jogador, sem o dinheiro da venda do mesmo e ainda é processado pelo jogador por causa das pendências financeiras que motivaram a quebra do contrato.

Empresários, agentes e clubes de fachada se multiplicaram e dominaram o mercado. Clubes tradicionais na formação de jogadores, fecharam seus departamentos e divisões de base.

Os clubes, além de títulos, foram colecionando dívidas. Alguns clubes do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais, chegam a números impressionantes. Dizem que cinco clubes devem acima de trezentos milhões de reais e que apenas três geram receitas maiores que suas despesas.

Por outro lado, as federações estaduais, a CBF, a CONMEBOL e a FIFA, viraram enormes instituições financeiras. Além de milionárias, todas usam como bandeira o continuismo de seus presidentes. Na média, eles estão ficando entre vinte e vinte e cinco anos com o poder da presidência destas entidades. O ex-presidente da FIFA João Havelange, revelou em uma entrevista no ano passado que pegou a FIFA em 1974 com vinte dólares no caixa e entregou-a em 1998 com quatro bilhões de dólares.

Com isso, os clubes viraram reféns de jogadores, empresários, federações, torcidas organizadas e do poderio econômico das televisões.

Endividados por más gestões e “roubalheiras” dos seus dirigentes, os clubes antecipam cotas de televisão e de participação em campeonatos. Com isso, não conseguem negociar aumentos por essas mesmas cotas e são “obrigados” a votar no presidente da federação que fez a antecipação de verbas.

Todos os anos surgem na mídia esportiva, a seguinte questão:
Uma empresa de televisão quer pagar o triplo do que paga a atual pelos direitos de transmissão de tal campeonato, mas como alguns clubes já pegaram verbas de cotas de campeonatos de um, dois, três anos para
frente, automaticamente o contrato se renova. Essa situação é fato comum nestes últimos dez anos.

Ainda assim e com tudo isso jogando contra, o futebol continua ganhando adeptos e torcedores. Não há mais aquele romantismo de outrora, mas o futebol, vai certo ou errado acompanhando as mudanças do mundo.

Com o evento da Copa de 2014, há uma esperança de que o legado deixado pela competição, seja um fator modificador positivo para o nosso futebol.
Teremos melhores estádios, melhores transportes e possivelmente, um melhor comportamento dos torcedores.

Quem sabe, haja também uma reformulação na lei que trata da conduta e responsabilidade dos dirigentes esportivos e assim os clubes sejam tratados com mais responsabilidade.

Como já temos a garantia nata, da eterna renovação de nossos craques, vindo todas essas melhorias, o futebol brasileiro terá e dará todas as condições para o Brasil continuar sendo, o país do futebol.

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