O nosso medo mais profundo

Por Adriana Tanese Nogueira

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Em meu consultório deparo-me com frequência em pessoas duvidando de si, com medo , se apequenando para não se sobressair, diminuindo sua verdade, abaixando sua voz e dando aos outros mais razão do que merecem. Muitas pessoas duvidam de si sem motivo real, são cautelosas e até medrosas em afirmar o que pensam ou sentem. Mesmo quando recebem confirmação de outrem, titubeiam. Ser mais parece muito incômodo. Melhor ser menos, ficar por baixo. Melhor sequer ter razão... Este comportamento não reflete simplesmente uma baixa autoestima, mas uma atitude generalizada, aprendida socialmente em todos os âmbitos, que ensina que o “ser mais” é visto de maus olhos. As pessoas chegam a ter vergonha de si. Têm vergonha de enxergar quando os outros são cegos. Escondem sua percepção para se nivelar aos demais porque caso contrário elas poderiam não serem bem-vindas. O “ser mais” incomoda. Acabamos internalizando essa crença, que se adquire através de um indireto mas efetivo treinamento social e agimos conforme. Viver disfarçando nosso brilho, negando nosso valor, silenciando o que vemos – não faz bem, nem a nós nem aos outros. E atrasa a evolução humana. O nosso medo mais profundo não é o de sermos inadequados. O nosso medo mais profundo é o de sermos poderosos além de qualquer limite. É a nossa luz, não a nossa sombra, que mais nos assusta. Nos perguntamos: ‘Quem sou eu para ser tão brilhante, cheio de talentos, fabuloso?’ Na realidade, quem você é para não ser isso? Somos filhos de Deus. O nosso nos fazemos pequenos não serve ao mundo. Não tem nada de iluminado em diminuir a si próprios de modo que os outros não se sintam inseguros perto de nós. Todos nascemos para resplendecer, como fazem as crianças. Nascemos para tornar manifesta a glória de Deus que está dentro de nós. Não somente em alguns de nós, em cada um de nós. E quando permitimos que nossa luz resplandeça inconscientemente damos aos outros a possibilidade de fazer o mesmo. E quando nos libertamos dos nossos medos, a nossa presença automaticamente liberta os outros. (Marianne Williamson, poesia citada por Nelson Mandela em seu discurso de insediamento) A tendência ao conformismo não atua somente na direção de adotarmos hábitos e valores de um determinado grupo, que seja a família ou os amigos, como também em manter o mínimo comum denominador em termos de inteligência, sensibilidade, talentos, aspirações. Como o conceito expressa, se trata do “mínimo”. O nível é baixo e tudo o que está acima pode ser visto, e geralmente é visto, como um problema. Entretanto, quando tomamos coragem para assumir nosso brilho, como um farol, fazemos luz aos outros. Nossa luz verdadeira, a que nasce de dentro da nossa essência, inspira a dos outros. Somos não mais nossos talentos e aparência, somos nossa essência. E ao darmos-lhe vez e voz ajudamos, sem querer e sem qualquer esforço, os outros a serem também estrelas que resplandecem no céu. A vida é melhor iluminados por muitas estrelas, cada um com suas qualidades específicas. Imaginou viver num mundo cheio de gente talentosa e feliz? A felicidade só existe mesmo quando a gente é plenamente, totalmente, amorosamente nós mesmos, quando nos entregamos à nossa essência e abraçamos nosso ser pelo que é, sem querermos ser outra coisa. Sem vergonhas e sem vaidades. Só ser. A serena felicidade que esta condição promove é o melhor estado possível de se viver. Dê espaço para seu brilho. Acenda a sua luz. E deixe sua marca no mundo.