O retrato dos EUA herdado por Barack Obama

Por Gazeta Admininstrator

Durante a campanha presidencial de 2000, George W. Bush prometeu uma política externa humilde. E o mundo, de fato, não era tão perigoso. Barack Obama, seu sucessor, recebe o país em recessão e com a imagem internacional abalada pela política externa controvertida. Veja o ponto-a-ponto dos principais temas de crise na política americana:

Crise financeira
Bush não reconheceu os sinais de alerta. Promoveu a desregulação que provocou as turbulências financeiras e a crise mundial. Desperdiçou o excedente deixado pela administração de Bill Clinton nas contas, enquanto seu sucessor, Barack Obama, herdará um déficit bilionário.
Imigração
Há 2 milhões de imigrantes ilegais no país, que representam 1 em cada 20 traba-lhadores americanos

Petróleo
Em 2000, os EUA consumiam 19,7 mi-lhões de barris por dia de petróleo, segundo o governo. Este índice chegou a subir a 20,68 milhões de barris em 2007 - alta de 4,97%. No entanto, devido à recessão, a importação deve cair, em 2008, para 19,51 milhões. Entre 2001 e 2007, a importação de petróleo cresceu 13,45%. O consumo americano representa 24% do mercado mundial

Pobreza
O número de americanos pobres, em 2007 foi de 37.3 milhões, ou seja, 12,5% da população total. Quando Bush assumiu, em 2001, era de 11,7%. Quase 5 milhões ficaram pobres, durante o governo Bush. Além disso, o consumidor americano é o mais endividado do mundo (as famílias devem o equivalente a 140% de suas rendas).

POLÍTICA EXTERNA

Direitos Humanos
2008: Prisões secretas da CIA e torturas cometidas na Baía de Guantánamo e Abu Graib, no Iraque, abalaram a imagem dos EUA no exterior e debilitaram sua antiga posição de guardião dos direitos humanos no mundo.

Afeganistão e Paquistão
Em 2000, Bill Clinton fez sua única visita ao subcontinente indiano, no qual passou por Índia, Paquistão e Bangladesh, em meio a conversas entre os dois vizinhos nucleares sobre a Caxemira. O presidente via com ressalvas o golpe de Estado que levou o general Pervez Musharraf ao po-der. Sete anos após a invasão dos EUA no Afeganistão, a Al-Qaeda volta a se reagrupar na fronteira afegã-paquistanesa e ajuda o Taleban a ampliar ações nos dois países. A situação de segurança no Afeganistão voltou aos níveis de 2001.

Irã
Clinton deixou de herança uma relação de altos e baixos com o Irã. Em 95, o presidente assinou um pacote de sanções ao país, considerado pelos EUA um “Estado vampiro” e patrocinador no terrorismo. No entanto, com a eleição do moderado Mohammed Khatani, em 97, houve um ensaio de reaproximação. Algumas sanções foram aliviadas, em 1999. Na era Bush, com a ascensão de Mahmoud Ahmadinejad, as relações entre os dois países se deterioraram. O Irã passou a falar abertamente em desenvolver um programa nuclear. Embora Teerã alegue que o projeto tenha fins pacíficos, Washington argumenta que os persas almejam desenvolver armas nucleares. Bush chegou a cogitar uma intervenção armada.
Além disso, a influência xiita iraniana sobre o Iraque e o Hezbollah cresceu, e o país ganhou força no cenário político do Oriente Médio. Em uma postura de confronto com o Ocidente, Ahmadinejad diz que Israel não tem direito de existir, que o Holocausto não aconteceu e que os atentados de 11 de setembro são duvidosos, uma vez que “os prédios podem ter entrado em colapso sozinhos”.

Coreia do Norte
Clinton havia conseguido um acordo, mediado pelo ex-presidente Jimmy Carter ,com a Coreia do Norte, para fechar o reator de Yongbyon, em 94, que foi respeitado até 2002. Após incluir a Coreia do Norte no eixo do mal, em 2002, Bush adotou negociações diplomáticas para demover a nação comunista de adquirir armas nucleares. Os EUA retiraram o país da lista de patrocinadores do terror.

Crise israelo-palestina
Em 2000, os esforços do presidente Bill Clinton para um acordo de paz no Oriente Médio caíram por terra quando o presidente da Autoridade Palestina, Yasser Arafat, e o então premiê israelense Ehud Olmert não chegaram a um acordo de paz na cúpula de Camp David. No mesmo ano, a visita do líder da oposição em Israel, Ariel Sharon, a esplanada das mesquitas em Jerusalém, um lugar sagrado para os muçulmanos, desencadeou a Segunda Intifada, uma onda de violência dos palestinos contra Israel.
2007 - Bush não se envolveu na questão até 2007. Antes, serviu aos interesses dos aliados israelenses. Sua administração apoiou as eleições nos territórios palestinos, que permitiram que o Hamas tomasse o controle da Faixa de Gaza. Porém, Bush foi o primeiro presidente a pedir pela criação de um Estado palestino que coexista com Israel e incentivou a ideia na região, relançando as negociações de paz. No final do mandato, Bush apoiou a invasão de Gaza por Israel contra o Hamas.

Iraque
O presidente Bill Clinton havia imposto seguidas sanções ao regime de Saddam Hussein. Em 98, após a recusa do Iraque em permitir inspeções da ONU para verificação do desenvolvimento de armas de destruição em massa, o democrata orde-nou uma série de bombardeios ao Iraque. Com a justificativa de que o Iraque possuía armas de destruição em massa e ligações com terroristas da Al-Qaeda, o que depois se provou falso, Bush invadiu o Iraque e depôs Saddam Hussein. O ex-ditador foi preso, julgado e condenado à morte.
A guerra matou mais de 90 mil civis e 4 mil soldados americanos. Mais de 4,5 milhões de iraquianos foram desalojados, e 30 mil militares americanos, feridos.
A situação da segurança no Iraque me-lhorou com o reforço militar enviado em 2007 e com o acordo de divisão de poder entre tribos sunitas e líderes xiitas do país, que isolou radicais islâmicos. Atualmente, 150 mil soldados estão em missão no país, e um acordo assinado com o governo iraquiano prevê a retirada gradual até o final de 2011.

Europa
O governo Clinton focou seus esforços diplomáticos na Europa na guerra civil na ex-Iugoslávia e no conflito em Kosovo. Bush criou uma cisão entre os EUA e alguns países da UE, durante a invasão do Iraque, como França e Alemanha, mas manteve uma sólida aliança com o Reino Unido. Após mudanças eleitorais, Espanha e Itália abandonaram o Iraque.
Os EUA têm apoiado a inclusão de ex-repúblicas soviéticas, como a Geórgia e a Ucrânia, na Otan, e aproveitou o sentimento antirrusso em algumas repúblicas do leste europeu para lançar o projeto de um escudo antimísseis na Polônia e na República Tcheca. O Kremlin, cuja importância política e econômica cresceu durante o governo de Vladimir Putin, alega que o escudo é prejudicial à segurança russa. Os EUA argumentam que o projeto visa conter a ameaça nuclear iraniana.

Aquecimento global
Apesar de ter assinado o protocolo de Kyoto, Bill Clinton nunca o submeteu a votação do Senado para ratificação. Bush negou-se a ratificar o Protocolo de Kyoto, alegando que prejudicaria a economia. A medida acabou minando os esforços para combater o aquecimento global.