O jogador de futebol Romário foi pego no exame antidoping por causa da presença da “finasterida”, uma substância usada para combater a queda de cabelo. Não é só o jogador que sofre com este problema. Aliás, essa é uma das principais queixas masculinas. O nome científico da queda de cabelo é alopecia androgenética. A queda pode ser parcial ou total, temporária ou permanente. A boa notícia é que, com um bom diagnóstico, a maioria dos casos de alopecia é reversível. Então, homens, animem-se e, assim como Romário, lutem pelos seus fios.
Há dois tipos de queda de cabelos, a cicatricial, quando não há a possibilidade de regeneração dos fios na região da queda. Esta é causada por queimaduras, radiação ou cicatriz. E a não-cicatricial, que é causada por estresse, hereditariedade, alimentação, uso contínuo de bonés e excesso de química. Neste caso, o cabelo pode voltar a crescer. Mas a principal causa da queda de cabelo é a hereditariedade.
A hereditariedade pode ser adquirida tanto do pai quanto da mãe. Para diagnosticar, pode-se fazer exames com o fio do cabelo em microscópios, fazer testes de tração ou exames laboratoriais, incluindo a biópsia do couro cabeludo e a nova técnica da fototricograma digital, que combina luz microscópica digital e softwares de imagens analíticas para contar o número, o comprimento e tipo de fios em determinada área.
Segundo o dermatologista Paulo Freire, da Universidade Federal de São Paulo, “a perda de cabelo transitória pode regredir espontaneamente ou exigir tratamento médico para acelerar a recuperação dos cabelos. Já as perdas permanentes não têm cura. O tratamento retarda a perda ou minimiza seus efeitos”, explica.
Para saber se você está desenvolvendo a calvície, observe se os cabelos começam a afinar no topo da cabeça e as entradas laterais se acentuam. A queda dos fios pode evoluir de diversas maneiras e atingir diferentes graus de calvície. “Mas é bom lembrar que o fio do cabelo não é permanente, a queda dos cabelos é considerada normal quando você perde, em média, 100 fios por dia. A perda diária é totalmente variável entre os indivíduos, e pode ser afetada até pelo seu estado de saúde”, alerta o dr. Paulo Freire.
Sua incidência normalmente aumenta com a idade. Os primeiros sinais podem surgir entre os 17 e os 25 anos, mas é na faixa dos 40 aos 50 que ataca com força total. O melhor mesmo é começar a cuidar logo que os primeiros sinais se manifestarem, principalmente se os carecas forem a maioria em sua família.
Entre as opções de tratamento, o mais eficaz é o implante capilar. Os mais comuns são os microtransplantes, que são pequenas cirurgias na região calva de fios retirados de pontos com cabelos, as regiões doadoras. Após seis ou oito meses, os cabelos crescem, em média, um centímetro por mês nos homens. “Geralmente esses implantes devem ser feitos com a calvície moderada. Quando a calvície é extensa, outras técnicas cirúrgicas complementares podem ser feitas, como a redução cirúrgica da área sem cabelos e a colocação de expansores de tecido para posterior cirurgia de redução da calvície”, explica o médico.
Outra opção mais moderna, e também mais cara, é o Transplante Folicular Coronal, no qual unidades foliculares com três ou quatro fios são transplantadas. “A vantagem deste tratamento é que dá um aspecto mais natural ao cabelo e na maioria dos casos é necessário só uma sessão”, explica Arthur Tykocinski.
Quem não quer radicalizar e prefere tratamentos, deve saber que eles são longos e não garantem milagres. Os resultados são diferentes de pessoa para pessoa e os sintomas voltam a aparecer se o medicamento e o tratamento forem suspensos. Mas se forem feitos com acompanhamento médico e sem interrupções, melhoram a queda e podem dar uma boa melhorada no quadro.
Os dermatologistas costumam começar com o uso de shampoos e condicionadores específicos para queda, além de tônicos. Se isso não der resultado, algumas substâncias químicas, entre elas a finasterida de Romário, podem ser incorporadas em medicação. Alfa estradiol e minoxidil são outras opções. O importante mesmo é nunca desistir!
Tabaco
Estudo publicado pela revista científica Archives of Dermatology concluiu, a partir de pesquisa envolvendo homens asiáticos, que o tabaco provoca calvície masculina. O trabalho levanta ainda a hipótese de que o cigarro pode danificar os vasos sangüíneos e o ADN do couro cabeludo.
De acordo com a pesquisa, os homens que fumam pelo menos 20 cigarros por dia expõem-se a um maior risco de sofrer alopecia androgênica moderada ou grave, comumente conhecida como calvíce.
Este tipo de alopecia é o mais comum entre os homens e começa freqüentemente com entradas nas têmporas, seguido de queda de cabelo no alto e na frente da cabeça, até deixá-lo em forma de ferradura à volta da cabeça, e pode levar à queda total do cabelo.
O estudo baseou-se na análise do volume do cabelo e nos hábitos de fumar de 740 homens de Taiwan entre 40 e 91 anos de idade, explicaram os autores, Lin-Hui Su, do hospital Far Eastern Memorial, e Tony Hsiu-Hsiu Chen, da Universidade Nacional de Taiwan.
Os médicos acreditam que fumar pode destruir os folículos pilosos, onde nasce o cabelo, danificar os vasos sanguíneos que regam a raiz e prejudicar as hormonas que estimulam o seu crescimento, ou aumentar a produção de estrógenos, que neutraliza os efeitos do andrógeno, a hormona que faz crescer os pêlos nos homens.
O estudo também constata que os homens de Taiwan sofrem menos calvície que os ocidentais brancos, um resultado idêntico ao obtido por outras investigações sobre homens asiáticos.
Mulheres
A calvície não é um problema exclusivamente masculino. As mulheres, seja por herança genética ou fatores externos, como dietas de emagrecimento muito severas, podem ter queda de cabelo e serem atingidas pela calvície. A alopecia androgênica feminina, nome científico mais usado para identificar a calvície feminina, ocorre devido à ação de uma enzima chamada 5-alfa-redutase, que age sobre o hormônio masculino andrógeno (também presente no organismo feminino, mas em menor quantidade).
Segundo Juliana Burihan Cahali, dermatologista do Hospital do Servidor Público Estadual (SP), não existe um biotipo mais propenso a ter calvície feminina. “A alopecia pode acometer diversas faixas etárias e pode ter ligação com herança genética ou não. Ela costuma ser mais freqüente em mulheres na menopausa, por causa da redução hormonal”, afirma Juliana.
Uma das causas da alopecia (queda de cabelo) é a hormonal, pois está ligada ao aumento de produção do andrógeno. A calvície também pode ter ligações com a herança genética, em alguns casos. Quando alguém na família já tem o histórico de perda capilar é preciso ficar atento para qualquer queda de cabelo excessiva. O abuso de química nos cabeleireiros e uma dieta não balanceada também podem ter impacto sobre a estrutura capilar.
A cirurgiã plástica Célia Sampaio Costa, especializada em restauração capilar, afirma que as mulheres começam a perceber os primeiros sinais de queda capilar quando o cabelo começa a cair no travesseiro, no chão, nas roupas e na hora do banho.
Riscos
Para a dermatologista Áurea Lopes, a diferença entre a calvície feminina e a masculina se dá tanto nas causas quanto no padrão de perda do cabelo. “A mulher costuma ter uma perda maior na parte frontal da cabeça, enquanto os homens têm perdas laterais e na parte de cima da cabeça”, declara Áurea.
Nestor Faulos Fraga, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia, acrescenta que o cabelo da mulher vai rareando sem recessão frontal, ou seja, nela não existem as “entradas”, além disso, não existe uma localização específica para cair, é uma queda difusa. “Raramente, a mulher fica totalmente careca, a não ser que tenha uma alopecia areata, que é uma condição caracterizada por perda de cabelo ou de pêlos em áreas arredondadas ou ovais do couro cabeludo ou de outras partes do corpo”, enfatiza Fraga.
Prevenção
Algumas vitaminas para o fortalecimento e crescimento dos fios e medicações anti-androgênica (que reduzem a ação dos hormônios masculinos) podem ajudar a prevenir a calvície. Para Arthur Tykocinski, dermato-logista membro da comissão organizadora do Congresso Mundial de Restauração Capilar, para um tratamento mais eficaz, a primeira coisa a ser feita é um bom diagnóstico. “Uma série de exames deve ser realizada para que a causa da calvície possa ser descoberta. Fototricoscopia (exame microscópico do cabelo), biopsia do fio, exames laboratoriais como, por exemplo, de sangue e ultrasom, podem ajudar a obtenção de um parecer médico”, declara Tykocinski.
O dermatologista Nuno Osório acrescenta que casos selecionados podem ser indicados ao transplante capilar e também a um tratamento com laser que parece aumentar o fluxo sanguíneo capilar e o metabolismo local.

