Ódio contra migrantes e refugiados está se alastrando na Europa

Por Daniel Galvão

A tensão envolvendo refugiados em países da Europa vem aumentando e o ódio contra migrantes se alastrando. Esse é o alerta dado pela Agência para os Direitos Fundamentais (FRA, na sigla em inglês) esta semana, culminando num apelo para ações convergentes dos Estados-membros da União Europeia (UE).

Desde setembro do ano passado, a FRA está divulgando relatórios mensais sobre os direitos fundamentais das pessoas que chegam aos países membros da UE. No de novembro, a Agência para os Direitos Fundamentais analisa a situação em 14 Estados-membros (Portugal não faz parte da lista), nos quais detecta “hostilidade e tensão” contra migrantes e refugiados.

O documento aponta incidentes graves, violência, assédios, ameaças e discursos de ódio contra migrantes e refugiados. Os principais autores são “justiceiros e público em geral”. Os muçulmanos, e especialmente as mulheres muçulmanas, são os alvos preferenciais, de acordo com a entidade.

Por outro lado, os migrantes e refugiados, segundo o relatório, “raramente reportam crimes de ódio às autoridades ou outras organizações”. Entre as razões para isso estão “a falta de confiança na polícia e nas autoridades”, “o medo de retaliação e de serem presos ou deportados”, “a crença de que nada mudará” e “as barreiras linguísticas”.

Jornalistas, ativistas de direitos humanos,e políticos considerados “amigos dos refugiados” também são alvos comuns. As respostas estatais aos crimes de ódio contra refugiados e migrantes são consideradas frágeis pelas sociedades civis de muitos Estados-membros. A FRA observa ainda que os serviços de apoio a vítimas raramente têm em conta as necessidades daquelas populações.