ONU aprova resolução inédita contra Cuba

Por Gazeta Admininstrator

Pressionada por Estados Unidos e União Européia (UE), a Comissão de Direitos Humanos das Nações Unidas aprovou resolução inédita contra Cuba. Vários países da América Latina deram respaldo à decisão, que pede vigilância acirrada sobre as liberdades fundamentais na ilha.

Esta é a primeira vez em que uma resolução desse gênero apresentada pelos EUA é aprovada. Foram 21 votos a favor, 17 contra e 12 abstenções.

O texto, que faz referência às resoluções adotadas desde 1988 e condena a situação de direitos humanos em Cuba, recebeu os votos favoráveis de Alemanha, Arábia Saudita, Armênia, Austrália, Canadá, Coréia do Sul, Costa Rica, Estados Unidos, Finlândia, França, Guatemala, Honduras, Hungria, Irlanda, Itália, Japão, Holanda, México, Reino Unido, Romênia e Ucrânia.

Votaram contra China, Congo, Cuba, Egito, Eritréia, Etiópia, Guiné, Índia, Indonésia, Quênia, Malásia, Nigéria, Qatar, Rússia, África do Sul, Sudão e Zimbábue. Outros 15 países se abstiveram: Argentina, Brasil, Burkina Fasso, Butão, Equador, Gabão, Mauritânia, Nepal, Paquistão, Paraguai, Peru, República Dominicana, Sri Lanka, Suazilândia e Togo.

A resolução aprovada nesta quinta-feira também renova o mandato da relatora especial para Cuba do Alto Comissariado para os Direitos Humanos, Christine Chanet, a quem as autoridades cubanas impediram de entrar na ilha para que elaborasse seu informe.

"Apresentamos a resolução porque Cuba não coopera, não permitiu a visita da relatora da ONU e porque a situação no país não sofreu melhora", afirmou Lino Piedra, da delegação dos EUA, acrescentando que o governo cubano também fracassou em adotar medidas que garantam os direitos humanos de seu próprio povo.

Os EUA também acusaram a ilha de ter uma das rendas per capita mais baixas de todo o mundo: US$ 15 por mês --em 1959 o país tinha uma das rendas mais altas da América Latina. A delegação americana disse ainda que Cuba vive em estado permanente de repressão, totalitarismo, privando os cubanos de expressar suas objeções sob pena de passar vários anos em uma prisão.

Resposta

O representante cubano na ONU, Juan Antonio Fernández, rechaçou as acusações e chamou a resolução de "papel ridículo". "O império teve de tirar a máscara, e neste ano não encontrou ninguém que fizesse o trabalho sujo", disse Fernández. Ele também acusou a UE de ser cúmplice de Washington.

Fernández afirmou que os EUA não têm a mínima condição moral de falar de Cuba ou de qualquer outro país, e chamou o governo americano de "grupo fascista que aterroriza o mundo".

A última vez em que Washington apresentou diretamente uma resolução contra Cuba foi em 1998, quando a proposta foi rechaçada pela maioria.