ONU: Brasil deve se dedicar mais a prevenir Aids

Por Gazeta Admininstrator

Mais de 40 milhões de pessoas têm o vírus da Aids em todo o mundo
O Brasil continua na vanguarda mundial na questão do tratamento aos doentes de Aids, mas precisa dedicar mais atenção à questão da prevenção. A avaliação é do relatório anual sobre HIV e Aids da Organização Mundial da Saúde e do Unaids (o Programa das Nações Unidas para a Aids), divulgado nesta segunda-feira.
De acordo com o documento, houve um aumento no índice de contaminação provocada por relações sexuais sem proteção entre homossexuais do sexo masculino.

Por outro lado, o relatório do Unaids diz que houve uma queda no índice de contaminação entre usuários de drogas injetáveis, graças principalmente aos chamados programas de redução de danos, que distribuem seringas descartáveis para os usuários de drogas.

O número de adultos e crianças contaminados pelo vírus HIV na América Latina cresceu cerca de 12,5% entre 2003 e 2005, de 1,6 milhão para 1,8 milhão, segundo o relatório. Cerca de um terço dos HIV-positivos da região vive no Brasil.

O aumento no número de casos na América Latina é atribuído à falta de proteção nas relações sexuais, principalmente entre homossexuais masculinos. De acordo com o relatório, este grupo responde por 25% a 35% dos casos de Aids em países como Argentina, Bolívia, Brasil, Guatemala e Peru.

Hábitos sexuais

Para o Unaids, as mudanças nos hábitos sexuais dos brasileiros, com jovens iniciando-se sexualmente cada vez mais cedo, pode trazer riscos de alastramento da epidemia.

Isso porque apesar de 36% dos jovens entre 15 e 24 anos terem tido sua primeira relação sexual antes dos 15 (contra 21% das pessoas entre 25 e 39 anos), apenas 62% sabiam dizer como o HIV é transmitido.

Além disso, somente 60% dos pesquisados disseram ter usado preservativo em sua primeira relação sexual – apesar de baixo, o índice representa um aumento considerável desde 1986, quando apenas 10% dos brasileiros diziam ter usado preservativo em sua iniciação sexual.

O relatório do Unaids destaca ainda o sucesso no controle da transmissão do HIV entre usuários de drogas injetáveis no país. Para a organização, este sucesso pode ser atribuído aos programas de redução de danos, que distribuem seringas entre os dependentes.

Seringas esterilizadas

De acordo com o documento, os dados oficiais mostram que três quartos dos cerca de 200 mil usuários de drogas injetáveis no Brasil usam hoje somente seringas esterilizadas.

Apesar disso, o relatório afirma que os usuários de drogas injetáveis ainda representam uma importante parcela das pessoas contaminadas com o vírus HIV. Em algumas regiões do Brasil, este grupo responderia por ao menos metade dos casos de Aids.

O programa brasileiro de distribuição de coquetéis de drogas anti-Aids no sistema público de saúde voltou a ser elogiado pela ONU.

Segundo a organização, o acesso aos coquetéis de drogas anti-retrovirais aumentou consideravelmente em toda a América Latina, mas o caso do Brasil continua único, garantindo acesso universalizado aos coquetéis mesmo para os doentes com infecção em estágio avançado.

Em setembro deste ano, 170 mil pessoas estavam recebendo gratuitamente esses remédios no Brasil.

Aumento global

Globalmente, o número de pessoas infectadas pelo vírus da Aids chegou a 40 milhões neste ano, segundo o Unaids. Este número é o dobro do registrado há uma década.

Desde o aparecimento dos primeiros casos de Aids, no início da década de 1980, mais de 25 milhões de pessoas já morreram em todo o mundo em conseqüência da doença.

A África subsaariana permanece como a região mais atingida pela epidemia de Aids, com 25 milhões de pessoas HIV-positivas. Apesar disso, o relatório indica que em países como Quênia, Uganda e Zimbábue o número de novas infecções parece estar caindo.

Em Moçambique e Suazilândia, por outro lado, há indicações de uma piora no índice de contaminações.

O documento chama a atenção também para o caso do Leste Europeu, onde o número de pessoas infectadas pelo vírus HIV aumentou em um quarto desde 2003.

O relatório indica que o controle da epidemia depende de mais prevenção, mais educação e uma maior capacidade para a realização de testes.