O passado nos ajuda a melhorar o futuro - Negócios e Empresas

Por Gazeta News

Futuro,_passado,_presente[1]_

Luigi Pardalese Pardalese Institute, Flórida

Na semana passada, nesta coluna, foi abordado o tema do ajuste político-econômico da catástrofe que se abate sobre a economia global e a ameaça de suas repercussões sobre o mundo. Não vamos aqui hoje dar continuidade plena, mas pegando um gancho do que foi falado, vamos lembrar a universalidade do conceito e da experiência observada nos últimos 20-25 anos, a época do “tudo pode”, isto é, o atingimento de sonhos sem sacrifícios e esforços correspondentes e proporcionais.

A Europa, tradicionalmente experiente e metódica, também gostou e lambuzou-se com a irresponsabilidade. E não se diga que a inconsequência irreverente e falta de maturidade foi originada na Grécia, Irlanda, Portugal e Espanha, países mais pobres de um continente que há séculos vive da exploração de seus parceiros mais pobres, oscilando historicamente entre as Américas e a África , para não tornarmos a abordagem mais ampla e complexa.

O modelo de exploração não foi muito diferente de antigas políticas colonialistas, quando se empurrava às colônias gastos desproporcionais a suas receitas, estas últimas em grande parte remetidas a suas matrizes, deixando os ônus dos pagamentos aos governos coloniais. A mesma receita de bolo, agora sob novas indumentárias, mais modernas e sofisticadas, foi aplicada aos países periféricos da Europa.

Dentro do plano teatral de uma dramaticidade bem treinada, ao lermos os jornais observamos um discurso austero da Alemanha, fazendo cobranças aos países menores por um comportamento que ela própria não seguiu quando permitiu seus bancos, irresponsavelmente, emprestarem à Grécia e outros países sem o necessário bom senso e prudência que deveriam ser próprias de países mais antigos, experimentados e, por que não dizer, responsáveis pelos danos que políticas fiscais e de crédito, desarvoradas, viessem a comprometer um sonho há muito acalentado pelos melhores e mais cultivados cérebros europeus, o conceito da unidade europeia e de uma moeda única, forte, que representasse união robusta e temperada. À irresponsabilidade germânica juntou-se a França, para só falarmos nos principais atores.

Aqui nos EUA, pelo menos, a brincadeira irresponsável voltou-se, bastante, para seu mercado interno, mantendo por um bom número de anos elevado nível de emprego e uma circulação de riqueza artificial, mas cujos benefícios aqui foram investidos, incrementando pesquisas e processos inovadores.

Mas o que isso tudo tem a ver com nossa comunidade e com os brasileiros que aqui vivem, empresários ou não, e que são objeto de nossos artigos? É que observamos em toda essa farra um certo traço marcante e repetitivo entre as economias que recebem os aparentes benefícios, sob a forma de investimentos e créditos, que desaguam em obras públicas e provocam uma circulação de riqueza exagerada, não condizente com as condições sócio-economicas dos países receptores das benesses estendidas, resultando em melhoria temporária do nível de empregos e uma artificial sensação de riqueza, que se esvai rapidamente entre os dedos das mãos que, aparentemente, controlam a situação, ao final gerando o caos e o desespero entre as famílias trabalhadoras.

Há que haver policiamento, nesses momentos de sedução, também por parte dos partidos políticos e entidades que lideram e representam a massa obreira, trabalhadora, em todos os seus níveis, tanto não-especializados, quanto os especializados. Unir-se ao comboio da felicidade instantânea, não alertando aos que têm que ser alertados e não carreando as riquezas advindas na direção correta, àquela que deixa raízes e uma base de fortalecimento econômico-social, torna os líderes cúmplices das decisões irresponsáveis dos manipuladores da coisa pública e dos anseios populares, que via de regra almejam o básico: sustento decente para suas famílias, incluindo-se educação e saúde para suas proles.

As comparações nunca são perfeitas. Contudo, nos atrevemos a lembrar que há alguns anos, quando a bolha estava crescendo e efervescendo, nossa comunidade achava que vivia bem e mantinha elevado nível de despesas. Não procurou se aperfeiçoar e sofisticar suas formas de fazer negócios. Não buscou as escolas para se aprimorar, aprender a língua local, aperfeiçoar conhecimentos e adquirir novos, enfim, melhorar de forma sustentada, de maneira que, quando os bons tempos terminassem ou sofressem alteração, estivessem melhor preparados para as vicissitudes que se seguissem.

Olhar para trás é sempre mais fácil. Também não é nosso objetivo lembrar agruras. Mas a tomada de melhores decisões está em nossas mãos. A proposta é relembrar um passado recente e deixar a sugestão de que a todos estão abertas as possibilidades. Preparar-se para melhor aproveitar os melhores momentos futuros que certamente ressurgirão é tarefa possível e cabível. Uma comunidade melhor treinada e educada não ficará tão exposta às dificuldades como no passado, pois nos posicionaremos melhor. Usemos os nossos exemplos e os históricos de outras sociedades para melhor usufruir da grandeza e vigor deste imenso país. Seremos todos mais felizes e, principalmente, respeitados como comunidade.