Oficiais de Broward dizem estar mais difícil defender indocumentados

Por Gazeta News

[caption id="attachment_82352" align="alignleft" width="300"] Imigrantes relataram o medo e a exploração que sofrem. Foto: Glorida Immigrant Coaltion.[/caption]

Cerca de 100 pessoas, incluindo vários funcionários do condado de Broward, ouviram atentamente alguns imigrantes que já foram indocumentados durante um fórum sobre imigração na biblioteca de Fort Lauderdale, em Sunrise Boulevard, na noite da última quarta-feira, 23.

O brasileiro Bruno Torquato foi um dos oito imigrantes que compartilharam relatos de como a falta de status legal os deixou vulneráveis ??à vitimização criminal e à exploração legal. “Quando criança, se eu ouvia algum barulho em casa à noite e meus pais estavam trabalhando, eu tinha que correr para os vizinhos. Eu não podia ligar para alguém, eu não podia chamar a polícia. Temíamos, constantemente, ser deportados. Ficávamos longe da polícia”, relatou.

Bruno, hoje com 32 anos, é residente permanente legal e se considera muito mais sortudo do que muitas das crianças indocumentadas com as quais convivia e que foram deportadas.

Outro imigrante não teve a mesma sorte de Bruno. Alex Salgado, 25, técnico de dieta que nasceu em Honduras, está para ser deportado. O caso dele envolve uma mãe solteira que "trabalha em empregos que a maioria dos americanos negligencia, com salário que a maioria das pessoas consideraria ofensivo, para criar a família nos Estados Unidos”, relatou. A mãe acabou conseguindo uma permissão de imigração temporária que lhes permitiu ficar legalmente nos Estados Unidos por anos e obter um diploma universitário, mas agora, como o governo federal tem dado sinais de que pretende acabar com o programa de imigração conhecido como “status protegido temporariamente”, enviará Alex de volta para Honduras - um país que ele deixou aos três anos, com uma das taxas de homicídio mais altas do mundo. "Perseguir-nos não tornará este país ótimo", disse ele, suplicantemente. "Não vai melhorar sua vida de maneira alguma", desabafou.

Para os imigrantes, viver como indocumentado no país é ser vítima de todos, de proprietários exploradores a famílias que contratam como ajudante doméstico, mas não pagam e exploram sob ameaça de denunciá-los às autoridades.

Michelle Bart, cujos pais ilegalmente a trouxeram para os Estados Unidos de Trinidad, quando tinha 5 anos, disse que nem sabia que era imigrante indocumentada até que sua mãe morreu aos 16 anos e os amigos da família lhe contaram a história. Michelle relatou que conseguiu ganhar permissão de imigração temporária, mas por causa de perda de emprego e diagnóstico de câncer. “Sem isso eu não teria conseguido”.

A imigrante salienta que o medo que os indocumentados sentem, os impedem também de ajudar a sociedade e até a polícia. “O medo profundamente arraigado da polícia entre os imigrantes indocumentados os deixa inseguros até para servirem como testemunhas de crimes. Quando algum crime acontecer, você vai querer uma testemunha, você vai querer que as pessoas falem”, ressaltou.

Ao final dos depoimentos, os oficiais do condado de Broward demonstraram simpatia pela situação dos imigrantes. "As pessoas que se sentaram aqui hoje me impressionaram com a coragem e mexeram com meu coração como nunca antes. A América precisa deles,“ disse o defensor público de Broward, Howard Finkelstein.

Leis de Broward não prevalecem

Porém, apesar de simpatizarem com a realidade dos indocumentados, a maioria dos oficiais disse não poder fazer muita coisa a favor, uma vez que a política de imigração é estabelecida pelo governo federal e a maioria dos estatutos criminais - que muitas vezes pega os imigrantes indocumentados no sistema legal, quando são descobertos pelas autoridades federais - são escritos pelos legisladores estaduais e não pelos oficiais do condado.

"As leis do estado não caminham para o mesmo lado do Condado de Broward", disse Ron Gunzburger, conselheiro geral do Escritório do xerife de Broward.

Também na quarta-feira, 26, o procurador-geral Jeff Sessions esteve em Miami para fazer uma advertência às autoridades sobre os perigos dos "estrangeiros criminosos" e elogiou o prefeito do condado de Miami-Dade por ser o único líder da grande cidade a abandonar as proteções de “cidades-santuário" e deter os indocumentados locais para oficiais de imigração federais.

Com informações do Miami Herald.