Incêndios na Amazônia são alerta para crises ambientais no mundo, aponta ONU

"Não podemos arcar com mais danos a este precioso recurso natural, que abriga 33 milhões de pessoas — incluindo 420 comunidades indígenas", diz Inger Andersen, diretora-executiva da ONU Meio Ambiente.

Por POR Arlaine Castro

Arlaine

"Os incêndios em andamento na floresta amazônica são um alerta severo das crises ambientais enfrentadas pelo mundo — de clima, biodiversidade e poluição". A afirmação foi feita no dia 23 pela diretora-executiva da ONU Meio Ambiente, Inger Andersen. "Não podemos arcar com mais danos a este precioso recurso natural, que abriga 33 milhões de pessoas — incluindo 420 comunidades indígenas —, 40 mil espécies de plantas, 3 mil espécies de peixes de água doce e mais de 370 tipos de répteis", declarou.

A diretora-executiva da ONU Meio Ambiente lembrou ainda que a Amazônia, juntamente a outras grandes florestas, como as florestas tropicais da Bacia do Congo e da Indonésia, é uma defesa natural contra o aquecimento global devido à sua capacidade de mitigar e se adaptar às mudanças climáticas.

"Gerenciá-la de forma sustentável será um ponto crítico para reverter os danos já causados. Falhar na contenção dos danos terá graves impactos na saúde e nos meios de subsistência humanos, dizimando a rica biodiversidade e deixando o mundo mais exposto às crises climáticas e a ainda mais desastres."

A oficial declarou que a ONU Meio Ambiente está pronta para trabalhar com Estados-membros — incluindo o Brasil — na resposta "a esta crise atual e no apoio aos seus esforços para alcançar as metas ambiciosas do Acordo de Paris" para o clima.

"O Brasil tem uma longa tradição de ações para proteger a Amazônia e continuaremos a trabalhar com o governo e o povo do Brasil fornecendo ciência, ferramentas e avaliações para orientar políticas baseadas em evidências, convocando os Estados-membros a enfrentar desafios ambientais urgentes e advogando em nome da Amazônia e de outras florestas em todo o mundo."

"Na Cúpula de Ação Climática do Secretário-Geral, em setembro deste ano, nos uniremos aos Estados-membros, colegas da ONU, setor privado e sociedade civil para pedir por uma proteção mais forte para as florestas da Terra e para os defensores ambientais, que passam a vida trabalhando para salvar estes recursos."

"Instamos os Estados-membros a se unirem e tomarem as medidas necessárias para extinguir os incêndios em andamento, prevenir o início de incêndios futuros e proteger a Amazônia em benefício do Brasil e do mundo", concluiu.

De 1º de janeiro a 14 de agosto, 32.728 focos foram registrados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) no bioma. Uma das hipóteses para explicar a alta em 2019 seria uma estiagem intensa, como registrada em 2016. Mas ela não se confirmou: apesar da seca, há mais umidade na Amazônia hoje do que havia nos últimos três anos, segundo nota do IPAM (Instituto de Pesquisas Ambiental da Amazônia).

Um conjunto de organizações não- governamentais lançou nesta semana uma carta de defesa do Fundo Amazônia, que capta doações para investir em ações de prevenção, monitoramento e combate ao desmatamento na Amazônia, assim como o desenvolvimento de atividades que valorizem a floresta e seu uso sustentável.

"O fim do desmatamento na Amazônia passa pela consolidação dos assentamentos de reforma agrária. O aumento da renda dos produtores familiares acompanhado da regularização ambiental pode transformar os assentamentos de reforma agrária em vetores de preservação da floresta e prosperidade social", afirma o diretor do IPAM Osvaldo Stella, coordenador do projeto.

Criado em 2012, com apoio do Fundo Amazônia e da Fundação Viver Produzir e Preservar, o PAS tem o desafio de propor e implementar um modelo que contribua para o aumento da renda de produtores familiares e para a redução do desmatamento nos lotes de reforma agrária na região.

*Com informações do site das Nações Unidas Brasil.