O que você come na gestação pode influenciar seu filho até a vida adulta

Por Ivani Manzo

A gestação é basicamente um período de cuidados, mitos e verdades. Existem muitos conhecimentos populares que têm fundamento e outros, realmente, não. Falar de alimentação durante a gestação aborda muito bem esses aspectos.

Comer por dois é um dos dizeres que não tem nenhum fundamento e que pode levar algumas gestantes a engordarem muito e prejudicarem não só o bebê como a si mesmas.

Porém, é sim um período muito importante e, nesse momento, devemos dar atenção também à alimentação.

A maioria dos obstetras recomenda o uso de vitaminas para garantir a boa nutrição materna, que por sua vez irá garantir a saúde do bebê. O que muitas pessoas não sabem é o quanto a alimentação pode influenciar a saúde do bebê e que isso pode se estender até a vida adulta.

Uma das vitaminas mais importantes é o ácido fólico. Já é bem conhecida sua ação na formação do sistema nervoso central. Recentemente, um estudo feito no Brasil traz um resultado muito interessante com relação a essa vitamina. Uma pesquisa feita em ratas prenhas mostrou que diferentes doses dessa vitamina podem influenciar a expressão gênica dos filhotes. Os genes ligados as enfermidades cardiovasculares e a diabetes tipo II.

Os filhotes de ratas que receberam baixas dosagens dessa vitamina apresentaram maior expressão gênica para essas enfermidades, e aqueles filhotes de ratas que receberam suplementação dessa vitamina apresentaram menor expressão desses genes. Isso significa que a possibilidade desses filhotes desenvolverem essas enfermidades está aumentada na vida adulta.

Essa influência já havia sido encontrada, mas não explicada. Há mais ou menos 10 anos, alguns estudos mostraram a influência da desnutrição materna no desenvolvimento da obesidade dos filhos na vida adulta. Infelizmente, esses estudos surgiram da observação de um grande número de indivíduos obesos, com a mesma idade, na mesma cidade. Esta cidade sofreu embargo de alimentos durante a Segunda Guerra Mundial e os habitantes recebiam uma quota mínima de 800 calorias por dia. Sem dúvida, isso também atingiu as mulheres que estavam grávidas nesse período. Após 40 anos, os filhos dessas mulheres desenvolveram obesidade. Essa influência foi reproduzida em laboratório em ratas que eram privadas de alimentos durante a prenhez. Possivelmente, houve também uma alteração na expressão gênica dessas pessoas.

Esses dados podem ser alarmantes se pensarmos que existem algumas gestantes que têm feito jejum intermitente durante a gestação e ainda incentivadas por uma atriz famosa. A responsabilidade nesse período é grande porque além do bem-estar fetal durante a gestação, a mãe pode alterar a saúde do filho negativamente para o resto da vida.