O Rio de Janeiro é lindo

Por Gazeta Admininstrator

Quase cinqüenta anos depois de ter deixado de ser a capital brasileira, o Rio de Janeiro continua sendo um dos principais portões de entrada do País. Em grande parte, por causa de uma exuberância de belezas naturais que nem o tempo, nem outros “fatores externos” conseguiram eliminar.

Explicar os encantos do Rio não é uma tarefa fácil, nem mesmo para um carioca, mesmo porque, não há muito o que explicar no óbvio: o Rio é lindo. Mas um texto do escritor Carlos Heitor Cony, publicado no jornal A Folha de São Paulo, retrata bem o orgulho de quem nasceu em uma das mais belas cidades do mundo. “Para começar, a melhor coisa do Rio é justamente aquilo que o paulista mais detesta: o carioca em si, com sua cabeça, tronco e membros... mas o carioca, tirados os nove fora, é um brasileiro comum e banal, não tem culpa de ter nascido e viver com o Cristo Redentor, braços abertos sobre a Guanabara, como diz um sambinha famoso”, brinca o escritor.

Provocações à parte, o fato é que metrópoles do turismo internacional como Paris, Roma e New York não têm praia. E o Rio de Janeiro tem. São quilômetros de orla, brisa, aquele horizonte sem fim, emoldurando multidões que expõem o corpo com a naturalidade dos que sempre encontram, pelo menos, uns minutinhos na agenda para um banho de mar e uma água de côco.

É verdade que ver as favelas como um equilíbrio exótico de submoradias pode ser um visual pouco estranho, no início, mas como escreveu o economista Carlos Lessa em “O Rio de Todos os Brasis”, “o carioca não tem medo da multidão, tem medo, sim, da praça vazia”. E é esse “estado de espírito”, que faz do Rio de Janeiro uma cidade única.

Talvez por seu “jeito de ser” que, há décadas, o Rio é um dos primeiros destinos lembrados por estrangeiros que planejam visitar a América Latina. E quem quiser responsabilizar alguém por isso, pode começar relacionando Noel Rosa, Cartola, Tom Jobim, Vinícius, João Gilberto, Miúcha, Nara Leão, Chico Buarque, Elza Soares, Cazuza, Marina Lima e Paulinho da Viola que, entre tantos outros, cantaram e divulgaram a “cara” do Rio pelo mundo, além, é claro, da imponência do Cristo Redentor, das intermináveis praias, do samba, do carnaval, da hospitalidade, da beleza que passeia pelos calçadões...

Estes, são apenas alguns dos fatores que encantam os turistas estrangeiros (e também brasileiros). Ao lado da Europa, os Estados Unidos são o maior emissor de turistas para o Brasil. E as autoridades e empresários ligados ao setor de turismo brasileiro querem aumentar ainda mais esse movimento de turistas. As iniciativas neste sentido têm se mostrado rápidas. Em setembro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva lançou, em New York, o programa “Brasil Sencacional”. Na mesma ocasião, o presidente da TAM, David Barioni Neto anunciou que, até o final do ano, a empresa terá 170 linhas entre Brasil e Estados Unidos.

Este mês, a TAM inaugurou linha com vôos diretos entre Miami e Rio de Janeiro. A convite da TAM, e com uma programação elaborada pela agência receptiva Adventure World Brasil, um grupo de representantes da imprensa brasileira na Flórida viajou para o Rio de Janeiro. “O Rio foi muito sacrificado pelas notícias ruins, por isso, estamos trabalhando sempre mais para provar que aqui tem segurança e diversão. Basta estar bem acompanhado”, diz Cristina Soares, guia turística da Adventure World.
Na programação organizada pela agência estão visitas ao Corcovado e Pão de Açúcar, jantar na churrascaria Porcão Rio’s, hospedagem no Excelsior Copacabana Hotel, com direito a recepção de mulatas e visita à casa noturna Scenarium, “point” jovem na Lapa, que também exibita uma exposição de Emilinha Borba, e muito samba. Além disso, show de fantasias no Plataforma, almoço no restaurante Terraneo Chef’s, feijoada no Sheraton Rio, no Leblon e almoço no Sofitel Hotel, em Copacabana.

- Eu, que sou do Rio de Janeiro, não conhecia tantas opções de diversão, adorei fazer este tour - diz Alex Correa, gerente de vendas e marketing da TAM Miami.

O gerente-geral da Adventure World, Luiz Pimenta Neto, explica que a visita ao Rio pode atender a todos os gostos. “Pra quem quer alegria e samba no pé, eu já ofereço os ensaios de escolas de samba. Lá não tem como ficar parado, e o Scenarium, na Lapa, que é simplesmente a cara do Rio”, diz.

Outro grande atrativo do Rio, recomendado pela agência, são os programas ecológicos. “Além das nossas praias, o Rio de Janeiro oferece uma combinação única de mar, montanhas e florestas tropicais, além de contar com uma excelente infra-estrutura de parques e trilhas bem sinalizadas, estimulando assim o desenvolvimento do turismo ecológico. As trilhas ofertadas são leves e fáceis cujo objetivo é oferecer uma proposta diferente de ver a cidade, unindo aventura e natureza.”, conclui.

Entre os hotéis selecionados pela Adventure World estão o JW Marriot, em Copacabana, com diárias entre $450 e $2 mil, o Sheraton Rio, no Leblon, com diárias em reais, entre R$470 e R$ 1,5 mil, o Sofitel Hotel, em Copacabana, com diárias entre R$650 e R$4 mil e o Hotel Excelsior, em Copacabana, com diárias entre R$400 e R$910. Os preços variam de acordo com as datas e pacotes das agências. “A vantagem do turista se hospedar em um hotel de rede americana, é que tudo aqui é padrão, até o jeito de dobrar as toalhas, os móveis e o atendimento. Somos iguais em qualquer parte do mundo” disse Daniela Musse, gerente de contas Tour & Travel- JW Marriott em Copacabana.

- “Nossos hospedes são mais estrangeiros, pelo menos 80% deles. Somos o único hotel da cidade junto da areia e o espaço que temos para recreação atrai turistas que gostam de natureza. Oferecemos uma academia com massagistas, sauna, personal trainer e alimentaçào saudável - diz Marcia Sales, gerente de Vendas do Sheraton Rio Hotel.

Novidade:
Começou a vigorar este mês, um novo programa batizado de City Card, a partir do qual os turistas podem ter descontos para conhecer as atrações do Rio de Janeiro. O cartão, que custa R$ 93,50, dá direito a passeios ao Trem do Corcovado, Pão de Açúcar, tour e visitação no Maracanã, tour na Baía da Guanabara, museus de Arte Moderna, do Açude, e da Chácara do Céu.
Segundo informações da assessoria da Secretaria especial de Turismo, o novo cartão também oferece descontos em diversos bares, restaurantes e casas noturnas.

Ainda segundo a Secretaria, o cartão é intransferível e válido por sete dias. Para comprar ou obter mais informações, acesse o site da empresa (www.riopass.com).

Dicas para “curtir” o Rio:
1. Andar na avenida que beira toda a orla, no domingo ou no feriado. Do Leblon ao fim de Copacabana, no Leme, é um grande, harmonioso, delicioso ir-e-vir de gente de todo o tipo, que aproveita a ausência de trânsito (os carros são proibidos de circular na beira mar nesses dias), num “footing” que se tornou um dos espaços mais democráticos já vistos.

2. Vá à praia, qualquer delas, preferencialmente Ipanema/Leblon, de onde se avista a imponência quase excitante do morro Dois Irmãos (informe-se sobre as condições da água antes de entrar no mar; se estiver vetada para o banho, não faz mal: tome sol e depois se molhe num dos diversos postos de salvamento existentes ao longo da orla).

3. No sábado, domingo ou feriado, arrume um carro, contrate um táxi (negocie bastante) ou implore a um amigo e vá às Paineiras. Trata-se de uma estradinha linda que contorna a encosta do conjunto Corcovado/Sumaré, de onde se avista toda a zona sul da cidade, inclusive e, principalmente, a Lagoa e o Jardim Botânico, enquanto você passeia a pé sob a sombra de árvores típicas da mata atlântica (replantada, diga-se). Com sorte, você verá um macaco-prego ou um mico com seu filhote; borboletas e passarinhos há de sobra. O carro fica estacionado próximo à subida do Cristo Redentor, enquanto você se deleita e exercita as coronárias. Ah, vá com roupa de banho por baixo das bermudas, porque há pelo menos três bicas ótimas para o banho.

4. Se você for ao Jardim Botânico e só passear pela alameda das palmeiras imperiais e visitar o viveiro de bromélias já terá garantido o bem-estar para a semana seguinte inteira. Mas não fique apenas nisso: ande, investigue todas as maravilhas de um dos jardins botânicos mais bonitos do mundo, criação de D. João VI, que só ficou cada vez mais deslumbrante do Império para cá.

5. Vá passear na pista que contorna a Lagoa Rodrigo de Freitas. A volta toda tem 7 km, mas não precisa tanto. Dê uma caminhada, preferencialmente, do lado de Ipanema, que é de onde se tem a melhor vista da Floresta da Tijuca (onde estão Paineiras, o Cristo, o Jardim Botânico, etc.).

6. Dê um pulo ao Pão de Açúcar e ao Cristo Redentor. São dois dos visuais mais excitantes que se pode ter de uma metrópole, pelo menos para quem não acha que só exis-tem Paris e New York no mundo.

7. Num dos cantos da praça de onde sai o bondinho do Pão de Açúcar, na Praia Vermelha (Urca), existe uma escola. Ao lado dessa escola começa a pista Cláudio Coutinho. Era onde o pessoal do Exército corria antigamente e que é aberta ao público. Ela fica nada menos que na encosta do Pão de Açúcar, entre a rocha gigantesca e o mar. É deslumbrante e única.

8. O Rio tem a melhor moda praia do país. Ela pode ser encontrada no shopping mais chique da cidade (São Conrado Fashion Mall, em São Conrado) ou nas muitas lojas das muitas galerias que existem em Ipanema e no Leblon. Ande pela rua Visconde de Pirajá na altura do nº 500 e entre nas galerias que encontrar, suba às sobrelojas e surpreenda-se, não apenas com biquínis e maiôs: há muita coisa, inclusive arte e artigos para casa, que não se vê facilmente em outras cidades. No Leblon, não deixe de ir ao Rio Design Center, que fica no piso térreo de um imenso apart-hotel redondo e de vidros pretos, onde, durante anos, residiu o compositor João Gilberto. As lojas de móveis e objetos - nacionais e importados - são muito boas e há uma feira de antiguidades nos corredores aos domingos.

9. Arrume um amigo carioca e peça para ele levá-lo à Lapa e conheça os sambas do Scenarium, passando por uma infinidade de botecos e ritmos, num cenário que lembra ora o Brasil colonial, ora a era de Getúlio Vargas, ora a antiga e famosa malandragem carioca. Mas como a malandragem moderna também está presente, nunca vá desacompanhado.

10. Esse pequeno rol de dicas não traz nenhum endereço justamente para você exercitar uma das coisas que os cariocas mais gostam de fazer: conversar. Portanto, quando você quiser ir a algum dos lugares relacionados acima, pergunte. No hotel, na rua, na praia, no quiosque de côco fresco, no botequim da esquina, para o transeunte, o balconista da loja. Em geral, o pessoal adora dar informações, às vezes detalhadas até demais. Não confie inteiramente nos taxistas, como em qualquer lugar do mundo, mas tenha certeza de que, se há um lugar em que a velha cordialidade brasileira ainda sobrevive um pouco, esse lugar é o Rio de Janeiro. (Dicas publicadas na Folha de São Paulo).