O surpreendente ?Brazil? que ficou

Por Gazeta Admininstrator

Durante os últimos meses estamos convivendo com uma noção de que uma subs-
tancial parte da comunidade brasileira teria dado “adeus’, definitiva ou temporaria-
mente, ao “sonho americano” e rumado de volta à nossa terra.
As razões de tal “debandada” seriam as dificuldades econômicas vividas pela nação norte-americana, mergulhada numa recessão há mais de um ano. Esse fato, que claramente afetou a economia de nossa comunidade, se juntou à desesperança por uma solução imigratória tão ansiosamente esperada e que, infelizmente, ainda está em “compasso de espera”, agora em função da crucial eleição presidencial.
Muito se falou, e ainda se fala, do “tamanho” dessa debandada. E, como é natural, a imprensa comunitária deu espaços e ampliou de forma, creio, desproporcional, a dimensão do “bloco dos que voltaram”, fazendo alguns acreditarem que o futuro da comunidade brasileira nos Estados Unidos seria muito incerto.
Nunca acreditei nisso. Nem por um segundo. E como sou um dos integrantes de nossa comunidade que mais viaja por todos os pontos do país, participando ou realizando eventos, mantendo há duas décadas contato permanente com lideranças de nosso povo, seja em Seattle ou Cape Cod, em Orlando ou San Diego, em Houston ou Chicago, acredito que tenhamos a possibilidade de traçar um quadro mais próximo da realidade do que exibem as manchetes sensacionalistas.
Mas nem sempre palavras e “experiência de campo” são suficientes para esclarecer os incrédulos, especialmente aqueles que adoram uma tragédia para causar pânico e desanimar as pessoas.
É preciso uma demonstração eloqüente de que a presença brasileira nos Estados Unidos é definitiva e crescerá, continuamente. A história de nossa comunidade, mesmo sendo muito recente, prova isso por A + B.
Já tivemos vários “bolsões de desistência”. Num deles, em 1999, a presença empresarial brasileira em Downtown Miami chegou quase que ao “marco zero”, com centenas de lojas e empresas que serviam à nossa comunidade, fechando as portas e arrumando as malas.
De lá para cá, o que aconteceu? A comunidade brasileiras cresceu 10 vezes, se espalhando por todas as regiões da Flórida e saindo do mero eixo das compras em Mia-mi e diversão em Orlando, para se tornar a terceira maior comunidade étnica dentro do estado, atrás apenas de cubanos e haitianos. As próprias autoridades do estado e dos con dados atestam esses fatos.
Agora estamos vivendo desde o final do mês de agosto, dia 17, quando aconteceu em Seattle o primeiro dos grandes eventos de celebração do Brasil, e até o final de setembro, avançando por outubro, uma seqüência espetacular de eventos lotados, com maciça presença de nossa comunidade. Já não é mais apenas o gigantesco “Brazilian Day em New York” que espelha nossa presença e nossa força. São dezenas de eventos. Estive pessoal-mente em vários deles. Uma emoção única estar no Brazilian Day em Salt Lake City, com mais de 5.000 participantes. Supresa positiva o evento brasileiro em Seattle, com mais de 7.000 participantes. E, mais recentemente, acabamos de chegar de Orlando, onde o primeiro Brazilian Day, organizado por Paulo Corrêa, atraiu mais de 2.000 participantes.
Isso sem falar nos mais de 3.000 inscritos (até a presente data), que transformaram o estreante evento “Talento Brasil” num fenômeno de aceitação em nossa comunidade.
Certamente, a economia segue cheia de problemas. Certamente, ainda veremos, ou ouviremos falar, de “gente que está voltando’. É um fluxo e contra-fluxo que fica mais intenso a depender o momento econômico que vivenciamos. Mas se havia necessidade de mostrar que a nossa comunidade está aí, bem viva e confiante no futuro de seu “sonho americano”, as provas estão aí, simples, claras e incontestáveis.