O selo artístico de Naza.

Por Gazeta Admininstrator

Pela primeira vez uma artista plástica brasileira tem sua obra estampada em um selo postal norte-americano. Nazareth McSarren ou Naza, como é conhecida, escolheu o quadro a óleo “United We Stand” para ser a primeira pintura de uma série que tem o nome “Mail a Naza”. Os selos, com tiragem limitada, têm o objetivo de permitir aos amantes da arte compartilhar o prazer estético através de reproduções do trabalho de seus artistas favoritos.

Com a característica marcante de pinturas abstratas, a trajetória artística de Naza é também composta por um extenso acervo de retratos que ocupam lugar de destaque em um incontável número de molduras nas casas e escritórios de políticos, intelectuais e sociallites no Brasil, Europa e Estados Unidos.

Os retratos, que Naza já perdeu a conta de quantos fez, alimentam e são alimentados pelo abstrato, e dão a ela a liberdade necessária para criar e expressar-se sem limites. “Eu tenho muitas encomendas, e o retrato tem a característica de que quando estou fazendo um quadro ele já está vendido. Com isso não tenho que sacrificar a integridade artística nos outros trabalhos”, explica. Naza tem uma definição interessante em relação à pintura abstrata. Ela diz que os seus quadros “são retratos do pensamento e do sentimento, que têm que ser pintados de forma realista. Figurativa, mas realista”, o que requer, naturalmente, conhecimento técnico que ela conta ter adquirido com os retratos. “O meu tipo de abstrato só uma pessoa que sabe pintar coisa tão complexa e figurativa quanto o retrato pode fazer. Mesmo que as formas sejam abstratas, é preciso um conhecimento técnico imenso para dar aquela idéia de volume, distância, pedaço de uma coisa e outra. Para tudo isso é preciso muita técnica, e o retrato me deu isso”, detalha.

Outra característica das pinturas de Naza é a presença, em várias séries, de animais em extinção, que acabou virando quase uma marca registrada da artista. “Passei uma fase longa pintando animais em perigo de extinção, mas isso não é nada. O meu trabalho, na realidade, é sempre o ser humano. Se pinto uma mesa, ou uma pantera, é sempre a visão, a emoção do ser humano olhando para aquilo”, analisa.

O traço marcante de Naza, por força de sua própria história de vida, não sofreu influências externas. “Passei o começo da minha carreira isolada, sem saber o que acontecia no mundo da arte. Depois que desenvolvi meu estilo, e que ele ficou bem sólido, é que comecei a ver o que acontecia lá fora. Eu pintava sem saber o porquê”, conta.

Piauiense de Santa Cruz do Piaui, no interior do estado, Naza iniciou sua duradoura relação com a arte aos nove anos, quando instintivamente pintava retratos à carvão na calçada de casa. Foi nessa época que, quando sua irmã lhe deu de presente algum material de pintura comprado “na cidade grande”, Naza pintou os retratos de Jackeline Kennedy e Nelson Rockfeller, tirados de uma revista, e pediu ao pai que encaminhasse para o locutor da Voz da América Pedro Catar que, Naza tinha certeza, faria chegar às mãos dos dois. “Eu não tinha noção, nem sabia o que eram os EUA”, diverte-se a artista.
O fato de ter nascido no interior do Nordeste brasileiro, curiosamente, resultou em um ponto favorável para Naza. “Morar no interior do Piaui, filha de pais que se preocupam com a educação valeu à pena. No Rio de Janeiro os jovens assistiam a novelas e estavam passeando, e eu lia Dostoyewski e Jean Paul Sartre. Não tinha luz elétrica e eu lia com luz de lamparina a querosene. Não tinha chuveiro quente, mas tínhamos uma estante cheia de livros”, lembra.

Premiada duas vezes pela Academia de Artes e Literatura de Paris pela qualidade de seus trabalhos e pela contribuição para o melhoramento da raça humana, Naza recebeu também prêmios no Canadá, North Caroline, Fort Clayton, no Panamá e Ohio, entre outros. Suas obras estão expostas em diversas galerias no Brasil, Alemanha e Estados Unidos. “Gosto de ficar com os quadros comigo para reduzir o tempo de entrega para o cliente quando a obra é vendida pela internet. Por isso evito de deixar a maioria nas galerias”, explica.
Nova forma de arte – A artista brasileira lembra que embora alguns críticos sejam “puristas”, e contra a idéia de reproduzir a arte em produtos comerciais, ela vê uma grande diferença entre pintar um quadro comercial e fazer uso comercial da imagem de um quadro que foi pintado com toda a liberdade artística.

Naza está lançando linhas de produtos com reproduções de suas pinturas que incluem jóias, bijouterias, vestidos de noite e vestidos esportivos, além de camisetas. “Nas jóias, bijouterias e roupas terei uma linha mais popular e outra bem exclusiva, para atender a todo o tipo de público. As bijouterias são banhadas a ouro e prata, todas com pedras naturais. Só utilizo corais cultivados e não uso nenhum material em risco de extinção. Cada quadro vai criar uma quantidade limitada para roupas e acessórios”, detalha a artista.