O mundo mede o impacto da Covid-19

Por Arlaine Castro

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De um lado a economia global - fortemente impactada pela pandemia da Covid-19-, e do outro as vidas, perdidas ou desnorteadas em meio ao caos que assola o mundo há cinco meses. Os mais impactados pelo fechamento do comércio, por exemplo, torcem para que tudo isso acabe logo enquanto calculam o prejuízo. Já para profissionais da saúde e outros, que precisam continuar trabalhando durante a pandemia, a torcida é para que tudo isso acabe logo e com menos mortes possível. As repercussões e impactos sociais, econômicos, políticos, culturais e históricos já são sem precedentes na história recente das epidemias. No início deste mês, a Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD) previu que a pandemia poderia custar à economia global até US$ 2 trilhões neste ano (cerca de R$ 10 trilhões). Segundo a Fundação Osvaldo Cruz, mais conhecida como Fiocruz, a estimativa de infectados e mortos concorre diretamente com o impacto sobre os sistemas de saúde, com a exposição de populações e grupos vulneráveis, a sustentação econômica do sistema financeiro e da população, a saúde mental das pessoas em tempos de confinamento e temor pelo risco de adoecimento e morte, acesso a bens essenciais como alimentação, medicamentos, transporte, entre outros. Toda essa pandemia tem gerado prejuízo econômico em diversos setores no mundo inteiro, sendo o turismo um dos mais impactados. Na Flórida - estado que tem sua receita maior advinda do turismo-, com a falta temporária dos turistas estrangeiros, que começariam a voltar a visitar o estado agora no mês de junho pela reabertura dos parques em Orlando principalmente, e a retomada dos voos internacionais saindo do Brasil, os locais vão ter que esperar um pouco mais para ver aquele movimento rotineiro de turistas. Segundo avaliação da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE, ou clube dos países ricos), em matéria publicada pela BBC News sobre o assunto, o mundo vai levar anos para se recuperar do impacto da pandemia do novo coronavírus. Angel Gurría, secretário-geral da entidade, afirmou em entrevista ao referido jornal que o choque econômico já é maior do que a crise financeira de 2008 ou a de 2001, após os ataques de 11 de Setembro daquele ano. Um crescimento global previsto para este ano de 1,5%, disse, já soa otimista demais. Para ele, é quase uma confusão de desejo com realidade acreditar que os países vão se recuperar rapidamente, mesmo que não se saiba estimar direito qual será o tamanho do desemprego e das falências empresariais. Gurría prevê que quase todas as grandes economias do mundo entrarão, nos próximos meses, em recessão, ou seja, sofrerão declínio econômico por ao menos dois trimestres consecutivos. A entidade tem pregado aos países-membros que, como estratégia contra a pandemia, priorizem e ampliem maciçamente os gastos em diagnóstico e tratamento de pessoas infectadas. Governos ao redor do mundo têm tomado medidas sem precedentes para apoiar trabalhadores e empresários durante a pandemia, que mais infectou mais de 300 mil pessoas. A BBC analisa que "a OCDE, entidade a qual o Brasil tenta ingressar com apoio dos Estados Unidos, defende que o mundo adote um plano com quatro pilares para enfrentar a pandemia atual. Ele inclui exames gratuitos para diagnosticar a doença, melhores equipamentos para profissionais de saúde, transferências de recursos para trabalhadores, incluindo os autônomos, e adiamento da tributação para empresas". Não dá pra analisar uma sem a outra. A economia não existe sem as pessoas e as pessoas não vivem sem o dinheiro conquistado pela economia. É um embate que vai se estendendo globalmente. O mundo somava 352.566 mortos pela doença até a noite de quarta-feira, 27. Fora as mortes indiretas causadas pela pandemia. Não, não é um número que dá pra comparar com os trilhões da economia. Mas são vidas humanas. VIDAS.