OMS suspende testes com cloroquina e hidroxicloroquina contra a Covid-19

Por Arlaine Castro

Chloroquine-hydroxychloroquine United Press International
A Organização Mundial de Saúde (OMS) suspendeu nesta segunda-feira, 25, o uso da cloroquina e da hidroxicloroquina em pesquisas que ela coordenava com cientistas de 100 países. A suspensão temporária foi tomada até que a segurança da droga seja reavaliada, já que estudos recentes mostraram que ela não é eficaz contra a Covid-19 e pode aumentar a taxa de mortalidade. Tedros Ghebreyesus, diretor-geral da OMS, anunciou a suspensão dos testes dizendo que a decisão foi tomada depois que a revista The Lancet publicou um estudo sobre os riscos do remédio. Segundo Tedros, a "pausa" nas pesquisas será adotada até que a questão da segurança do remédio seja avaliada em detalhe. A pesquisa com 96 mil pacientes publicada na revista científica diz que o uso desse medicamento pode estar relacionado a um aumento no risco de morte por problemas cardíacos, como arritmia. A OMS insistia que não tinha evidências científicas do resultado positivo da hidroxicloroquina. Mas decidiu incluir o remédio nas pesquisas que estava conduzindo em cerca de 400 hospitais pelo mundo. Diante da constatação da revista de que o remédio pode representar um risco, a decisão foi a de suspender por enquanto a continuação dos testes. "Os autores reportaram que, entre pacientes com Covid-19 usando a droga, sozinha ou com um macrolídeo [classe de antibióticos da qual a azitromicina faz parte], estimaram uma maior taxa de mortalidade", afirmou Tedros. Soumya Swaminathan, cientista-chefe da OMS, explicou que, diante da incerteza, a opção da OMS foi pela "cautela" e suspendeu temporariamente os testes. "Queremos usar o remédio. Mas se for seguro", disse. Segundo ela, o resultado da revisão deve ser anunciado em uma ou duas semanas. Ela apontou como agências reguladoras de diferentes países alertaram sobre os riscos, enquanto pesquisadores ligados à OMS também questionaram a continuação dos testes. Além da hidroxicloroquina, estão sendo testados tratamentos como remdesivir, lopinavir e ritonavir. Michael Ryan, diretor de operações de emergência da OMS, indicou que não identificou problemas com o uso do remédio nos testes. "Apenas estamos agindo com abundância de cautela antes de continuar testes", explicou. De acordo com a agência, o uso do remédio contra a malária continua sendo autorizada. A OMS diz que estão mantidos os demais testes dentro da iniciativa internacional batizada de Solidariedade. Além dos dois medicamentos agora vetados, os pesquisadores ainda avaliam em pacientes o resultados de três tipos de antivirais e de um remédio usado para tratar esclerose múltipla. No Brasil Na quarta-feira passada, 20, o Ministério da Saúde no Brasil divulgou um protocolo para aplicação da cloroquina e hidroxicloroquina em pacientes em todos os casos, inclusive os com sintomas leves, para tratar do novo coronavírus. O protocolo, que sugere a combinação dos dois medicamentos com azitromicina, é uma orientação para a rede pública de saúde. O protocolo, segundo o colunista Diogo Schelp, ampara-se em um parecer do Conselho Federal de Medicina (CFM), que reconhece a ausência de evidências de sua eficácia e admite que a Sociedade Americana de Doenças Infecciosas só recomenda o uso desses remédios em ensaios clínicos, ou seja, para fins de pesquisa. Com informações da Reuters e Uol.