Obama, Romney e Sandy - Editorial

Por Marisa Arruda Barbosa

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Na última semana, falamos aqui no editorial sobre nossa posição neutra nas eleições presidenciais que se aproximam, ao contrário da grande maioria dos jornais nos Estados Unidos. Depois disso, ficamos observando como os editoriais se pronunciam em todo o país.

Dos jornais da Flórida, o “The Miami Herald” declarou apoio ao presidente Barack Obama, assim como o “Tampa Bay Times”, um dos maiores jornais do estado. O “Sun Sentinel” e o “Orlando Sentinel” declaram-se a favor do republicano Mitt Romney.

No restante da Flórida, os jornais quase que refletem a posição do eleitorado nacional, de acordo com as pesquisas: ocorre quase um empate, 15 endossam Romney, enquanto 17 endossam Obama. Desse total, no entanto, quatro que apoiaram Obama no passado, passaram para o lado de Romney, insatisfeitos com a administração do atual presidente.

Nacionalmente, o jornal de maior circulação, “The Wall Street Journal”, geralmente não endossa nenhum candidato, assim como o “USA Today”. O “The New York Times”, terceiro com maior circulação, declarou-se a favor de Obama, assim como o “Los Angeles Times” e o “Washington Post”.

Esses dados são de acordo com um projeto da University of California Santa Barbara, chamado American Presidency Project, que monitora os 100 maiores jornais do país no apoio às eleições presidenciais. Enquanto muitos ainda não se declararam e não declaram seu apoio, até o momento do fechamento desta edição, 33 apoiavam Obama, contra 27 a favor do adversário, Mitt Romney.

Mas será que o apoio dos jornais realmente influencia nas eleições? Para os candidatos, sim. Suas campanhas usam esses editoriais em propagandas a favor do candidato. Mas para o eleitorado isso varia muito, de acordo com um levantamento feito pela NPR. Muitos dos que responderam, dizem que ainda preferem um posicionamento neutro da mídia. O empate nas eleições não está somente nos jornais, mas também entre o eleitorado de todo o país. Nesse exato momento, como se não fosse suficientemente tenso, chegou Sandy, acrescentando ainda mais suspense e incerteza.

Em primeiro lugar, Sandy causou estragos que poderão dificultar que eleitores votem nos postos determinados. Vários deles foram alagados e terão que ser recuperados ou alocados, em uma corrida contra o tempo, pois é bastante improvável que eleitores desses estados ganhem um novo prazo para registrar seu voto. A lei de 1845 permite que somente o Congresso mude a data das eleições.

Para muitos, Sandy, um furacão bem incomum, dada sua intensidade e época do ano, é o reflexo da mudança climática, algo que os candidatos mal discutiram nos três debates e receberam críticas por isso. Para Obama, Sandy pode servir como sua última prova para os indecisos, dependendo de como responde à situação de emergência. O presidente parou sua campanha para a situação de emergência, o que não deixa de ser uma forma de fazer campanha também.

Nessa edição, como a última antes das eleições, mostramos como alguns brasileiros, votando pela primeira vez ou não, entendem o funcionamento das cédulas eleitorais, tão diferentes das do Brasil, em matéria na página 23. Veja também o relato de uma brasileira que vive em Nova York, onde enfrentou o seu primeiro furacão, mesmo tendo vivido na Flórida por muitos anos, em matéria na página 24.