O suspense Traffik aborda o tema tráfico humano

Por JANA NASCIMENTO NAGASE

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[caption id="attachment_164915" align="alignleft" width="309"] Os atores Omar Epps e Paula Patton.[/caption] O suspense Traffik com a atriz Paula Patton entra em cartaz no dia 20 de abril. Escrito e dirigido pelo cineasta Deon Taylor, que nunca imaginou que faria um filme sobre o tráfico humano. Tudo isso mudou quando ele recebeu um e-mail da escola de sua filha adolescente que dizia para não deixar os filhos sozinhos e desacompanhados em shoppings e parques, pois o número de sequestros e desaparecimento de crianças, adolescentes e adultos, havia crescido nos últimos tempos na região central do estado da Califórnia. "Eu tive que ler várias vezes o email porque eu não tinha ideia que o tráfico humano era um problema aqui", lembra ele. "Eu estava mais preocupado com as armas e a violência, mas nunca li nada sobre tráfico humano, então fiquei muito surpreendido." Foi quando ele começou uma pesquisa intensa sobre o assunto e o que ele descobriu foi chocante e perturbador e comentou: “na minha vizinhança, havia pelo menos 50 meninas que foram sequestradas ao longo de três anos.” Então, Deon sabia que tinha que fazer algo e contar sobre este perigo crescente de alguma maneira. O cineasta e ex-jogador da NBA assistiu a vários documentários sobre o tema, mas não encontrou muita coisa do gênero. Por esse motivo, ele começou a escrever Traffik para informar a todos. Mesmo tendo feito filmes de suspense anteriormente, Deon nunca tinha tido a oportunidade de fazer algo baseado em fatos reais antes. Segundo Deon, durante as entrevistas no último sábado em Beverly Hills, as manchetes dos jornais o ajudaram na criação do roteiro: “as manchetes me guiaram para escrever um roteiro melhor.” O longa acompanha um casal, Brea e John, que vão para as montanhas para um final de semana romântico quando são abordados por uma gangue de motoqueiros. Sozinhos e isolados, eles precisam se defender dessa gangue que não mede esforços para proteger seus segredos. Brea, interpretada por Paula Patton, é uma jornalista investigativa, recém demitida, e John, papel de Omar Epps, um mecânico apaixonado por ela. No caminho para o belo refúgio, cenário perfeito para John pedir a mão de Brea, eles encontram estranhos motoqueiros racistas em uma parada na estrada, além da inesperada chegada de um casal de amigos, Darren e Malia, papel de Laz Alonso e Roselyn Snachez, respectivamente. Deon disse que Paula foi sempre a sua primeira opção para o papel da protagonista, mas foi difícil de convecê-la para o trabalho no início e comentou: "Eu tive que quase implorar para Paula entrar no projeto." E acrescentou, "Por que não vemos mais atrizes negras nos filmes? Argumentei com ela. Eu sei que as personagens são limitadas às vezes e a indústria não é projetado para as pessoas negras e marrons. Fui muita atrás dela até que ela enetendeu a ideia e o conceito e disse a mim: “vamos tirar tudo, a maquiagem e os sapatos." Então, ela não precisou de um dublê, ela fez sozinha, cada grito, cada momento, foi todo feito por ela." Para Paulo Patton, o que a atraiu foi a protagonista passar por momentos intensos e emocional. "Eu gosto de ficar ã vontade e correr pela floresta e deslizar na lama. Para mim, facilita o meu trabalho”, disse a atriz durante a entrevista. Assim com o diretor, o ator Omar Epps é pai também, acha que a proliferação do tráfico humano - um negócio global de US $ 32 bilhões, onde mulheres e garotas são compradas para o sexo - é algo alarmante e acrescenta: “antes de fazer esse filme, achava que tinha uma ideia do tráfico de pessoas. A maioria de nós neste país pensa nisso como algo distante e internacional. Fiquei impressionado ao descobrir que em Sacramento, na Califórnia, é um dos principais lugares aqui nos Estados Unidos. San Diego é outra cidade. O fato de estar be aqui embaixo de nossos narizes... é assustador. Então, não estamos apenas fazendo um filme, mas também estamos aqui para mostrar e falar sobre essa questão.” [caption id="attachment_164917" align="alignright" width="280"] O diretor Deon Taylor.[/caption] Paula Patton, que também produz o longa, discorda do rótulo tráfico humano. "É escravidão", ela insiste. “Não é escravidão-moderna, é escravidão nos dias atuais. Toda a mentira e a fachada só serve para confundir as pessoas. Se chamarmos do realmente é, todos ficarão mais envolvidos e entenderão melhor o problema.” Durante a entrevista, a atriz estava particularmente comovida com uma notícia de uma jovem mãe que foi sequestrada durante uma corrida matinal. “Os subúrbios parecem ser ideiais, mas sob as tábuas do assoalho há dezenas de mulheres e crianças em escravidão”, diz ela. “Essa mulher, essa mãe e esposa, foi encontrada meses depois na carroceria de um caminhão - como as personagens no filme - com muitas outras mulheres, magras, machucadas, sujas e eu pensei: 'isso pode acontecer com qualquer um'. Isso mostra que estamos todos vulneráveis.” Paula estava ansiosa para explorar a coragem da sua personagem e como ela faz para sobreviver e ajudar as outras mulheres ao longo de sua jornada. "Brea vê a importância da vida das pessoas ou até mesmo de sua própria vida", comenta ela. “É por isso que ela se tornou jornalista, porque quer fazer parte da mudança. No momento de vida ou morte, há algumas pessoas que cuidam de si mesmas e também há pessoas que cuidam das outras.”. O ator Omar Epps gostou da oportunidade de interpretar um homem vulnerável como é sua personagem John em Traffik: "Eu queria que John fosse um homem comum e que os homens se identificassem com ele. O engraçado foi explorar o relacionamento de John e Brea, onde ele era o mais vulnerável. Ele está certo que quer casar com ela, mas ela não tem certeza. Foi divertido explorar porque o amor deles era genuíno, e eles não tinham ideia do que estava por vir.” [caption id="attachment_164913" align="alignleft" width="408"] Os atores Laz Alonso e Roselyn Sanchez.[/caption] Paula comenta sobre essa relação, “o amor e a sexualidade deles estão em oposição a escravidão que está acontecendo. Existem pessoas boas e más. Quando você nasce, recebemos liberdade de escolher, algumas pessoas fazem alguns coisas ruins. Mas há bons homens como a personagem de Omar e isso significa estar em oposição a homens ruins. Então, não é um problema de gênero. É algo humano. Ou você é gentil ou não é.” Também no elenco está Laz Alonso, que interpreta Darren, amigo de John. Ele ficou muito feliz por ter tido novamente a oportunidade de trabalhar com Paula – eles fizeram juntos a comédia romântica Jump the Broom. “Foi muito legal! Existia uma dinâmica, especialmente quando estávamos filmando à noite. A tensão que nossas personagens tinham, nunca deixou o set de filmagens, e você pode ver na tela. Tivemos algumas noites tensas.” Contracenando com Paula, Laz e Omar, está a atriz porto-riquenha Roselyn Sanchez que precisou lidar com sua claustrofobia em uma cena em que ela e outras mulheres estão trancadas em uma caverna nas montanhas. “Deon me garantiu que eu poderia sair se precisasse”, lembra ela, “mas me ajudou muito estar lá para deixar a personagem mais emotiva e verdadeira. Eu estava de calça jeans, sapatos e um top rasgado, mas as outras atrizes estavam basicamente nuas, e estava muito frio. Quando eles diziam "corta", alguém vinha correndo e me dava um cobertor. Mas as mulheres que realmente são traficadas não têm esse luxo.” Segundo Laz, fazer esse filme o fez mais consciente do que acontece a sua volta onde quer que vá. "Quando você vai fazer uma caminhada ou um hiking sozinho, pode ter uma pessoa escondida atrás daqueles arbustos. Isso me fez ver as coisas de maneira diferente," observou o ator cubano-americano. "Você não pensa que tráfico humano está acontecendo aqui", acrescentou Roselyn, que tem dois filhos. “Então comecei a ler sobre isso. E nós estamos representando essas mulheres que foram e estão sendo traficadas.” O suspense Traffik entra em cartaz no dia 20 de abril.