O que o Facebook sabe sobre você?

Por Gazeta News

facebook-257829_640

A rede social mais popular do mundo reúne dados detalhados sobre quase 1,5 bilhão de pessoas. Com esses dados, a gigante criada por Mark Zuckerberg consegue vender anúncios segmentados para outras empresas – um restaurante que quer atingir mulheres de 25 a 40 anos em determinada cidade e que gostem de culinária asiática, por exemplo.

Para tornar esses anúncios mais eficientes, o Facebook precisa ter um raio-X bastante preciso das pessoas que eles podem atingir. Para isso, usa não só as informações sobre tudo o que você faz na rede – o que curte, o que decide que não quer ver, de onde você se conecta, onde faz check-in (marcar onde está), etc – como também tudo o que você faz em outros sites e aplicativos nos quais optou por se cadastrar via seu perfil de Facebook.

É por isso que, mesmo ajustando configurações de privacidade, é impossível evitar que o site armazene informações sobre você. Não adianta compartilhar mensagens, avisos nem manifestos.

De acordo com Thiago Tavares, especialista em direito digital da ONG Safenet, quando uma pessoa cria uma conta no Facebook, automaticamente concorda que eles usarão seus dados para ter lucro.

Mesmo assim, ainda pode ser surpreendente mergulhar na infinidade de dados que você fornece, voluntária e involuntariamente, ao Facebook. Geralmente, as pessoas se assustam com a quantidade de dados seus que estão expostos.

Como saber? Para saber tudo – ou quase tudo – que o Facebook armazena sobre você, basta ir em “Configurações” e escolha o “Geral”, no menu à esquerda. Embaixo dos seus dados haverá um link “Baixe suas informações”. Entre as informações, você terá acesso até aos anúncios que você clicou e tópicos de seus interesse de acordo com curtidas. Depois de solicitado, o Facebook enviará um pacote com pastas com fotos e vídeos e um arquivo chamado “index.htm”, que deve ser aberto em um navegador. Esse arquivo permite visualizar essas informações de maneira organizada.

Veja algumas informações armazenadas:

Reconhecimento facial. Logo na primeira página do arquivo, onde estão as informações pessoais, é possível ver três linhas de números que equivalem a uma espécie de impressão digital do seu rosto, segundo Thiago Tavares.

“Existem 34 pontos na face que são fixos e mapeáveis. A distância entre esses pontos pode ser calculada e esse cálculo permite que um algoritmo consiga identificar automaticamente uma face”.

É por isso que, quando um amigo coloca uma foto com você, o Facebook consegue saber que você está lá e sugerir que ele te marque nela.

Você pode impedir que a empresa guarde esse mapa da sua face e reconheça você nas fotos. Basta ir em “Configurações da linha do tempo e marcações” e escolher a opção “Ninguém” na pergunta “Quem vê as sugestões de marcações quando fotos parecidas com você são carregadas?”.

De onde você acessa. Para muitos, uma das seções mais surpreendentes do arquivo do Facebook é a de “Segurança”. Ali estão, por exemplo, informações sobre os computadores, celulares e tablets que você usou para entrar no site.

Ali estão os IPs — espécies de endereços numéricos usados pelos dispositivos para se comunicarem entre si na internet — e também as datas e horários em que a pessoa acessou o Facebook, os navegadores e mesmo a operadora do celular utilizada.

Além disso, o arquivo também lista cookies que o Facebook armazenou no seu navegador – são arquivos que registram rastros de navegação sobre tempo que você permaneceu em cada página, a sequência de cliques que deu, os dados que você colocou em um formulário online, o site através do qual você chegou naquela página, etc.

“Se eu desabilitar no meu navegador o armazenamento de cookies, não consigo usar o Facebook e muitos sites ou serviços. É por isso que esses produtos não são de graça como a maioria acha que são. Você paga com seus dados pessoais e com sua privacidade, fornecendo esse rastro de tudo o que faz”, diz Tavares.

O que você ‘gostaria’ de comprar. Na seção “Anúncios” do arquivo de dados há uma longa lista de empresas e tópicos que o Facebook acha que eu gostaria de ver na minha linha do tempo. Logo depois, há ainda uma lista dos anúncios clicados.

De acordo com Tavares, o Facebook decide quais anúncios mostrar a você a partir do seu comportamento na rede social – o que você curte, onde faz check-in, o que os seus amigos fazem. Se você usa bastante a opção “conectar com o Facebook” em outros sites e serviços, para evitar ter diversos cadastros, saiba que o que você faz nesses sites também poderá ser usado na rede de Mark Zuckerberg.

Nas suas configurações, você pode impedir que o Facebook use dados sobre sua atividade nestes outros sites e aplicativos para refinar os anúncios que mostra a você. Mesmo assim, a empresa continua coletando estas informações — e elas não estão disponíveis para download.

“É impossível não ver anúncios no Facebook, da mesma forma que é impossível ter 100% de privacidade usando redes sociais. Uma coisa se tornou incompatível com a outra. É vendendo anúncios que a plataforma ganha dinheiro”, afirma.

Também nas configurações do seu perfil, na seção “Anúncios”, você tem acesso a uma lista muito mais completa do que o Facebook acha que você gostaria de ver ou comprar. Nesse caso, é possível até tirar e adicionar coisas à lista. É importante lembrar, no entanto, que isso também significa fornecer mais informação específica sobre suas preferências ao Facebook.

Quer desistir de tudo? Atualmente, o Facebook possui duas opções de saída. Desativar sua conta é como “dar um tempo” no relacionamento. Todas as suas informações permanecem lá, segundo a empresa, até que você decida voltar. Já a opção de excluir a conta significa um ponto final.

O Facebook diz que pode levar até 90 dias para deletar todas as suas publicações, mas mensagens privadas trocadas com amigos, por exemplo, continuam nas caixas de mensagens deles. “A sua privacidade hoje não depende só do que você publica sobre si mesmo, mas também do que o outro compartilha ou publica sobre você”, diz Thiago Tavares.

“Enquanto seus amigos estiverem no Facebook, você nunca vai sair completamente dele, porque suas interações permanecem lá”. Fonte: BBC.