Opinião: Novela interminável

Por Daniel Galvão

A prisão, esta semana, do ex-ministro da Fazenda e ex-chefe da Casa Civil nos governos Dilma e Lula, Antonio Palocci, é mais um capítulo da melancólica e interminável novela petista transmitida pela Polícia Federal no Brasil. Entretanto, o mais terrível é que, nessa trama toda, os vilões são políticos que deveriam proteger a população.

A cada nova manchete, a certeza é a mesma: uma quadrilha governou o país anos a fio. Mergulhado numa de suas piores crises econômicas, o país parece patinar, enquanto tenta se equilibrar num piso escorregadio de desemprego, violência desenfreada, retração da atividade industrial e pessimismo.

Às vésperas da eleição que menos teve engajamento social em toda a história da democracia brasileira, a classe política pisa em ovos: mede palavras em discursos, age com cautela quanto aos financiamentos de campanha e tenta reverter não mais os indecisos nas pesquisas, mas o que decidiram não votar mais em ninguém.

É o efeito colateral da corrupção. Contudo, o buraco ainda não chegou ao fim. Mais pedidos de prisões e gente investigada deve nortear a pauta das redações da mídia brasileira - um caos para a imagem combalida do que um dia foi o país do futuro e que hoje é apenas um rascunho de um passado histórico de exploração europeia.

Enquanto isso, nos Estados Unidos, a situação é diametralmente oposta. Numa das disputas mais acirradas da história, conforme mostram as pesquisas de intenções de votos até o momento, Hilary Clinton e Donald Trump duelam através de posicionamentos antagônicos e monopolizam as atenções dos americanos e do resto do mundo.

O primeiro debate entre os dois candidatos deu provas de que os Estados Unidos vivem uma democracia madura e contemporânea. Defesa, impostos e tensão racial foram alguns dos temas em que Trump e Clinton ratificaram os posicionamentos já conhecidos pelos eleitores ao longo da campanha.

Segundo pesquisa da CNN logo após o encontro, Hillary venceu o debate contra Donald para 62% das pessoas ouvidas. Os próximos embates estão marcados para os dias 9 e 19 de outubro.

Para a comunidade latina, especialmente, essas eleições ganharam enorme importância por conta das propostas de um e outro candidato quanto à situação dos imigrantes no país.

Para nós, brasileiros, entretanto, assistir uma disputa onde escândalos de corrupção, partidos suspeitos de usar dinheiro de caixa 2 em campanha e políticos que não estão sendo investigados, é incomum. É a prova de que ainda precisamos dar passos largos na direção do país que sonhamos.