Ondas de calor estão cada vez mais fortes pelo mundo

Por Arlaine Castro

O verão no hemisfério norte chegou com tudo. Literalmente com toda a força dos raios solares. As temperaturas começaram a subir e a Europa pode apresentar sensação térmica de mais de 40ºC. Na França já se fala de uma situação “potencialmente perigosa”. Por aqui na Flórida, os termômetros já chegaram a 43ºC (111°F) na região central. O sul passou de 41ºC (107°F). Mas por que tem feito cada vez mais calor? Tem a ver com a mudança climática? Sem a mudança climática causada pela atividade humana, as ondas de calor simultâneas não teriam atingido uma área tão grande quanto no verão passado. Esta é a conclusão dos pesquisadores do ETH Zurich com base em dados observacionais e de modelo na reportagem de Peter Rüegg, publicada por Phys.org “Pesquisa associa as ondas de calor simultâneas às mudanças climáticas antropogênicas”. De acordo com o estudo, um dos mais melhores e mais recentes sobre o tema, “muitas pessoas se lembrarão do verão passado – não apenas na Suíça, mas também em grandes partes do resto da Europa, assim como na América do Norte e na Ásia. Múltiplos lugares ao redor do mundo experimentaram calor tão severo que pessoas morreram de insolação, geração de energia teve que ser reduzida, trilhos e estradas começaram a derreter, e as florestas pegaram fogo. O que realmente preocupa nessa onda de calor foi que ela afetou não apenas uma área, como a região do Mediterrâneo, mas várias entre as zonas temperadas e o Ártico ao mesmo tempo”. Assim, os pesquisadores da ETH concluíram que a única explicação de por que o calor afetou tantas áreas ao longo de vários meses é a mudança climática antropogênica. Estas são as conclusões do recente estudo que a pesquisadora climática da ETH, Martha Vogel, apresentou no dia 11 de abril na conferência de imprensa da União Europeia de Geociências, em Viena. No estudo, Vogel, membro da equipe da professora ETH Sonia Seneviratne, examinou as áreas do hemisfério norte ao norte da 30ª latitude que sofreram calor extremo simultaneamente de maio a julho de 2018. Ela e seus colegas pesquisadores concentraram-se em regiões agrícolas e áreas densamente povoadas. Além disso, eles analisaram como as ondas de calor de larga escala devem mudar como consequência do aquecimento global. Aumento maciço nas áreas afetadas pelo calor intenso Uma avaliação dos dados do verão quente do ano passado revela que, em um dia médio de maio a julho, 22% das terras agrícolas e áreas povoadas no Hemisfério Norte foram atingidas simultaneamente por temperaturas extremamente altas. A onda de calor afetou pelo menos 17 países, do Canadá e dos Estados Unidos à Rússia, Japão e Coreia do Sul. “Sem a mudança climática que pode ser explicada pela atividade humana, não teríamos uma área tão grande sendo afetada simultaneamente pelo calor como tivemos em 2018”, diz Vogel, que está alarmada com a perspectiva de calor extremo atingindo uma área tão grande quanto em 2018 a cada ano se as temperaturas globais subirem 2 graus: “Se no futuro mais e mais regiões agrícolas e áreas densamente povoadas forem afetadas por ondas de calor simultâneas, terão consequências graves”. Fonte: Reportagem de Peter Rüegg, publicada por Phys.org, e reproduzida por EcoDebate em 11 de abril de 2019. Tradução e edição de Henrique Cortez.