Observando Estrelas

Por Silvana Mandelli

Estou muito relapsa nos meus escritos, talvez desmotivada pelo tanto de lixo que se escreve e se publica. Mas não posso me omitir e registrar o prazer e a alegria ( e isto não dá Ibope, porque só desgraça e briga dão) participei da noite de autógrafos do novo livro do jornalista Carlos Borges , que aconteceu na segunda-feira, dia 19 de agosto em Miami. O Carlos é uma pessoa que está em constante ebulição. Sua mente é uma fábrica de idéias que ele, com facilidade, passa para o papel. Carlos vive nos Estados Unidos desde o início da década de 1990 e, com muita habilidade, poderia dizer que “organizou” a comunidade brasileira, principalmente em dar visibilidade aos brasileiros imigrantes nas artes, cultura, ações de comunidade, jornalismo, publicidade para enumerar algumas. Foi o criador do concurso Miss Brasil USA, do International Brazilian Press Award, prêmio de reconhece os brasileiros que tiveram sucesso em várias áreas nos Estados Unidos e nos vários países que acontece ( sim, o Carlos não só criou o prêmio aqui, como o levou para vários países) e agora o Focus Brasil que consolidou as atividades entre as palestras sobre vários temas do interesse da comunidade imigrante e a premiação. Estou enumerando algumas das ações mais importantes criadas por ele, mas foram muitas. Numa delas me convidou pra fazer parte. Chamava-se Pink Freud e era uma temporada de bate papos entre quatro mulheres da comunidade brasileira ( Maria do Carmo Fulfaro, Laine Furtado Isabel Flores e eu) que sentadas num sofá pink, falamos de vários assuntos. Ela era o mediador. Os programas foram gravados e divulgados pela Internet. Foi muito divertido. Bom, voltando, Carlos é tão polivalente que não só cria, como pereniza a memória dos acontecimentos nos seus escritos. Deste vez o tema escolhido foi sua vivência com artistas em função do seu trabalho no Brasil e que depois teve continuidade aqui nos Estados Unidos. Aliás, quando conheci o Carlos logo tivemos uma afinidade. Da minha parte, admiro muito pessoas criativas e realizadoras. Entre as qualidades que mais admiro nele, nestes vinte anos de um conhecimento profissional que virou amizade, é a sua capacidade diplomática. Ele circula por todos os meios, sempre tendo uma palavra adequada para para situação, pessoa ou ação. Acho que isto se deve muito, como ele mesmo reconhece no seu livro, ao seu conhecimento das artes em si e sua cultura geral. Tudo isto fornece assunto para o small talk como se fala aqui nos Estados Unidos, facilitando os contatos. Ter esta diplomacia é fundamental para conseguir agradar patrocinadores, artistas, premiados , público e jornalistas . Não é fácil. Digo que não é fácil, porque eu me enquadrava no segmento patrocinador. Mas mesmo tendo que defender os interesses da minha empresa, tentava ter uma sensibilidade para o todo, para a essencia do prêmio e dos eventos, porque nunca foi uma equação fácil. As dificuldades de se realizar qualquer coisa já é difícil, imagina no exterior. O livro do Carlos é uma delícia e desde as primeiras páginas já compreendi melhor a afinidade que temos, que falei acima. Ele e eu temos quase a mesma idade, ou seja, os acontecimentos eram quase os mesmos, apesar de vivermos num país continental como o Brasil e estarmos em pontos completamente opostos, com culturas totalmente diferente. Ele na Bahia e eu no Rio Grande do Sul. Mas quando ele fala na música Alegria, Alegria do Caetano Veloso diminui qualquer distância ou diferença. Eu amava assistir os Festivais de Música que aconteceram na década de 1970 e sou fissurada por esta música. Diferentemente do Carlos, não tenho tanta diplomacia, porque passei a não admirar mais o Caetano Veloso nos últimos anos e não escondo. Apenas tento separar a música do autor e interprete. Ainda não terminei o livro, não porque não seja interessante, mas porque faço mil coisas ao mesmo tempo. Aliás livro este que está muito bem ilustrado pelo Duda Veronez. Carlos conta os bastidores, e estes são super interessantes em se tratanto de icones da arte brasileira. No livro tem relatos sobre Raul Seixas, Milton Nascimento, Caetano Valoso, Elis Regina, Chacrinha, Fafá de Belém entre outros. Super recomendo e obrigada ao Carlos por compartilhar conosco suas memórias.