Obsecado por ser saudável? Você pode ser um ortoréxico

Por Gazeta Admininstrator

Os males da humanidade estão na alimentação. Sabemos que comer muito fast-food, ou refrigerante, ou muito açúcar, faz mal. Mas se você vai para o outro extremo, de ficar super preocupado com o tipo alimento que consome, você pode ser portador de um distúrbio chamado ortorexia nervosa, ainda pouco conhecido.

Os ortoréxicos acreditam que apenas as comidas naturais - muitos vegetais, cereais, ausência de carnes ou enlatados - fazem bem ao organismo. Embora já estejam comprovados os benefícios deste tipo de alimento, os ortoréxicos acabam prejudicando a si próprios por levarem a rigidez alimentar ao extremo.

Um caso publicado pela BBC News, do britânico Sam Monkhouse, de 21 anos, trouxe o assunto à tona novamente. Monkhouse é obsecado por comer alimentos saudáveis e fazer muitos exercícios físicos. Ele trabalha em uma fábrica na cidade inglesa de Portsmouth e conta que faz exercícios durante os intervalos que tem no trabalho.

“Eu treino duas vezes por dia, sete dias por semana. Na fábrica, durante meu horário de almoço, levanto pesos, faço abdominais e flexões”, diz ele. “Quando vou para casa, corro por 45 minutos e faço mais exercícios de alto impacto. Ao todo, devo gastar mais de duas horas diariamente me exercitando”.

O problema se inicia quando a preocupação com a alimentação e a boa saúde começam a tomar grande parte do dia destes indivíduos. Os ortoréxicos não medem esforços para comprar seus alimentos: percorrem longas distâncias e pagam valores muito superiores ao dos alimentos comuns.

Apesar de considerar ‘horrível’ o gosto de queijo cottage, Monkhouse diz que almoça o laticínio magro (feito com coalhada e com média de apenas 4% de gordura) diariamente.

“Em 90% do tempo, como apenas queijo cottage, iogurte natural, ovos e frango”.

Monkhouse diz que caso coma um hamburguer, algo que acontece muito raramente, ele sente que tem que queimar imediatamente o que comeu. “Sei que se transformará em gordura que não quero no meu corpo”, diz.

Alguns estudiosos do assunto acreditam que a ortorexia possa ser um desdobramento da anorexia, e já há outros que apontam diferenças importantes entre as duas doenças: enquanto na anorexia o problema está na quantidade de comida ingerida, na ortorexia a questão é a preocupação com o tipo de alimento escolhido.

A ortorexia pode acarretar graves prejuízos à saúde, caso o ortoréxico não substitua os alimentos que evita consumir por outros que lhe ofereçam o mesmo complemento nutricional. Entre as consequências negativas encontram-se quadros de anemia e carência vitamínica. Mas este distúrbio não acarreta apenas danos físicos. No campo social, ele acaba desencadeando uma retração e fazendo com que a pessoa restrinja seu rol de amizades a pessoas que se alimentem como ela. O isolamento social é um prejuízo às vezes mais difícil de reparar que os próprios danos físicos.

Antes de finalizar, cabe dizer que se alimentar à base de comidas saudáveis e naturais pode ser muito útil à saúde. Mas quando esta forma de alimentação torna-se uma obsessão, ela pode gerar prejuízos físicos e psíquicos. Neste caso, a consulta a um psicólogo ou psiquiatra se faz recomendada para impedir que o problema se agrave. Por fim vemos que o mal da humanidade não está na alimentação, mas na obsessão.

Cuidado com dietas

Especialistas do Centro Nacional para Distúrbios Alimentares britânico (NCFED na sigla inglesa) recebe mais de seis mil ligações e e-mails por ano de pessoas que sofrem de ortorexia. Eles se dizem preocupados que muitos jovens possam ser vítimas de dietas falsamente saudáveis recomendadas em revistas e internet.

“Nos meus 30 anos de experiência, calculo que uma em cada dez mulheres e um em cada 20 homens sofra de ortorexia”, diz a especialista do NCFED Deanne Jade ao BBC News.

“Não é apenas um desejo de comer de forma saudável, é algo que passa a dominar cada vez sua vida. Eu chamo a ortorexia de prima da anorexia. Pessoas com sinais de ortorexia podem desenvolver outras doenças e apresentar problemas de saúde graves no futuro”, diz ela.

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