ONU pede que Brasil priorize avaliação de segurança de barragens

Por Gazeta News

barragem brumadinho foto Adriano Machado Reuters
Relatores de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) pediram nesta quarta-feira, 30, que o governo brasileiro priorize avaliações de segurança de barragens existentes no país para evitar uma nova tragédia, como a de Brumadinho, na região metropolitana de Belo Horizonte (MG). O rompimento da barragem de rejeitos da Vale no Córrego do Feijão ocorreu na sexta-feira, 25, e deixou 84 mortos e 274 desaparecidos, segundo números divulgados até o início desta quarta-feira,30. O mar de lama varreu a comunidade local e parte do centro administrativo e do refeitório da mineradora. Entre as vítimas, estão moradores e funcionários da mineradora. A vegetação e rios foram atingidos. “Conclamamos o governo brasileiro a priorizar as avaliações de segurança das barragens existentes e a retificar os processos atuais de licenciamento e inspeção de segurança para evitar a recorrência desse trágico incidente", dizem os relatores em comunicado. O Relator Especial da ONU sobre Toxicidades, Baskut Tuncak, fez um apelo específico para "uma investigação transparente, imparcial, rápida e competente" sobre a toxicidade dos resíduos. Os especialistas ainda pedem que a Vale atue "de acordo com sua responsabilidade para identificar, prevenir e mitigar impactos adversos nos direitos humanos"; coopere com as investigações e na remediação de danos. Mortes passam de 50 e ajuda israelense para resgate chega a Minas Gerais Os relatores também afirmam que o Brasil não deve autorizar novas barragens sem que sua segurança seja atestada: "Além disso, conclamamos o governo a não autorizar nenhuma nova barragem de rejeitos nem permitir qualquer atividade que possa afetar a integridade das barragens existentes, até que a segurança esteja garantida”. Nesta quarta, o ministro do Desenvolvimento Regional, Gustavo Canuto, recomendou adoção de medidas necessárias à imediata fiscalização de todas as barragens classificadas como "risco alto" ou com "dano potencial associado alto". No Brasil, 3.387 barragens são enquadradas nessas duas categorias, de acordo com a Agência Nacional das Águas (ANA). Em comunicado, os relatores afirmam que "incitam" o governo brasileiro a "fazer tudo o que estiver ao seu alcance" para evitar novos episódios do tipo e "levar à justiça os responsáveis pelo desastre”. O governo está investigando o caso. Cinco pessoas foram presas na manhã de terça, 29, suspeitas de responsabilidade na tragédia. Os investigadores do Ministério Público e da polícia apuram se documentos técnicos, feitos por empresas contratadas pela Vale e que atestavam a segurança da barragem que se rompeu, foram, de alguma maneira, fraudados. “A tragédia exige responsabilização e põe em questão medidas preventivas adotadas após o desastre da Samarco em Minas Gerais há apenas três anos, quando uma inundação catastrófica de resíduos de mineração próximo a Mariana matou 19 pessoas e afetou a vida de milhões”, disseram os especialistas. Ainda na terça, o presidente da Vale, Fabio Schvartsman, anunciou que irá fazer o descomissionamento das barragens com o método de alteamento a montante, como o das barragens que se rompeu em Mariana e Brumadinho.Na prática, isso quer dizer que a empresa pretende "acabar" com as barragens desse tipo. Com informações do G1.