O pacotão ?Obama-Dilma? e o fim do visto

Por Gazeta Admininstrator

Anuncia-se a possibilidade de que, entre os diversos acordos de cooperação econômica, ofertas de crédito para obras da Copa 2014 e Olimpíadas 2016 e outros protocolos bilaterais que deverão ser assinados entre Brasil e Estados Unidos durante a visita do presidente Barack Obama, na próxima semana, ao nosso país, esteja uma medida de efeito moral simbólico e de efeito econômico substancial.

Caso se confirme que Obama e Dilma anunciarão que não haverá mais necessidade nem de americanos terem visto para entrar no Brasil e nem de brasileiros para entrar nos Estados Unidos, estará quebrada uma barreira histórica que vem causando enormes prejuízos morais (por conta da famosa arrogância das autoridades consulares e portuárias dos Estados Unidos) e econômicos (pela inibição de um volume muitas vezes maior de negócios e turismo entre os dois países.

Pragmatismo (nem sempre inteligente ou “up-to-date”) sempre foi um paradigma da condução dos negócios e interesses externos norte-americanos. Devemos ser justos e admitir que essa é, pelo menos, a “intenção’ da maioria dos governos em suas políticas quando se trata de definir quem deve ou não ter “visto”, quem pode ou não ter acesso descomplicado ao país.

E como o que vigora nas relações entre os países é a “lei de Reciprocidade”, na medida em que os Estados Unidos sempre dificultaram ao máximo o acesso de brasileiros ao território norte-americano, o mesmo se fez do nosso lado, criando condições, se não idênticas, mas em tese, pelo menos, bastante rígidas e burocratizadas para a concessão de vistos a norte-americanos que desejem viajar ao Brasil.

Deve-se dizer que, a favor do Brasil, sempre está uma intenção muito mais diplomática e flexível na concessão de tais vistos. Pelo menos, o mau humor e o tratamento “cucaracho” nunca foi o que os norte-americanos requisitantes de vistos encontraram nos Consulados e Embaixada do Brasil. No placar da má vontade, arrogância e destratos, além de taxas extorsivas e ilegais, as autoridades norte-americanas ganham de goleada.

Esse indesejável entrave pode acabar. E o que se espera disso?

Bem, sem a menor dúvida haverá um acréscimo volumétrico de viajantes entre os dois países. Nos dias de hoje, e pouca gente sabe disso, excetuando o Canadá e o México, países economicamente com laços fortíssimos e grande dependência econômica dos Estados Unidos, o Brasil é um dos países que mais têm conexões aéreas com o país americano.

Todos os dias, partem mais voos dos Estados Unidos em direção ao Brasil, e vice-versa, do que de ou para qualquer outra nação do mundo. São quase 40 voos diários, diretos ou com escalas. Isso dá uma dimensão muito clara da importância do “vai e vem” de brasileiros e norte-americanos entre os dois países. O turista brasileiro – sempre ele, alegre, gastador e que adora os Estados Unidos, mesmo “metendo o pau” aqui e ali, para não perder nosso hábio – voltou a estar no topo entre os que mais visitam as cidades e atrações norte-americanas e é, segundo o site VisitUS, oficial do Departamento de Estado, o turista que, disparado, mais gasta e consome.

O que antes era uma grande dificuldade, atrair turistas e “business people” para o Brasil, se tornou uma ‘mina de ouro’ com o recente crescimento econômico e “redescoberta do Brasil” como uma das mais importantes e promissoras economias emergentes do planeta.

A concessão de vistos de negócios e turismo para americanos, nos 10 consulados do Brasil nos Estados Unidos, vem crescendo de forma geométrica.

Não é por outra razão que, ao se confirmar o que a imprensa vem noticiando, o “pacote” de medidas Obama-Dilma deverá incluir uma ampliação substancial das concessões de rotas aéreas entre os dois países, contemplando mais rotas diretas para diversas cidades, mais companhias aéreas entrando nesse mercado, e mais possibilidades e vantagens tarifárias para quem viaja tanto daqui prá lá, quanto de lá para cá.

A visita do presidente norte-americano promete. Será a antítese da visita de Bush, que era mal visto por grande parte da opinião pública brasileira. Obama, muito mais querido e até tratado como “celebridade pop”, vai encontrar um país que, se já tem grandes pilares de identidade e fascínio pela parte positiva da cultura norte-americana, agora também se identifica com seu presidente. E como detalhe histórico: o encontro do primeiro presidente negro dos Estados Unidos com a primeira presidente mulher do Brasil.

E ainda tem gente que acha que as coisas não mudam.