O que achei do live-action "Mulan"

Por JANA NASCIMENTO NAGASE

As atrizes Jo Lo, Pei-Pei Cheng, Xana Tang, Rosalind Chao e Yifei Liu em cena de "Mulan". (Cortesia: Disney)
A adaptação live-action do filme de animação de 1998, que tinha sua estreia marcada para estrear em março desse ano nos cinemas, têm um tom totalmente diferente e muitas mudanças, mesmo assim “Mulan” possui paisagens majestosas, trajes maravilhosos, um excelente elenco e uma ótima mensagem para as meninas. A versão moderna do longa é politicamente correta comparada com a original, mas foi preciso essa adaptação pelos dias em que estamos vivendo. O filme começa de uma forma familiar, mas depois muda para um território diferente com uma versão jovem de Mulan. Não há avó, mas ela tem uma irmã. O falcão é agora uma bruxa que muda de forma interpretada por Li Gong. Não há ancestrais, exceto por uma fênix na forma de um símbolo semelhante a uma pipa que guia Mulan quando ela está em perigo ou sem direção. O vilão também tem um proposito diferente. Mas, há muitas cenas que os fãs vão reconhecer e amar. A direção ficou por conta da neozelandesa Niki Caro que cuidou muito bem para definir o cenário da vida de Mulan. Nós a conhecemos como uma jovem precoce que é claramente diferente de sua irmã mais nova. Ela é muito próxima de seu pai, que aprecia todas as coisas que a tornam tão única, mesmo tendo que dar a notícia de que a sua missão será se casar um dia. Pode ter sido uma conversa pesada e clichê, mas o momento de ternura entre pai e filha repousa sob o peso reconfortante de que ambos sabem que essa é uma expectativa injusta. [caption id="attachment_204839" align="alignleft" width="300"] As atrizes Jo Lo, Pei-Pei Cheng, Xana Tang, Rosalind Chao e Yifei Liu em cena de "Mulan". (Cortesia: Disney)[/caption] Com a passagem do tempo, já vemos Mulan mais velha e indo ao encontro da sua futura sogra em uma cerimônia do chá cheio de tradição. Seu rosto está pintado, está com um quimono tradicional, seu cabelo longo e esvoaçante está amarrado em um nó no topo da cabeça, e ela se arrasta até a casa da casamenteira para o chá. A tolice da cena não é zombar dessas tradições antigas, mas retratar a falta de apego de Mulan tem aos costumes que exigiriam que ela se tornasse uma boneca pintada e julgada por seu valor conjugal. A diretora encontrou um delicado equilíbrio entre a importância da tradição e a necessidade que alguns têm de se livrar dela. A atriz chinesa Yifei Liu se apresenta como uma protagonista firme, que raramente revela suas verdadeiras emoções sobre qualquer coisa, e certamente nunca quando alguém está por perto para ver. É uma característica rara que as mulheres conseguem retratar, já que os “tipos fortes e calados” geralmente são atribuídios aos homens. Yifei Liu faz isso com um nível de graça e dignidade que nunca nos deixa questionando se Mulan tem sentimentos, apenas quais eles são. A talentosa atriz é cativante e captura o espírito de “Mulan” cm grandes nuances. Além Yifei Liu, estão no elenco Donnie Yen, Li Gong, Jet Li, Tzi Ma, Rosalind Chao, Jason Scott Lee, entre outros. Um elenco espetacular com performances bem marcantes. Jason Scott Lee, que interpreta Böri Khan, está claramente se divertindo com a oportunidade de fazer um vilão completo e com muito charme. Gong Li, que interpreta o falcão/bruxa Xianniang, também está abraçando um dos papéis mais complicados do filme, que tem uma boa evolução baseada em seus encontros com “Mulan”. Jet Li está quase que irreconhecível como o Imperador. Tzi Ma também continua a se dar bem em interpretar pais chineses em conflito. “Mulan” é um bom filme, agradável, mas, infelizmente não é o meu favorito live-action. Não sei, mas acho que perdeu um pouco do encanto para mim por causa de algumas atualizações feitas na história... claro que teve algumas necessárias para ser mais respeitoso e capturar a beleza das tradições chinesas.