Lições diárias de democracia - Editorial

Por Marisa Arruda Barbosa

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O imigrante que opta por permanecer nos Estados Unidos, geralmente, demora a se acostumar novamente com o funcionamento de certos costumes no Brasil. Uma delas, que sentimos claramente como mídia, é o acesso à informação e ao papel da imprensa, onde vemos maiores resquícios de um passado recente marcado pela censura.

Com isso, a falta de arquivos e pessoas designadas por empresas responsáveis por informar o público é um problema enfrentado pela mídia e cidadãos brasileiros diariamente.

Um exemplo que enfrentamos com frequência é quando produzimos reportagens que dependem de informações de órgãos americanos versus matérias que dependem de informações de órgãos brasileiros.

No caso de órgãos brasileiros, é comum falar com uma pessoa simpática que, infelizmente, não tem as informações desejadas – isso quando se consegue encontrar alguém para atender ao telefone. Em matérias sobre empresas de mudança, por exemplo, que requerem telefonemas para o Porto de Santos, é praticamente impossível conseguir que alguém sequer atenda, e se atender, dirá que você ligou errado ou que a pessoa que você está procurando não se encontra.

Já quando dependemos de informações de órgãos americanos, o comportamento é exemplar, depois que se ultrapassa, claro, a barreira da língua. O Gazeta produziu recentemente inúmeras matérias sobre imigração, com o prazer de contar com a ajuda da assessoria do órgão. O mesmo já ocorreu recentemente com a prefeitura de Pompano Beach e diversas fundações e órgãos governamentais. Claro que sempre seguindo o “politicamente correto”, sempre há um porta-voz democratizando a informação.

A democracia é algo que se aprende no dia a dia, não só no acesso à informação e educação. Como mídia, o Gazeta nunca sofreu nenhum tipo de controle ou censura vindo do governo americano. Muito pelo contrário: os laços ficam cada vez mais fortes, a exemplo da Brazilian Citizens Academy, que está sendo realizada pelo Broward Sheriff’s Office (BSO) e financiada pela prefeitura de Pompano Beach, visando educar e estreitar relações com a comunidade brasileira.

Agora que há uma grande tendência de brasileiros voltarem ao Brasil, principalmente por melhores oportunidades profissionais em grandes empresas, quem sabe eles não levem junto uma formação que vise maior transparência em geral?