Uma brasileira que viveu na Flórida por 21 anos voltou de mudança para o Brasil, no ano passado. No entanto, em vez de sua mudança, enviada em seis caixas, o que a inspeção da Receita Federal encontrou foram obras de arte milionárias. As informações foram publicadas pelo “Fantástico”.
Entre as caixas, uma grande era identificada como uma “antena”. Quando agentes abriram a caixa, tratava-se de uma obra de arte que havia sito arrematada em um leilão pelo valor de $1 milhão de dólares, disse o inspetor-chefe da Receita Federal do Rio, Ricardo Lomba.
Iracema Gonçalves, uma manicure de 75 anos, é apenas uma entre as vítimas que foram usadas como “laranjas” da operação.
“Não sei o que aconteceu, que a companhia parece que botou coisas que não devia dentro da mudança”, conta ela, que ainda não recebeu a mudança.
No container que deveria ter a mudança dela estavam obras de Beatriz Milhazes, Daniel Senise, Cildo Meireles e Os Gêmeos. São artistas brasileiros que estão entre os mais valorizados por museus, galerias e casas de leilão internacionais.
Em outro container trazido pela mesma empresa de mudança, contratada por Dona Iracema, estava um trabalho do brasileiro Sergio Camargo, avaliado em quase $2 milhões de reais. Ao todo, a Receita apreendeu 18 obras nos dois contêineres. Somadas, elas valem R$10 milhões.
“Há empresas que estão utilizando brasileiros para fazer esse tipo de internação de mercadoria sem o pagamento dos impostos”, disse o inspetor-chefe.
Pela lei, quem morou fora do Brasil durante mais de um ano pode trazer mudança sem pagar imposto, desde que os bens sejam declarados à Receita e compatíveis com a renda do viajante.
Overseas Moving

Iracema disse que contratou uma empresa chamada “Overseas Moving”, por ser mais barata. Ela teria pago R$1.200 pela mudança, segundo sua entrevista ao programa. De acordo com o documento da junta comercial do estado da Flórida, a empresa foi aberta por Diogo Maltarollo, em setembro de 2011. A mesma empresa trouxe mais um container com obras de arte como de Sergio Camargo e do indiano Anish Kapoor. Segundo a Receita, esse container veio no nome de Rodrigo Maltarollo, irmão de Diogo.
A família Maltarollo mora nos Estados Unidos há pelo menos 20 anos.
Procurada pelo “Fantástico”, a mãe de Diogo e Rodrigo, Angela Maltarollo, negou que seu filho seja dono de uma transportadora. “Ele mora na Califórnia, não tem nada a ver com transportadora. Trabalha numa empresa, num restaurante que vende comida”, destaca a mãe, que é leiloeira no Rio.
Diogo foi procurado por jornalistas e disse que não é dono da transportadora, mas logo desligou o telefone. No entanto, seu perfil no site de rede social “Facebook” tem o site da empresa de mudança.
A ex-mulher de Diogo, Krístel Pérez, disse ao “Fantástico” que a “Overseas Moving” já não funciona mais, mas era de Diogo e fazia mudanças para o Brasil.
Investigação
A Receita Federal pediu ajuda à Polícia Federal e ao Ministério Público para investigar o caso. “Além da sonegação fiscal, nós temos uma possibilidade de talvez uma lavagem de dinheiro, mas isso ainda tá sendo investigado”, destaca Ricardo Lomba.