Operações do ICE deixam imigrantes se sentindo vulneráveis

Por Gazeta News

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Agentes federais de imigração prenderam 121 imigrantes no último fim de semana, confirmou o secretário do Homeland Security, Jeh Johnson, no dia 4. Isso inicia uma onda de remoções de pais e filhos, a maioria da América Central, que vieram para os Estados Unidos com uma onda de imigrantes que atravessaram a fronteira ilegalmente fugindo da violência em 2014, mas que não se qualificaram para asilo.

A maioria das prisões foi na Geórgia, Texas e North Carolina, disseram oficiais, e foram de imigrantes que perderam seus casos e receberam a ordem de deportação de um juiz. As deportações são parte de uma operação nacional na tentativa de alcançar um número maior de deportações de pais que atravessaram a fronteira ilegalmente com seus filhos, disse Johnson.

Oficiais da administração Obama disseram que estão tentando diminuir um novo influxo de pessoas atravessando ilegalmente a fronteira sul do Texas, geralmente fugindo da violência de gangues em El Salvador, Honduras e Guatemala. A administração quer enviar para a região a mensagem de que muitos imigrantes atravessando ilegalmente, até mães com filhos, serão mandados de volta para casa.

“Nossa fronteira não está aberta à imigração ilegal”, disse Johnson.

Os detidos - de um grupo que inclui famílias inteiras - “foram transferidos a albergues temporários do Serviço de Imigração e Alfândega para receberem documentos de viagem e, posteriormente, serem colocados em voos de retorno a seus países de origem”, afirmou Johnson em uma nota oficial. Johnson disse ainda que as operações “continuarão sendo realizadas na medida em que se considere apropriado”.

Essas pessoas estão “em processo de repatriação”, acrescentou o alto funcionário, que disse ainda que as operações não deveriam ser surpresa, já que desde o último verão, indocumentados da América Central estão sendo deportados em maior velocidade, em uma média de 14 voos por semana.

Oficiais disseram que deram as ordens de deportação depois de revisar os resultados das cortes de imigração, nas quais muitas famílias da América Central que vieram em 2014 tiveram seus casos fechados. De acordo com números das cortes, até dia 24 de novembro, juízes haviam decidido 905 casos de pais com seus filhos que foram pegos na fronteira sudoeste do país e presos em um centro de detenção especial para famílias.

Nesses casos, 80% (ou 726 casos) terminaram com ordem de deportação. Em 67% desses casos de deportação, juízes deram as ordens porque os imigrantes não compareceram à audiência. Em apenas 156 casos migrantes tiveram a permissão de ficar nos EUA.

Críticas As deportações estão provocando fortes reações de grupos de proteção a latinos e imigrantes. Ali Noorami, diretor do National Immigration Forum, disse que as deportações não eram seguras e nem sustentáveis.

Alguns críticos chegaram a comparar o presidente Obama com o pré-candidato republicano Donald Trump e advertiram que as deportações poderão ser o legado do presidente quando deixar o cargo.

O deputado Luis Gutiérrez (D-Illinois) exigiu que a administração pare com as batidas. O senador Robert Menendez, de New Jersey, também criticou a administração. “Eu me preocupo com os efeitos que essas batidas terão sobre as comunidades imigrantes que ficarão apavoradas em contatar autoridades para denunciar crimes e ficarão ainda mais nas sombras. Conforme temos mais detalhes dessas operações, não vamos deixar de prestar atenção nos gastos públicos para deportar mulheres e crianças e imigrantes não violentos”.

Frank Sharry, diretor-executivo do America’s Voice, disse que essas operações seriam algo que “esperaríamos de um presidente Trump. Quando isso aconteceu na administração Bush, o então candidato Obama denunciou. O fato de isso estar acontecendo durante a administração Obama é repugnante”.

Conforme agentes de imigração realizam as operações que têm como alvo imigrantes da América Central que não cumpriram com a ordem de deportação, consulados, ativistas e advogados estão aconselhando imigrantes sobre seus direitos.

 Embaixada de El Salvador em Washington, D.C. criou uma linha de telefone especial para seus cidadãos, enquanto os governos de El Salvador e da Guatemala advertem que pessoas não abram a porta para estranhos e que consultem um advogado.

“Todos estão preocupados, mesmo quem não é alvo”, disse o advogado de New York, Bryan Johnson, cujo escritório recebeu mais de 200 ligações de imigrantes preocupados com as operações. “Eles perguntam se devem se preocupar. Até pessoas com green cards estão com medo”, disse ele.

“Os relatórios iniciais informam que o objetivo está voltado a famílias de países centro-americanos como a Guatemala, Nicarágua e Honduras, e provavelmente isso é resultado da onda de travessias de famílias e menores vindos dessa região nos últimos dois anos”, explicou a advogada brasileira de imigração, Renata Castro.

“Isso não significa que cidadãos de outros países não estejam vulneráveis a essas batidas. O ICE tem jurisdição para deter pessoas que se encontrem em situação irregular nos EUA, independente de histórico criminal. Esse é um momento crítico para as comunidades imigrantes, que devem se unir para proteger os que estão em situação mais vulnerável.

Além disso, é importante consultar um advogado licenciado, para ter conhecimento dos direitos e de como se portar durante uma batida da imigração”.

[caption id="attachment_103676" align="alignright" width="341"] Rosa Vargas Morales e seus dois filhos menores foram presos na madrugada de sábado em casa.deportação de um juiz.[/caption]

Na Geórgia, mãe é presa com os dois filhos

Agentes federais de imigração prenderam uma mãe com os dois filhos no condado de Gwinnett, na Geórgia, em uma série de batidas no fim de semana.

A filha mais velha assistiu horrorizada quando agentes entraram em sua casa na madrugada de sábado, 30, levando sua mãe, o irmão e a irmã mais nova. Junnedy Mijangos disse a um jornal local que os agentes não a levaram porque ela tem um bebê recém-nascido.

Rosa Vargas Morales e seus filhos fugiram da Guatemala e entraram ilegalmente nos EUA em 2014 e fazem parte dos 121 imigrantes indocumentados que foram presos no último fim de semana e colocados em processo de deportação.

Eles foram levados a um centro de detenção no sul do Texas. “Meu Deus, isso é inacreditável porque você nunca pensaria que crianças e mães solteiras seriam envolvidas”, disse a advogada de imigração, Shirley Zambrano.

A advogada disse que está trabalhando em uma medida emergencial para Morales e seus filhos.

Ativistas aconselham imigrantes

Desde que informações dessas batidas nacionais de imigração vazaram no fim de dezembro, organizações aconselharam pessoas a denunciarem qualquer deportação e ofereceram aconselhamento sobre as medidas que imigrantes poderiam tomar caso fossem presos.  Entre as medidas, ativistas relembraram que indocumentados não devem abrir a porta de suas casas ao menos que agentes mostrem uma ordem assinada por um juiz.

Caso o imigrante seja preso, deve pedir para falar com o advogado e que autoridades notifiquem o consulado de seu país. Fonte: New York Times/ Univision/ Politico.